A defesa da ex-presidente da República petista
impetrou ação no Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação do processo de
impeachment sofrido por ela, que ainda não foi julgado por essa Corte, tendo
arrolado como principal argumento conteúdo da delação premiada do operador
financeiro do PMDB, que se encontra preso.
Em vídeo divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, o mencionado operador teria afirmado que repassou
o valor de R$ 1 milhão para o ex-deputado e ex-presidente da Câmara dos
Deputados, para a "compra" de
votos a favor do impeachment da petista, em atendimento à mensagem recebida dele,
dias antes da votação no plenário, onde havia solicitação dos valores, para
aquela finalidade.
O operador disse, em depoimento ao Ministério
Público, que "Ele (o então
residente da Câmara) me pergunta se eu
tinha disponibilidade de dinheiro, que ele pudesse ter algum recurso disponível
para comprar algum voto ali favorável ao impeachment da Dilma. E eu falei que
ele podia contar com até R$ 1 milhão e que eu liquidaria isso para ele em duas
semanas no máximo".
O advogado da ex-presidente afirmou que, com a
delação premiada do operador, "ficou
demonstrado que o ex-deputado Eduardo Cunha comprou votos de parlamentares em
favor do impeachment. Entendemos que
na defesa da Constituição e do Estado Democrático de direito, o Poder
Judiciário não poderá deixar de se pronunciar a respeito, determinando a
anulação do impeachment de Dilma Rousseff, por notório desvio de poder e pela
ausência de qualquer prova de que tenha praticado crimes de responsabilidade".
O advogado disse ainda que o impeachment aconteceu
em razão de decisões ilegais e imorais tomadas pelo então ex-presidente da
Câmara e por todos os parlamentares que queriam evitar "a sangria da classe política brasileira".
Causa
enorme perplexidade a ex-presidente afastada acreditar piamente, agora, em
delação premiada, quando, antes disso, os petistas diziam que delatores eram
pessoas que falavam qualquer coisa para se beneficiar da diminuição de penas e,
segundo ela, "delação sem prova não
vale nada", evidentemente em se tratando de acusação contra o PT e
seus integrantes, onde as delações não tinham o menor valor jurídico, porque
seus autores queriam mesmo era se safar de punição.
Nessa
mesma linha de delação, os empresários da JBS disseram ao Ministério Público,
conforme gravação publicada na mídia, que um político simpatizante da petista
pediu dinheiro a eles para comprar votos contra o impeachment, mas esse fato,
altamente degradante e prejudicial aos interesses dela, possivelmente não deve
ter sido constado da ação em causa, justamente porque não interessa ao deslinde
da demanda, mas, em termos jurídicos, têm a mesma validade, apenas em sentido
oposto.
O
moral da história se resume em algo ridícula e injusto, porque a ex-presidente
se agarra em argumento que antes condenava, mesmo sem prova, que somente pode
ter validade quando se encaixa nas suas conveniências políticas, o qual, em
outras circunstâncias, já foi considerado absolutamente desprezível em relação
aos demais casos relacionados com o próprio partido e isso mostra a falta de
dignidade e de incoerência dos políticos tupiniquins, pelo visível ânimo de
oportunistas.
É
muito triste que haja tamanha e explícita parcialidade, a demonstrar que o
homem público é capaz de atropelar os sentimentos da razoabilidade e do bom
senso, na tentativa de conseguir o reconhecimento de algo sob argumentos que
nem acredita, como a delação que era julgada sem validade quando desacompanhada
de provas, mas, de repente, ela passa a ter vida para amparar interesse
pessoal.
A
propósito, enquanto o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos
petistas se manteve com a boca fechada, era considerado o gênio e o homem mais
inteligente do PT, mas, só foi ele dá com a boca nos dentes, imediatamente se
tornou, para o PT, criminoso, mentiroso, incompetente e sem caráter, eis o
verdadeiro sentimento da delação premiada para esse partido.
Em
princípio, à vista da finalidade precípua da delação premiada, imagina-se que
todas as delações sejam verdadeiras, considerando que ninguém vai ter coragem
de dizer algo que não possa provar, porque não faria sentido se fazer acusação
sobre algo, desprovida de prova e também sem o usufruto do benefício, uma vez que
este é a razão principal da colaboração à Justiça, mas como é da índole petista
nenhuma delação é verdadeira quando ela acusa seu partido, que é fonte de pureza
e virtude, tudo não passando de invencionice inaceitável, mas a regra passa a
ter exceção, ante o fator conveniência, como mostra a demanda em apreço.
Convém
que os brasileiros fiquem atentos aos políticos que não têm o menor pudor em
agir, na vida pública, por puro sentimento oportunista, ao considerar válido,
em termos jurídicos, algo que antes era desprezível, somente porque agora ele se
presta ao benefício de suas causas políticas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de outubro de 2017
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