quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Atitude injustificável

A bancada da Paraíba no Senado Federal, composta por três senadores, votou contra o afastamento do senador tucano mineiro e a revogação das medidas cautelares impostas a ele pelo Supremo Tribunal Federal.
O senador líder do governo no Senado ainda tentou explicar que não houve articulação do PMDB para que a votação ocorresse de maneira secreta.
Já o senador do PSDB, do mesmo partido do senador mineiro, disse que a revogação das medidas cautelares do Supremo não implica em impunidade, uma vez que o processo seguirá naquela Corte.
Em esforço, como se fosse justificativa por sua atitude deprimente injustificável, o tucano paraibano disse que "A votação hoje é muito além do caso do senador Aécio, a situação dele terá seguimento no STF, qualquer que seja o resultado. Algumas pessoas imaginam que ele foi julgado hoje em definitivo. Ele continuará sua jurisdição na Suprema Corte. Não há que se falar em impunidade. Isso até é um desrespeito à Suprema Corte. Os ministros do STF vão, a partir dos autos do processo, se isso virar um processo, porque estamos na fase de inquérito, absolver ou condená-lo, de acordo com as provas que tiver nos autos desse processo".
A vontade soberana dos parlamentares paraibanos apenas confirma o que já se esperava de casa legislativa que é exemplo degradável e deplorável de explícito corporativismo interpares, em claríssima sinalização de que outro delinquente, entre os dezenove que estão implicados com a Lava-Jato e que votaram no senador corrupto da vez, poderá se socorrer deste que agora foi salvo da degola.   
O senador paraibano que afirma que não se trata de impunidade do seu colega tem absoluta razão, porque isso, como ele disse, seria desrespeito ao Supremo Tribunal Federal, que, foi simplesmente não somente desrespeitado como solenemente desmoralizada com a ajuda do voto dele, que contribuiu para derrubar a decisão da 1ª Turma daquele tribunal, mostrando que é o Senado Federal é quem dá a palavra final em matéria penal de seus integrantes, como ficou provado, agora.
Tanto esse senador como os outros dois deram péssimos exemplos de indignidade no exercício do cargo de representante do povo, que certamente não os elegeu para que eles traíssem a vontade popular, que jamais concordaria que seus delegados na Câmara Alta fossem capazes de votar a favor da liberdade de senador corrupto, cujo objeto do crime enojou os brasileiros, com os vídeos e áudios mostrando a forma vil como o senador mineiro se prostituiu por dois milhões de reais, envolvendo até mala de dinheiro sujo.
Os três senadores paraibanos precisam entender e se conscientizar de que a atitude deprimente do senador defendido por eles constitui grave crime caracterizado pela quebra do decoro parlamentar, que é incompatível com o exercício do relevante cargo de senador da República, cuja dignidade foi enxovalhada agora com a ajuda deles.
A atitude dos senadores paraibanos seria violentamente repudiada e recriminada se ela tivesse acontecido na pior das republiquetas, mesmo que lá sejam ignorados os sagrados princípios constitucional, republicano e democrático, enquanto que no país tupiniquim aqueles senadores sequer se ruborizaram pela baixeza, como se a vileza de seus votos fosse algo maravilhoso e digno de aplauso, diante do simplista argumento de que o Supremo vai julgar o senador corrupto, quando, na verdade, a responsabilidade de promover limpeza ética e moral no Parlamento, no caso, o Senado, é dos senadores, que, ao contrário da assepsia do decoro, simplesmente chancelaram ato desprezível e odioso praticado por um de seus pares.
Nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democraticamente, a atitude dos senadores que votaram em defesa de senador corrupto seria simplesmente repudiada e execrada, sem embargo de que eles correriam o risco de ser eliminados da vida pública, como prova de que o crime não compensa e que aqueles que são cúmplices, no caso dos que votaram para salvar a pele do tucano corrupto, são igualmente recrimináveis, deixando de merecer a confiança do eleitorado, porquanto, nessas nações, o povo tem dignidade e exige o devido respeito por parte de seus representantes políticos.
É preciso que o povo diga a seus representantes no Senado Federal que eles se portaram como pessoas sem o menor espírito de dignidade cívica e de idoneidade moral, em clara demonstração de desprezo ao mais puro sentimento de respeitabilidade aos princípios ínsitos dos homens públicos honestos e de caráter. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 18 de outubro de 2017

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