segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Desrespeito

 

Conforme vídeo que circula nas redes sociais, um deputado federal faz pergunta à testemunha que compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que foi instituída para investigar os fatos irregulares resultantes do terrorismo do dia 8 de janeiro, no sentido de que ela esclareça sobre a falta de povo nos desfiles do Dia da Independência do Brasil, certamente, pelo ar de deboche dele, tendo por objetivo ironizar da impopularidade do presidente do país.

Considerei extremamente lamentável que, em comissão parlamentar de alto nível, destinada à apuração da verdade sobre os fatos inerentes aos acontecimentos terroristas de 8 de janeiro, um insensato deputado tivesse se atrevido a formular pergunta absolutamente fora de propósito, uma vez que o objeto dela não tem qualquer vinculação com aqueles acontecimentos referentes ao 7 de setembro.

Aliás, vislumbra-se apenas a intenção meramente circense como teria sido o desejo dele de querer fazer as pessoas se divertirem, rindo sobre pergunta inconveniente e ridícula, por desvirtuar da finalidade da comissão, cujas perguntas deveriam ser em aproveitamento ao máximo das oportunidades oferecidas com a presença das testemunhas e dos contribuintes sobre os lastimáveis acontecimentos.

À toda evidência, ao contrário do que pretendia o parlamentar, possivelmente humilhar a testemunha e também o governo, diante da injustificável especulação sobre algo estranho aos trabalhos da comissão, ele conseguiu transmitir péssima lição no cumprimento do mandato parlamentar, a par de demonstrar extremo desprezo aos princípios da educação e da civilidade.

Enfim, os brasileiros honrados protestam contra a falta do decoro parlamentar desse deputado, exigindo que os representantes do povo se dignem ao estrito cumprimento das condutas inerentes ao respeito aos princípios da educação, do decoro parlamentar e à finalidade precípua das comissões parlamentares.    

Diante do meu texto, uma pessoa, em clara discordância da minha análise, disse que “Até concordo com sua explicação neste caso do deputado, entretanto, acho que esta CPMI é um circo armado, fazer palhaçada ali faz parte do sistema, não vai dar em nada, quem era pra ser ouvido sequer foi cogitado esta possibilidade, o relatório já foi redigido, está pronto, o intuito é dar subsídios ao STF para prender Bolsonaro, lamentavelmente é isso, enquanto estamos aqui manifestando nossa indignação nosso amigo Dr. Frederico está lá, preso, o povo tem que agir, caso contrário vamos pagar um alto preço, nós não, nossos filhos e netos.”.     

Em resposta, eu disse que não há a menor dúvida de que não passa de espetáculo circense essa comissão, cujos resultados realmente não deverão ser diferentes daqueles já definidos pelo pessoal do governo, que poderão inclusive incriminar o último ex-presidente do país, porque a comissão poderá se prestar a esse expediente ridículo e injusto, mas, nem por isso, nada está descartado e, o pior, ele nada poderá fazer para se livrar das perseguições, à vista da índole maligna da oposição a ele.

Pois bem, tendo em conta exatamente esse aspecto, de nítida perseguição, nada melhor do que os parlamentares amigos do ex-presidente do país terem sensibilidade para sobrelevar, nos trabalhos da comissão, somente assuntos e matérias pertinentes à sua instituição, principalmente no sentido de juntar e inserir documentos, vídeos e comprovações sobre fatos que demonstram a desvinculação do ex-presidente com os atos terroristas.

Na verdade, o que o mencionado parlamentar fez não passa de contribuição contrária aos objetivos de seriedade e responsabilidade exigidos nos trabalhos das comissões parlamentares, prestando importante desserviço às investigações objetivadas.

Ou seja, melhor dizendo, o deputado perdeu excelente oportunidade para contribuir com a defesa dos interesses do ex-presidente do país, quando ele poderia ter aproveitado a sua participação, na comissão, para formular questões pertinentes aos interesses propriamente dos trabalhos relacionados com os esclarecimentos sobre os atos terroristas.

No meu sentir e digo isso com tristeza e indignação, o deputado se serviu de palhaço, com a tentativa de zombar ainda mais os trabalhos da comissão e isso certamente muito contribuiu para agradar à oposição ao ex-presidente, justamente por ele ter desviado a finalidade das apurações, que é tudo que satisfaz a quem não tem interesse em investigar coisa alguma.

O pior de tudo isso é que, além da ridícula lição oferecida pelo parlamentar, os seguidores do ex-presidente ainda o aplaude, quando eles teriam o dever de censurá-lo, em desaprovação da participação desastrada e medíocre dele.

Convém que os parlamentares atentem para o estrito cumprimento não só das suas funções institucionais, mas também do respeito aos princípios da dignidade e da civilidade.

Brasília, em 18 de setembro de 2023

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