quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

A avaliação do presidente

 

 Diante de forte pressão por críticas ao enfrentamento da pandemia da Covid-19 e alvo de novos pedidos de impeachment, o presidente da República afirmou que não pode dizer que é um “excelente presidente”.

O presidente disse que “Não vou dizer que eu sou um excelente presidente. Mas tem muita gente querendo voltar o que eram os anteriores. Já reparou? É impressionante. Estão com uma saudade de uma…”. 

À toda evidência, é enorme  sobrecarga do sistema de saúde em Manaus e a falta de oxigênio em hospitais, tendo afetada a imagem do governo, tanto do presidente como do ministro da Saúde, sendo que o mandatário vem adotando tom defensivo em seus discursos, na tentativa de pôr panos quentes na crise, que deixou péssima impressão quanto às medidas não adotadas pelo governo ou, se elas tenham sido implementadas, não tiveram senão pífios resultados, conforme os fatos mostrados pela imprensa.

A grave crise nos hospitais de Manaus motivou a apresentação de novo pedido de impeachment do presidente, por iniciativa de partidos de oposição.

Os referidos partidos querem que o presidente do país seja responsabilizado política e criminalmente pela situação no Amazonas, além das suas condutas de desincentivo às medidas de proteção durante e combate à pandemia.

O pedido em tela se soma a outros no mesmo sentido, que já ultrapassam de 60 entregues à Câmara dos Deputados, desde o início do mandato dele.

O presidente da Câmara já descartou possível abertura de processo de impeachment, neste momento, quando ele afirmou que os aludidos pedidos podem ensejar a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito, no futuro, para investigar as ações do governo, na condução das políticas de combate à pandemia do novo coronavírus.

Os fatos mostram que a aprovação do uso emergencial da vacina contra a covid-19 também foi vista como pesada derrota do governo, exatamente porque a CoronaVac, produzida pela empresa chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, foi severamente alvejada pelas críticas presidenciais, durante seu desenvolvimento no Brasil.

Ao longo da pandemia, o presidente questionou e fez duras críticas à origem da vacina, tendo colocado em dúvida a segurança e a eficácia do imunizante e ainda chegado a comemorar a interrupção dos testes dela, nas redes sociais, diante de situação acidental.

O imunizante foi desenvolvido pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, que é considerado seu adversário político e estão sempre brigando na mídia, como dois bebês chorões que precisam crescer para vestir calças de homens e se conscientizarem sobre a relevância dos cargos políticos que eles ocupam, que exigem muitas maturidade e responsabilidade da parte deles, que são representantes do povo, que merece respeito e bons exemplos, em especial dos homens públicos.

A verdade é que o presidente brasileiro tem todo direito de se achar não somente excelente mandatário, mas o melhor do planeta, porque isso faz parte de estratégia político-administrativa de qualquer governo, cabendo à população promover a avaliação sobre o desempenho pessoal dele e do seu governo, à luz, em especial, do resultado das políticas públicas por eles implementados, que são capazes de mostrar exatamente a eficiência e os benefícios em proveito da sociedade.

É evidente que a avaliação do presidente precisa ser absolutamente isenta, não tendo qualquer validade que ele nem muito menos seus seguidores fanáticos influenciem nela, porque isso fere de morte o salutar princípio da imparcialidade, que deve estar presente quando se promove trabalho dessas magnitude e seriedade, de modo que o seu resultado seja imune a questionamentos e suspeitas, por se tratar de experiência a merecer a credibilidade tanto da opinião pública como da sociedade.

Acredita-se que a avaliação feita pela população sobre o desempenho propriamente do presidente não terá a menor dificuldade para se chegar a resultado que todo brasileiro tem consciência absoluta de que ele foi capaz de protagonizar desde o início da grave crise da pandemia, com resultados bem abaixo do que poderiam ser merecidos os brasileiros, em termos de eficiência no combate à Covid-19.

Em primeiro lugar, ele exonerou dois médicos do cargo de ministro da Saúde, precisamente por incompatibilidade de relacionamento racional e civilizado, quando ele queria que ambos aprovassem, na marra, o protocolo da hidroxicloroquina, medicamento ainda pendente de aprovação pelos órgãos oficiais, entre outras discordâncias, por exemplo, o isolamento social.

