Segundo notícia da mídia, o presidente da República
estaria discutindo com assessores forma de operação destinada a ajudar o
senador tucano mineiro a conseguir votos no Senado Federal, para derrubar a
decisão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, que o afastou do mandato e
determinou o recolhimento noturno dele.
O Palácio do Planalto também articula, a partir do
PMDB, forma de blindagem do tucano no Conselho de Ética do Senado, deixando
muito claro que não tem a menor importância, em termos ético e moral, a
flagrante quebra do decoro parlamentar, como no caso do mencionado político, que
se corrompeu por dois milhões de reais e ainda tem o socorro logo do presidente
da República, para tentar salvar o seu mandato.
Temendo
repercussão negativa junto à opinião pública, as articulações políticas para
salvar o cargo do tucano estão sendo promovidas na surdina, nos bastidores,
justamente porque envolve algo que não se coaduna com os princípios
republicanos da dignidade e da legalidade, de vez que se trata de tirar da
degolo o cargo ocupado por um corrupto que foi denunciado com a boca na botija,
desde as negociatas, em termos claros sobre a propina, até o recebimento do
dinheiro sujo, por meio de mala, tudo a evidenciar a falta de caráter de quem
quase se elegeu presidente da República.
Com
a finalidade de salvar a pele do tucano, depois de terem conseguido que o
Supremo declarasse que a palavra final sobre as decisões referentes às medidas
cautelares é da competência do Senado, os estrategistas pretendem agora que este
órgão declare, por meio de medida preliminar, que o parlamentar somente poderia
ter sido afastado pelo plenário do Supremo e não por uma de suas turmas, como
foi o caso do tucano.
Não
obstante, a implementação dessa medida absurda precisa, em termos de
entendimento dos estrategistas políticos, que a decisão sobre a preliminar
aventada seja aprovada majoritariamente pelo plenário.
A
referida medida excepcional vem sendo articulada diante do temor de o tucano
ser abatido pelo voto dos senadores, que estão preocupados com a avaliação da
opinião pública, caso os nobres e impolutos senadores placitem atos explícitos
de corrupção, que são bastante repudiados pela sociedade, que não vai perdoar
aqueles que derem seu aval às recrimináveis medidas em prol da corrupção e da impunidade,
principalmente envolvendo ocupante de relevante cargo de senador da República,
que não se harmoniza com os princípios da ética, da moral, do decoro, da
dignidade, entre outros ínsitos dos homens públicos honrados.
A
solução se justifica porque os defensores do tucano estão inseguros quanto ao
resultado do placar, que se mostra, previamente, bem apertado, a depender ainda
da pressão da opinião pública, que pode contribuir para decisão de última hora,
o que poderá pôr em risco o cargo do senador mineiro.
Veja-se
o que disse um aliado do senador: “A
situação de Aécio mudou. No primeiro momento, houve uma solidariedade em todos
os partidos. Agora, senadores sentiram o peso do desgaste”.
Diante
de melhor avaliação, percebe-se que a votação já não é mais o que se dizia que
eram “favas contadas”, a exemplo do
apoio pleno do PT, no início do imbróglio, mas agora a tendência é a do partido
votar pela mantença da decisão da 1ª Tuma do Supremo, ou seja, pela aplicação
do afastamento do mandato e do recolhimento noturno do tucano, à vista da
cobrança vinda da militância do partido e assim é o caso dos demais partidos de
oposição.
Temerosos
sobre o surgimento de surpresa, os aliados do tucano preferem partir para
alternativa menos traumática e mais segura, se viável, que é tentar solução
alternativa, ao invés de se correr risco em votação transparente e aberta, que será
certamente acompanhada ao vivo pela sociedade interessada na limpeza da corrupção
da vida pública.
Agora não deixa de ser curioso que, em que pese
toda armação objetivando salvar o cargo do tucano, visivelmente maculado por
ato de corrupção, o governo se empenhe, sob cautela e nos bastidores,
evidentemente em troca de apoio político, mas no dizer de voz palaciano, o
presidente “não quer deixar a digital",
certamente escaldado com a ruidosa entrevista concedida a um dono da JBS, que
abalou as estruturas do Palácio do Planalto.
O certo é que os
tucanos aliados do senador apresentaram a fatura pelo emplacamento dos
deputados mineiros nas relatorias das denúncias da Procuradoria Geral da
República contra o presidente do país e ambos foram fiéis tanto ao tucano como
ao Palácio do Planalto, na elaboração dos relatórios contrários às citadas
denúncias.
Como se vê, a vergonha não é somente do presidente do país, que
igualmente se encontra encalacrado com a Justiça, mas principalmente do senador
tucano, que fez a lambança da quebra do decoro parlamentar e, se tivesse o mínimo
de caráter, já teria renunciado ao mandato, ao invés de continuar mendigando
apoio de igualmente corruptos, na insistência de permanecer na vida pública,
completamente sem condições ética e moral, visivelmente para a desonra dos
brasileiros e a tristeza tumular de quem ele chamava de queridinho avô, que deu
muitos exemplos de dignidade na vida pública, mas seu netinho não aprendeu a
saudável lição de político honrado e decente.
Essa
pouca-vergonha de arranjos e conchavos, para salvar a pele do senador tucano, acontece
praticamente às claras, à luz solar, onde os corruptos, tanto do Palácio do
Planalto como do Congresso Nacional, se movimentam com singular desenvoltura,
tendo o beneplácito e as graças do desmoralizado Supremo Tribunal Federal, que transferiu
sua competência constitucional de dá a palavra final para as casas do Congresso,
permitindo que a ladroagem e a impunidade ficassem à mercê dos próprios
delinquentes, em evidente demonstração de que o Brasil não passa de uma
republiqueta de quinta categoria, em termos de desmoralização dos princípios
republicano e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de outubro de 2017
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