segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A magnificência da missão

O juiz federal responsável pela Operação Lava-Jato disse que os trabalhos dessa importante e imprescindível operação, em Curitiba, estão perto do fim, tendo considerado, ao mesmo tempo, difícil se prever qual seja seu futuro pessoal, após a sua atuação nessa missão especial, a par de voltar a afastar, de forma enfática, a possibilidade de ser candidato à Presidência da República.
O magistrado declarou que “A operação Lava Jato em Curitiba está, possivelmente, chegando ao fim”, por ocasião de evento onde ele recebeu prêmio da Universidade Notre Dame, dos Estados Unidos da América, por sua atuação como juiz responsável pelos casos da Lava-Jato, em primeira instância, na capital paranaense.
Ele disse que “Ainda existem investigações relevantes em andamento, mas uma grande parte do trabalho já foi feito”.
O juiz afirmou que "Em Curitiba a investigação sempre foi sobre os contratos da Petrobras que geraram valores e as pessoas que pagavam (propinas). Grande parte já foi processada. As que recebiam e não tinham foro privilegiado, igualmente. Daí a minha afirmação de que acredito que está indo para o final, em Curitiba.".
O juiz chegou a reconhecer que está “um pouco cansado” por conta do grande volume de trabalho sob a sua jurisdição, mas afirmou, apesar disso, que não prevê, neste momento, a possibilidade de deixar o comando da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela Lava-Jato, por se achar que é juiz profissional, tendo afastado a possibilidade de migrar da magistratura para a política.
O magistrado ponderou que “Não existe nenhuma expectativa” sobre a possibilidade de buscar um cargo eletivo no ano que vem, tendo acrescentado, em garantia, que “Pesquisas que incluem o meu nome estão perdendo tempo, porque não vai acontecer. Isso é simples assim”.
A propósito, o juiz da Lava-Jato aparece em pesquisas de intenção de voto, para a corrida presidencial do ano que vem, como no levantamento do Datafolha divulgado recentemente, entre os candidatos que despontam na preferência dos eleitores, evidentemente em razão do seu excelente trabalho realizado em prol da moralização do país.
O magistrado lembrou que existem casos ligados à Lava-Jato tramitando nas varas federais de outras cidades, assim como no Supremo Tribunal Federal.
O juiz lembra que os brasileiros têm a expectativa de que o Supremo julgue os políticos com prerrogativa de foro citados na Lava Jato, da mesma maneira e com a mesma correção que julgou, em 2012, o mensalão do PT, sendo que, naquela ocasião, a maioria dos políticos foi condenada pelos ministros da corte.
Na ocasião, o juiz também elogiou as decisões do Supremo que acabaram com a doação empresarial para campanhas eleitorais e que permitiu a prisão dos condenados em segunda instância, que ele apontou como especialmente importante para o combate à corrupção, tendo ressaltado que “O Supremo deve ter a percepção da relevância da manutenção desse precedente para o enfrentamento dessa corrupção sistêmica”.
O juiz reconheceu a existência de fortes reações ao que chamou de "movimento brasileiro anticorrupção", do que ele disse ser um dos agentes, mas afirmou que não se pode ceder a essas reações, porque "A vergonha está com eles", com referência aos autores dessa reação, tendo reafirmado, como sentença, que "Nós nunca nos renderemos à corrupção... A era dos barões da corrupção está chegando ao fim".
O juiz de Curitiba, como é reconhecido, é o verdadeiro magistrado símbolo da Operação Lava-Jato, que vem, há mais de três anos e meio, à frente da 13ª Vara Federal, de Curitiba, sendo responsável pela autorização dos avanços da maior investigação contra a corrupção já promovida no país.
Sem sombra de dúvida, essa não poderia ser melhor notícia para as organizações e quadrilhas de criminosos que se enriqueceram com o desvio de recursos públicos e tanto trabalho deram à força-tarefa da operação comandada com o maior êxito pela competência de magistrado experiente e capacitado para combater a corrupção e a impunidade.
Diante da efetividade dos trabalhos sob a direção do juiz de Curitiba, a Operação Lava-Jato não poderia se esgotar nunca, ante os esquemas de roubalheira espraiados nas demais estatais, que precisam passar por pente fino, a exemplo da Eletrobrás, BNDES e todas aquelas que foram aparelhadas pelos governos que comandaram a Petrobras, cujos resultados estão aí para quem acredita na verdade sobre os fatos investigados, que noticiam enormes rombos confirmados pela própria estatal.
À vista da competência, da coragem e do amor ao Brasil, demonstrados pelos integrantes da Operação Lava-Jato, os trabalhos dessa imprescindível força-tarefa jamais deveriam se encerrar, pondo fim às investigações referentes aos desvios de recursos protagonizados na Petrobras, porque a corrupção era generalizada e não faz sentido se permitir que a impunidade seja premiada com o encerramento das profícuas investigações.
No caso específico do juiz da Lava-Jato, ele tem absoluta consciência sobre a dimensão de seu trabalho em prol da moralização da administração do país e a importância da continuidade dele, o que vale dizer que a sua saída prematura da direção dessa fundamental missão poderia causar imensurável desserviço ao Brasil e, obviamente, enorme contribuição à serventia da criminalidade, principalmente da organização integrada pelos delinquentes do colarinho branco, que foram e ainda estão sendo, de forma extrema, incomodados pela implacabilidade do magistrado de Curitiba.   
Os brasileiros honrados e ávidos pela verdade, clamam não somente pela continuidade da Operação Lava-Jato, evidentemente sob o comando do símbolo dessa magnífica missão, mas por que outras operações análogas a ela sejam criadas, com a mesma desenvoltura, tendo por finalidade se auditar os contratos celebrados pelas empresas estatais, pelo menos nos últimos quinze anos, como forma de se certificar sobre a regularidade e a efetividade na aplicação dos recursos públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 9 de outubro de 2017

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