A
bancada da Paraíba no Senado Federal, composta por três senadores, votou contra
o afastamento do senador tucano mineiro e a revogação das medidas cautelares
impostas a ele pelo Supremo Tribunal Federal.
O senador líder do governo no Senado ainda tentou explicar
que não houve articulação do PMDB para que a votação ocorresse de maneira
secreta.
Já o senador do PSDB, do mesmo partido do senador mineiro,
disse que a revogação das medidas cautelares do Supremo não implica em
impunidade, uma vez que o processo seguirá naquela Corte.
Em esforço, como se fosse justificativa por sua atitude
deprimente injustificável, o tucano paraibano disse que "A votação hoje é muito além do caso do senador Aécio, a situação dele
terá seguimento no STF, qualquer que seja o resultado. Algumas pessoas imaginam
que ele foi julgado hoje em definitivo. Ele continuará sua jurisdição na
Suprema Corte. Não há que se falar em impunidade. Isso até é um desrespeito à
Suprema Corte. Os ministros do STF vão, a partir dos autos do processo, se isso
virar um processo, porque estamos na fase de inquérito, absolver ou condená-lo,
de acordo com as provas que tiver nos autos desse processo".
A
vontade soberana dos parlamentares paraibanos apenas confirma o que já se esperava
de casa legislativa que é exemplo degradável e deplorável de explícito corporativismo
interpares, em claríssima sinalização
de que outro delinquente, entre os dezenove que estão implicados com a
Lava-Jato e que votaram no senador corrupto da vez, poderá se socorrer deste
que agora foi salvo da degola.
O
senador paraibano que afirma que não se trata de impunidade do seu colega tem
absoluta razão, porque isso, como ele disse, seria desrespeito ao Supremo
Tribunal Federal, que, foi simplesmente não somente desrespeitado como solenemente
desmoralizada com a ajuda do voto dele, que contribuiu para derrubar a decisão
da 1ª Turma daquele tribunal, mostrando que é o Senado Federal é quem dá a
palavra final em matéria penal de seus integrantes, como ficou provado, agora.
Tanto
esse senador como os outros dois deram péssimos exemplos de indignidade no
exercício do cargo de representante do povo, que certamente não os elegeu para
que eles traíssem a vontade popular, que jamais concordaria que seus delegados
na Câmara Alta fossem capazes de votar a favor da liberdade de senador
corrupto, cujo objeto do crime enojou os brasileiros, com os vídeos e áudios
mostrando a forma vil como o senador mineiro se prostituiu por dois milhões de
reais, envolvendo até mala de dinheiro sujo.
Os
três senadores paraibanos precisam entender e se conscientizar de que a atitude
deprimente do senador defendido por eles constitui grave crime caracterizado
pela quebra do decoro parlamentar, que é incompatível com o exercício do
relevante cargo de senador da República, cuja dignidade foi enxovalhada agora
com a ajuda deles.
A
atitude dos senadores paraibanos seria violentamente repudiada e recriminada se
ela tivesse acontecido na pior das republiquetas, mesmo que lá sejam ignorados
os sagrados princípios constitucional, republicano e democrático, enquanto que
no país tupiniquim aqueles senadores sequer se ruborizaram pela baixeza, como
se a vileza de seus votos fosse algo maravilhoso e digno de aplauso, diante do
simplista argumento de que o Supremo vai julgar o senador corrupto, quando, na
verdade, a responsabilidade de promover limpeza ética e moral no Parlamento, no
caso, o Senado, é dos senadores, que, ao contrário da assepsia do decoro,
simplesmente chancelaram ato desprezível e odioso praticado por um de seus
pares.
Nos
países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democraticamente,
a atitude dos senadores que votaram em defesa de senador corrupto seria
simplesmente repudiada e execrada, sem embargo de que eles correriam o risco de
ser eliminados da vida pública, como prova de que o crime não compensa e que
aqueles que são cúmplices, no caso dos que votaram para salvar a pele do tucano
corrupto, são igualmente recrimináveis, deixando de merecer a confiança do
eleitorado, porquanto, nessas nações, o povo tem dignidade e exige o devido
respeito por parte de seus representantes políticos.
É
preciso que o povo diga a seus representantes no Senado Federal que eles se
portaram como pessoas sem o menor espírito de dignidade cívica e de idoneidade
moral, em clara demonstração de desprezo ao mais puro sentimento de
respeitabilidade aos princípios ínsitos dos homens públicos honestos e de
caráter. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de outubro de 2017
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