quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Insensibilidade

 

Conforme vídeo postado nas redes públicas, o então presidente do país defendia, com veemência a substituição de delegado da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, para que fosse protegida a família e o amigo, que eram alvo de investigação sob envolvimento em suspeitas de irregularidades com dinheiro público.

O discurso constante do vídeo trata de desabafo dele sobre a impossibilidade da substituição do referido delegado certamente por pessoa da confiança dele, com o que, possivelmente, se evitaria a continuidade das investigações.

Na verdade, o discurso mostra o tamanho da ilimitada impaciência do então presidente do país, por declarar incapacidade de agir como bem queria, até ali, no caso, em fazer as mudanças pretendidas por ele, como forma de propiciar a tranquilidade dele, de familiares e amigos.

Eis o discurso do então presidente do país, in verbis: “Já tentei trocar gente da segurança nossa, no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui. Isso acabou. Eu não vou entrar “f....” minha família toda, de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança da ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Troca o ministro e ponto final.”.

Por conta desse infeliz discurso, o então ministro da Justiça pediu exoneração e foi quando houve a substituição do diretor da Polícia Federal e do superintendente do órgão, no Rio de Janeiro.

Esse vídeo mostra, com todas as letras, a falta de sensibilidade pública da então principal autoridade do país, que não teve o menor escrúpulo em afirmar, em reunião ministerial, que seria capaz de fazer qualquer coisa para impedir que a família e amigos dele não fossem investigados, pois essa era a intenção dele de fazer a tão ansiada mudança de “segurança, na ponta da linha”.

Isso mostra também que o então presidente do país não tinha a mínima dignidade como estadista, que, ao contrário, se ele tivesse resquício de homem público de verdade, faria precisamente o contrário, determinando que as investigações fossem aprofundadas ao máximo, de modo que se permitisse a constatação da verdade sobre as suspeitas de irregularidades, ao contrário da pretensão de se jogar a sujeira para debaixo do tapete.

Na forma como decidido pelo então presidente do país, fica a nítida caracterização de que ele não tinha interesse que a sua família e seus amigos fossem investigados, posto que a troca de delegados, no Rio de Janeiro, se permitiria a imunidade deles, ficando explícita a índole nada republicana dele, que preferiu proteger, a qualquer custo, conforme mostra o vídeo, pessoas da sua intimidade.

À toda evidência, nessas circunstâncias, o correto seria exatamente se sacrificar, se fosse o caso, permitindo a revelação da verdade, doa a quem doesse, porque é precisamente assim que agem os verdadeiros homens públicos, em respeito aos sagrados princípios da honestidade, da moralidade e da dignidade, exatamente ao contrário do fez o presidente do país, que preferiu o cominho da contramão, conforme o seu pronunciamento, mostrando o desconforto das investigações, que seriam para o bem do governo dele e do Brasil, em termos de moralização.

Para quem tem o mínimo de puder para com a coisa pública, se envergonharia em apoiar político com índole tão contaminada de desonestidade, quando deixa claro que a família e os amigos têm a primazia de proteção dele, que não devem ser sequer investigados, em caso de suspeita de irregularidades os envolvendo.

Esse vídeo é de suma importância, para revelar, de vez, a falta de sensatez pública de político que vem sendo eternizado como o paradigma da moralidade, quando foi capaz de proteger a sua família e seus amigos contra investigações necessárias à elucidação de fatos suspeitos de irregularidades, os quais permanecem pendentes de esclarecimentos, uma vez que os delegados do Rio de Janeiro foram sim substituídos.

É extremamente lamentável que político com índole decrépita como essa ainda mereça a avaliação de honestidade e moralidade, certamente em absoluto sentimento de apoio induzido pela conveniência ideológica, cujos seguidores desse político somente demonstram enxergar aquilo que for do seu interesse, infelizmente.

Em conclusão pode-se afirmar que o povo tem o seu representante político que bem merece, conquanto o vídeo em apreço tem o condão de mostrar a verdadeira face de homem público que pouco se importa para a necessidade da fiel observância dos salutares princípios republicanos e democráticos.

Brasília, em 7 de setembro de 2023

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