Em razão exatamente de não haver profissional sério e responsável que aceitasse a introdução do referido protocolo no tratamento do coronavírus, o presidente simplesmente nomeou um general, com especialização, pasmem, em almoxarifados do Exército, para dirigir logo o Ministério da Saúde, que, sem perda de tempo, assinou o protocolo defendido pelo presidente e não fez mais nada, depois disso, em benefício de coisa nenhum para o eficiente combate à pandemia e a defesa de ações protetivas da população.

Em um país com o mínimo de seriedade, onde o mandatário prima pela prestação da saúde pública com qualidade, com vistas à preservação da vida, o principal órgão especializado e incumbido da saúde dos brasileiros somente poderia ser comandado por técnico com conhecimentos e experiências em Medicina e saúde sanitária, com reconhecida notoriedade, à vista saber lidar, ter condições e compreender facilmente os gravíssimos problemas causados pela pandemia.

Esse grave equívoco, certamente imperdoável pelos brasileiros conscientes sobre a real necessidade de se cuidar das questões relacionadas com o máximo de responsabilidade e competência, têm péssima avaliação para o presidente, por ter preferido, contrariando a melhor técnica gerencial, colocar qualquer pessoa apenas da sua confiança para dirigir logo o ministério mais importante do governo na área da saúde, porque ele tem exatamente a incumbência de cuidar do melhor possível para assegurar a total proteção da vida dos brasileiros, foto este que demonstra desprezo e insensibilidade à saúde do ser humano.

Em situação normal, não tinha a menor importância, porque ninguém ia sequer notar, que o presidente do país colocasse no Ministério da Saúde, para comandá-lo, até mesmo o seu ordenança, porque isso não faz a menor diferença, mas em plena pandemia, em que há a circulação no Brasil inteiro de vírus letal, que já tirou a vida de mais 210 mil patrícios e contaminou quantidade alarmante de brasileiros, ele demonstra não ter sensibilidade humana para escolher o melhor médico ou sanitarista ou infectologista ou pessoa conhecedora, entendida e experiente sobre as questões de Medicina e saúde pública.

Esse fato só demonstra desamor ao seu próximo, justamente porque ele se considera super-homem, diante dos brasileiros que nem corou a cara para chamá-los de “maricas”, em atitude de falta de respeito à dignidade das pessoas, muitas das quais votantes e admiradores dele e nem que tenham votado nele, porque todos os cidadãos são merecedores de consideração e respeito.

Os demais casos que têm merecido, aqui e ali, a indignação de brasileiros que consideram que ele deveria se comportar no cargo presidencial como verdadeiro estadista, respeitando literalmente a elementar cartilha da sinceridade, do respeito à dignidade das pessoas e de tudo o mais em demonstração de acatamento aos princípios humanitários, cingem-se às atitudes dele em contrariedade às orientações e às normas estabelecidas pelas autoridades públicas, como forma de precaução à Covid-19, a exemplo do uso de máscara, o isolamento social e todas as críticas feitas amiudamente por ele, sempre com o intuito de se manter em evidência na mídia, como especialista que ele é nessa área, sem a menor preocupação com a opinião pública.

Enfim, se autonomear excelente presidente, por ilação que se fazer, certamente que o mandatário brasileiro considera todos os seus procedimentos os melhores possíveis repassados para os bestas dos brasileiros, como se todos tivessem a mesma mentalidade de não terem a sã consciência para enxergarem a montanha de desacertos protagonizados por governo que vem sendo severamente criticado em razão da falta de zelo em muitos procedimentos sob a incumbência do seu governo, como, por exemplo, o genocídio acontecido em Manaus, onde dezenas de vidas foram para o espaço, pasmem, por falta de oxigênio, em que parlamentares pedem o impeachment dele, justamente por acharem que o seu governo tem culpa nessa tragédia que poderia ter sido evitada, se autoridades públicas tivessem agido tempestivamente e com a necessária competência.

Convém ainda ressaltar a pior e mais desastrada política de imunização que poderia existir na face da Terra, em que o Brasil começa a vacinação com quase um mês de atraso e ainda corre o risco de somente dar início e interromper de repente, porque não tem vacina, nem seringa nem agulha, exatamente porque as providências ficaram a cargo do chefe especializado do almoxarifado, o entendido em estoque de material e não de saúde pública, que o seria desejável e que é algo bem diferente de uma coisa da outra, que somente adotou as providências necessárias quando muitos países que valorizam a vida humana já estavam vacinando a sua população.

