Após
superado o afastamento do mandato pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal,
por suspeita da prática do crime de corrupção passiva, o senador tucano mineiro
retomou ao Senado Federal, depois de ter sido reintegrado às atividades
legislativas, por força do resultado da votação favorável de 44 senadores,
sendo que 19 destes estão implicados na Justiça, também sob suspeita de
envolvimento com atos de corrupção.
Sem
citar nomes, o senador mineiro acusou os donos do grupo J&F, ao afirmar que
eles se enriquecerem “às custas do
dinheiro público” e que “não tiveram
qualquer constrangimento em acusar pessoas de bem na busca de um benefício de
um inaceitável acordo de delação. O que é mais grave, contribuíram para essa
trama homens de Estado, alguns tinham assento até muito pouco tempo na PGR”.
O
senador afirmou que, aos poucos, considera que “parte da verdade está vindo à tona” e que “novos depoimentos, gravações que haviam sido omitidas, vão dando
contorno claro às razões que levaram a essa construção criminosa. Irei
trabalhar a cada dia, a cada instante, para provar a minha inocência.”.
O
tucano disse que “Venho acompanhado da
serenidade de homens de bem. Minha história é digna de dedicação, ao longo de
40 anos, aos mineiros e ao Brasil. Estarei pronto para o debate franco e da
minha parte sempre de forma respeitosa”.
Ele
declarou que "Será no exercício do
meu mandato que irei me defender das acusações absurdas e falsas que tenho sido
alvo. Vítima de uma ardilosa armação, uma criminosa armação".
É
estarrecedor que político que exerce relevante cargo de senador da República
tenha a indignidade de se envolver em caso suspeito de irregularidade, mediante
o recebimento, às claras, de propina, seja afastado do mandato pelo Supremo
Tribunal Federal, em razão desse fato vergonhoso, e consiga retomar o mandato
por meio de medida extremamente questionável, por envolver o desprezível
corporativismo, que funcionou ativamente no caso dele, mas ainda tem o
despautério de se achar vitimo de "empresários
inescrupulosos", que aprontaram ardilosa e criminosa armação, quando
foi o próprio parlamentar que se beneficiou ao receber mala recheada de
dinheiro sujo, sob a fajuta e deprimente justificativa de empréstimo de
dinheiro, exatamente concedido por pessoas sem escrúpulos, dando a entender que
ele é pessoa honrada e digna, nesse imbróglio.
Trata-se
de político que demonstra ausência de sensatez e caráter, por se envolver em
situação nebulosa, escandalosa, mas, ao invés de reconhecer e assumir seus gravíssimos
erros, como é dever dos homens honrados, dignos e de bem, prefere acusar
justamente aqueles que lhe beneficiaram com o dinheiro da propina, como se eles
o obrigassem a recebê-la e, por via de consequência, a participar da “ardilosa armação”.
À
roda evidência, o que o tucano chama de “ardilosa
armação” jamais teria existido se ele e a irmã não tivessem procurado o empresário
da JBS, à procura de “empréstimo” fácil, em forma de propina repassada por meio
de mala filmada pela Polícia Federal, com destinação a um senador da República.
É
inacreditável como o homem público não tem o mínimo pudor para perceber o grau
da desmoralização causada pela divulgação, de forma reiterada, nos meios de
comunicação, de vídeos e áudios mostrando, em detalhes, as negociatas e o
dinheiro enlameado da mala, que tanta repugnância causaram às pessoas honradas
e dignas.
O
posicionamento firmado pelo político mineiro, de se julgar de vítima, como se
ele fosse o bom-moço e inocente, apenas deixa patente o nível dos homens
públicos tupiniquins, que, à unanimidade, negam a autoria de atos visivelmente irregulares
e incompatíveis com o exercício de cargos públicos eletivos, justamente porque
somente seus pares acreditam na sua inocência, a exemplo da demonstração de
apoio dada ele pela maioria dos senadores que restabeleceram o mandato dele,
que havia sido suspenso pela 1ª Turma do Supremo.
A
grandeza do Brasil não merece políticos
dessa estirpe, que não tem o mínimo pudor nem sensibilidade para reconhecer a
gravidade de falha como a que foi praticada pelo senador mineiro, à vista da
comprovação material dos fatos, que são absolutamente injustificáveis e
imperdoáveis, nas circunstâncias, a ensejarem não somente o afastamento, em
definitivo, dele do importante cargo de senador da República, mas também da
vida pública, para que esse episódio sirva de especial lição para as atuais e
futuras gerações se espelharem nele para procederem exatamente de forma
contrária ao que ele fez de indiscutível desprezo aos salutares princípios
republicanos da ética, da moral, do decoro, da dignidade, da honorabilidade e
de tudo mais que se harmonize com a decência e a idoneidade na vida pública. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de outubro de 2017
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