O
presidente dos Estados Unidos da América disse à principal autoridade eleitoral
da Geórgia para "encontrar" votos suficientes para anular o
resultado das eleições americanas, porque ele entende que ganhou, com vantagem,
a eleição naquele estado.
Em
gravação divulgada pelo jornal Washington Post, o candidato republicano
derrotado disse àquela autoridade, ipsis litteris: "Eu só quero
encontrar 11.780 votos".
Na
ligação, é possível ouvir a autoridade eleitoral dizendo que os resultados da
Geórgia estavam corretos, dando a entender que o presidente americano sugere a
prática de fraude, para se beneficiar de resultado manipulado.
O
resultado das eleições americanas mostra que o candidato democrata venceu tanto
na Geórgia como em outros Estados com disputa acirrada, tendo contabilizado 306
votos do Colégio Eleitoral, contra os 232 do seu adversário.
Desde
a votação do dia 3 de novembro último, o republicano vem alegando a existência
de fraudes eleitorais generalizadas, sem apresentar qualquer prova, para tanto.
Os
50 Estados americanos certificaram o resultado da eleição, sendo que, em alguns,
após recontagens e recursos legais, os quais, em número de 60, que foram
rejeitados pelos tribunais dos EUA, não
tendo sido observada uma vitória sequer do candidato derrotado.
Isso
revela a insuficiência de elementos de provas sobre as supostas fraudes
alegadas por ele, fato este que depõe contra a dignidade dele, que não aceita o
resultado democrático das urnas, que apenas refletem a vontade soberana dos
americanos, que querem vê-lo o mais distante possível da Casa Branca e por bom
tempo.
O
candidato derrotado insistiu que havia vencido as eleições na Geórgia e disse àquela
autoridade que "não havia nada de errado em dizer que você recalculou",
enquanto ela responde dizendo: "O desafio que você tem, senhor
presidente, é que os dados que você tem estão errados.".
Ao
que tudo indica, o candidato republicano age com base em boatos, ao afirmar que
“o boato era que as cédulas haviam sido destruídas e o mecanismo de votação
removido do condado de Fulton”, no que o advogado da autoridade eleitoral respondeu
que se trata de acusação infundada.
O
presidente ameaçou o secretário com possíveis consequências legais, ao afirmar:
"Você sabe o que eles fizeram e não está denunciando. Isso é um crime.
Você não pode permitir que isso aconteça. É um grande risco para você e para
Ryan, seu advogado".
Durante
a ligação, a autoridade eleitoral rejeitou, com firmeza, as afirmações e insinuações
de fraude colocadas pelo candidato derrotado, tendo explicado que “o
presidente está contando com teorias conspiratórias desmascaradas e que a vitória
do presidente eleito Joe Biden com 11.779 votos na Geórgia foi justa e precisa.”.
O
conselheiro do presidente eleito dos Estados Unidos emitiu comunicado sobre o imbróglio
em comento, onde ele diz o seguinte: "Agora temos provas irrefutáveis
de um presidente pressionando e ameaçando um funcionário de seu próprio partido
para que ele rescinda uma contagem de votos legal e certificada e fabrique outra
em seu lugar. Isso demonstra a essência do vergonhoso ataque de Donald Trump à
democracia americana".
Ao
que parece, todos os recursos formulados pelo candidato derrotado, à vista de que
ele não tenha logrado uma vitória sequer nos tribunais, tiveram por fundamento
argumentativo “boato”, como ele mesmo terminou dizendo com a própria boca,
conforme visto acima, sabendo-se que boato, em lugar algum, pode ser considerado
como alegação junto à Justiça, que decide com base em provas materiais e
substanciais válidas juridicamente.
Trata-se
de simplesmente de show grotesco protagonizado por político populista derrotado
nas urnas, que prefere se manter a todo custo no governo, contando inclusive com
a manipulação fraudulenta da recontagem de votos, para não sair do poder.
A
bem da verdade, é bem possível que nem as piores republiquetas comandadas por tiranias
ditatoriais merecem pessoa com nível tão rasteiro e desprezível como a de quem mostra
indignidade de representar esse triste papel de querer impor a sua autoridade presidencial
para anular a legítima vontade do povo, que demonstrou o maior desprezo à
pessoa dele, mesmo antes desse ato monstruoso contra a democracia.
Em
princípio, não tem nada demais que o presidente americano tenha perdido as eleições
no voto popular, mas nada pode ser mais vergonhoso e deplorável para o homem
público querer reverter os resultados por meio de expediente ardiloso, cercado
de ameaças e acusações que não prosperaram nos tribunais, em clara tentativa
grosseira de fraudar, em seu benefício, os números considerados válidos e
corretos pelas autoridades eleitorais.
À
toda evidência, as alegações infundadas de fraude eleitoral e a tentativa de anulação
dos resultados eleitorais demonstram o desespero do candidato inconformado com
a sua fragorosa derrota, deixando antever claro abuso de autoridade e o extremo
do atrevimento de querer interferir na decisão democrática do povo, o que bem
caracteriza a índole de político indigno da prática de atividades públicas como
representante do povo, que espera dos homens públicos o mínimo de decência e
civilidade.
Brasília, em 5 de janeiro de 2021
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