A notícia mais recente dá conta de que as vacinas existentes não vão suprir à metade da necessidade para imunizar os profissionais da saúde, que têm prioridade.

Para piorar o quadro, que já é péssimo, os importadores dos insumos para a produção das vacinas, no Brasil, estão demorando a liberá-los devido à má gestão do Itamaraty, que teria se envolvido em medidas contrárias aos interesses dos países produtores da matéria-prima das vacinas, o que demonstra falta de habilidade na condução da política pertinente à diplomacia brasileira.

Enfim, é preciso entender, sem maior esforço, que o presidente bom, sem necessidade de ser excelente, não ensejaria ser alvo de nenhum pedido de abertura de processo de impeachment, muito menos de mais de 60 protocolados na Câmara dos Deputados, caso ele demonstrasse equilíbrio, sensibilidade, competência e a melhor afinidade na condução das ações e políticas próprias das funções para as quais ele foi eleito, mostrando espontaneamente os seus interesse e amor às causas da população, na forma de respeito aos sentimentos nobres e dignos do ser humano, algo que, em muitos casos, passaram ao largo no seu governo, conforme mostram os fatos, que são ricos em péssimos exemplos por parte de quem exerce o mais relevante cargo da República.

Antes do encerramento, convém que eu responda à indagação imaginária de muitas pessoas, que se inquietam em perguntar no seu íntimo: porque somente eu escrevo acerca dos fatos referentes aos desacertos do governo, quando ele tem feito muitas, importantes e úteis obras em benefício da população, que realmente são tantas que nem caberiam nesta página?

A resposta parece muito fácil e até sábia, no sentido de que o presidente da República com as grandezas mil do Brasil é eleito somente para a realização de obras e benfeitorias em prol do povo e do país e estas são tão visíveis, à luz solar, que nem precisam ser destacadas, mas as falhas e os desacertos praticados por seu governo carecem sim de críticas, censura e observações, porque eles não fazem parte das metas de campanha eleitoral e precisam ser apontados, como forma de dizer que eles são inaceitáveis e devem ser evitados, por serem prejudiciais ao interesse público.

Quem conhece metas e planos de candidatos a cargo público eletivo contendo alguma hipótese de desacerto na sua gestão, como, por exemplo, apresentação ainda na campanha eleitoral de pedido de desculpas, no sentido de que “não me levem a mal se, porventura, eu cometer algo que não seja do agrado do povo, porque quem é humano pode incidir no erro” ou algo parecido?

Certamente que não, porque todos os candidatos só prometem realizar maravilhas no seu governo ou na sua gestão e isso, quando concretizado, passa a ser apenas cumprimento do prometido, ou seja, que não precisa ser elogiado, por ser compatível com a meta prévia.

Não obstante, muitos governantes são indignos de reconhecer as suas falhas, os seus absurdos, as suas indelicadezas, enfim as suas incompetências, porque quem não consegue ser fiel ao seu plano de trabalho apresentado na campanha eleitoral, onde somente tem espaço para as boas e maravilhosas realizações, deveriam, no mínimo, ter consciência sobre o que fez de incompatível com o prometido, precisando dar a mão à palmatória e pedir desculpas à sociedade que o elegeu, coma forma civilizada de não enganar eternamente o povo por promessas não cumpridas de só fazer aquelas fantásticas obras pretendidas na campanha, que tornam utópicas, na verdade, mas, enfim, de quem é a culpa, do povo?       

Finalmente, à vista dos fatos, compreende-se que, em se tratando de homem público, parece não ser de bom tom, por haver precipitação nisso, que ele se autoavalie, principalmente, inclusive para se lhe pretender a atribuição da nota máxima, pelo fato de que ele pode não ter em mãos os principais elementos capazes da formação de juízo para as exatas conclusões, como parece ter acontecido com o mandatário brasileiro, que somente pode ter levado em consideração os dados que ele entendeu valiosos para a elevação da sua nada humilde autoestima, descartando as piores notas, quando os resultados mais expressivos do seu desempenho estão mesmo em poder dos brasileiros sensatos, que sabem perfeitamente qual a nota que ele realmente merece.  

Brasília, em 20 de janeiro de 2021

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