A Ford decidiu encerrar a sua linha de produção no Brasil, tendo esclarecido, como possível justificativa, que ela sofrerá impacto financeiro de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, conforme informação divulgada pela montadora no anúncio do fechamento de três fábricas no país.
No anúncio da decisão, o presidente da Ford na
América do Sul destacou que, após reduzir custos em “todos os aspectos do
negócio” e encerrar produtos não lucrativos, incluindo o fim da produção de
caminhões, o ambiente econômico desfavorável foi agravado pela pandemia, deixando
muito claro que seria necessário “muito mais” para dar sustentabilidade
e rentabilidade à operação.
A montadora promete colaborar com “alternativas
possíveis e razoáveis” para que partes interessadas adquiram as instalações que
estão sendo fechadas.
A multinacional sustentou que todos os seus
negócios são constantemente avaliados dentro de meta que visa ao fluxo de caixa
forte e sustentável, mirando margem de rentabilidade medida pelo Ebit (lucro
antes de despesas financeiras e impostos) de 8%.
É evidente que a terrível notícia sobre a retirada
das fábricas da Ford do Brasil tem forte impacto na saúde financeira da arrecadação
de tributos, além da consequente contribuição negativa ao desemprego de
centenas de pais de famílias, em momento de dificuldade agravada pela pandemia,
que vem comprimindo as atividades econômicas em todo país.
Trata-se de situação que diz respeito exclusivamente
à conveniência econômica da Ford, que não tem como se sustentar debatendo
contra a crise afetada pela paralisia de muitas atividades econômicas, que não
suportaram o inevitável solavanco provocado pela pandemia do coronavírus, que tem sido tanto letal para vidas humanas
como para situações econômicas.
De antemão, não se sabe precisamente se, nesse caso
específico, os governos federal e
estadual ainda tenham procurado a direção da Ford, para a negociação da sua
permanência no país, sob o argumento em termos da viabilização sobre entendimentos
para o oferecimento de melhores condições quanto aos pagamentos de tributos, no
sentido de proteção dos empregos, porque haverá uma cascata de demissões tanto
diretamente das fábricas da Ford como dos outros produtores de peças e acessórios
que se agregam aos produtos finais dessa fabricante de veículos.
Nesses momentos difíceis da economia, compete sim aos
governantes atuarem como verdadeiros socorristas de última hora, no sentido de oferecer
alguma vantagem econômica à Ford, no âmbito da legalidade, para se negociar a
sua permanência no Brasil, como forma de se assegurar a continuidade das linhas
de fabricação e, principalmente, quanto à manutenção de centenas de empregos,
que estão cada vez raros no país, por força da perversa pandemia do coronavírus.
Acredita-se que, por parte do governo federal, essa
que poderia ser considerada brilhante iniciativa não seria facilmente e com
tanto interesse cogitada, certamente que ela não se harmonizaria com o
pensamento do mandatário, que atribui ao isolamento social a infelicidade da economia,
fato este que se confirma com a retirada da Ford do mercado industrial
brasileiro.
Cabe aqui o adendo no sentido de que o isolamento
social foi e ainda é extremamente necessário, sendo preferível, nesse particular,
se culpar o próprio governo pelo pecado da omissão, porque ele nada fez para
cuidar diretamente de estudos e regulamentação do isolamento, de modo que seria
muito útil e poderia muito bem servir de orientação para as pessoas se
locomovem normalmente, inclusive trabalharem em concomitância com as suas atividades,
desde que as normas próprios falassem claramente sobre a proteção das pessoas e,
em especial dos idosos e possuidores de comorbidades.
O governo se omitiu, nesse particular, até agora,
tendo preferido atribuir culpa a outro poder que o proibiu de ele atuar quanto ao
isolamento, mas esquece que ele tem o poder de recorrer da decisão judicia, para
mostrar a incumbência constitucional da União de cuidar, privativamente, da
saúde dos brasileiros, no âmbito das atribuições inerentes à obrigatoriedade da
prestação da saúde pública.
Ou seja, é mais uma omissão que precisa ser
atribuída ao governo, que poderia determinar, se tivesse tido interesse, os
estudos necessários à aplicação do isolamento social de maneira racional e em
benefício à continuidade das atividades econômicas, desde que ele tivesse a
iniciativa de cuidar diretamente de todas as políticas de combate à pandemia do
coronavírus.
Enfim, resta a esperança dos brasileiros de que
haja, o mais breve possível, a imunização contra a Covid-19, em escala progressiva
e ampla, para que as atividades econômicas sejam retomadas o mais rapidamente
possível, em benefício da facilitação do desenvolvimento do país e, por via de
consequência, do progressivo aumento do emprego, como forma de aquecimento das
atividades econômicas.
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