Conforme vídeo que circula nas
redes sociais, alguém aproveitou a imagem do último ex-presidente do país indo
às lágrimas, depois de ter sido cumprimentado por oficial da marinha, que estava
acompanhado da esposa dele, para concluir que isso tinha muito com a traição de
oficiais generais à pessoa dele.
A aludida imagem do então
presidente da República se emocionando com a afago de militar pode ter
múltiplas interpretações, evidentemente a depender do ângulo sentimental,
psicológico, profissional, militar etc., mas jamais correlacionamento dela com
a figura da traição, diante dos motivos analisados a seguir.
É preciso se entender que a forma
da traição precisa se materializar por ato que fique registrada a sua marca, a
sua eficácia, como prova da deslealdade abjeta, o que não é o caso em comento.
No caso do relacionamento do
ex-presidente do país com oficiais generais, há apenas fortes suposições sem
qualquer confirmação de qualquer das partes envolvidas sobre algo acontecido
nesse sentido, como forma de validação do ato propriamente dito de traição.
Não passa de ingenuidade essa
história de se dizer que oficiais generais teriam traído o presidente do país,
quando a verdade conspira completamente contra essa versão absurda, que
possivelmente teria sido criada para atenuar a gravíssima omissão do mandatário
da nação, que foi totalmente insensível à catástrofe que se aproximava com a
entrega do poder à banda decomposta da política brasileira, ante ao seu
histórico de desonestidade e envolvimento em esquemas criminosos, na
administração pública.
À luz do bom senso, da sensatez e
da racionalidade, jamais, em momento algum poderia haver traição por parte de
militares que eram subordinados diretamente ao presidente da República, na
forma do disposto no artigo 84, XIII, da Constituição, que diz que ele é o
comandante supremo das Forças Armadas e como tal teria poderes para rechaçar
qualquer ato de traição ou insurreição por parte dos oficiais generais, no caso
e em especial, considerados os comandantes do Exército e da Aeronáutica.
Na qualidade de principal
autoridade do país, investido dos poderes maiores da República, o presidente,
diante de qualquer sinal de rebeldia ou mesmo de traição, se assim queiram
caracterizá-lo, imediatamente destituía os insurgentes dos cargos e nomearia
quem estivesse de acordo com a orientação dele.
Além disso, como forma de
coerência com a sua autoridade máxima sobre os militares, ele poderia ainda
decretar a prisão dos militares que se recusassem ao cumprimento de
determinação dele, uma vez que as medidas implantadas por ele estavam sob o
respaldo da garantia da lei e da ordem, no preciso amparo do disposto no artigo
142 da Constituição.
Diante disso, essa deplorável
ideia de traição tem o condão de conspirar contra a autoridade do ex-presidente
do país, como se ele tivesse sido coitadinho vítima dos algozes oficiais
generais, que eram apenas subordinados dele, sem poder algum de dar as ordens,
o que, do contrário, seria a prevalência da verdadeira inversão da ordem
constitucional.
A prevalecer essa estapafúrdia
versão de traição, cada vez mais se confirmaria o quanto de frouxidão teria
sido capaz o ex-presidente do país, por ter deixado de passar para a história
brasileira como autêntico herói nacional, ao invés de medroso diante de
militares estrelados, seus subordinados.
O pior de tudo isso é que o
ex-presidente do país poderia ter contribuído para salvar o país da desgraça
que se encontra, quando ele poderia ter implantado medidas saneadoras do caos
que já era previsível, com a entrega do poder à nefasta esquerda.
Enfim, o mais triste resumo da
ópera jamais poderia se atribuir a tragédia do Brasil à mera versão sobre
possível traição de militares, por não se ter a confirmação de coisa alguma,
quando é preciso se ter a límpida consciência de que a real culpa por esse
indiscutível malogro presidencial deva se atribuir à incompetência, à
insensibilidade, à insensatez, à ineficiência e principalmente à
irresponsabilidade gerenciais, por completo desprezo à grandeza dos valores do
Brasil, que foi insignificantemente apequenado com a sua entrega às traças da
desgovernabilidade.
Brasília, em 1º de setembro de 2023
Nenhum comentário:
Postar um comentário