quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

O barco Brasil à deriva?

Em crônica que analisei a afirmação do presidente da República de que o Brasil está quebrado e que ele não pode fazer nada, sem que ele tenha esclarecido os reais motivos dessa quebradeira nem da sua incapacidade para fazer algo a respeito da situação, o ilustre e sempre cuidadoso poeta Vandenildo Oliveira escreveu mensagem onde diz o seguinte: “estamos sem cachorro e sem gato, o queijo entregue aos ratos, que só querem encher o bucho! O barco está a deriva, o comandante sem voz ativa, compromisso hoje, é luxo.”.

Em resposta eu disse que antigamente se dizia que os problemas se resolviam, muitas vezes, com reza, mas os tempos mudaram e nem reza forte consegue mais nada.

Na atualidade, não há reza forte e poderosa que dê jeito, porque os deuses do Olimpo, mesmo que quisessem, não conseguiriam recolocar, no caso, o Brasil nos eixos, nas circunstâncias presentes, diante da gravidade da situação que ele se encontra, principalmente porque o foco principal não são os interesses da nação, mas sim o alinhamento político visando, em especial, à reeleição presidencial, mesmo que ainda daqui a dois anos.

Nesse interregno, certamente que muita água ainda vai passar sob a ponte, mas os problemas da população continuam em ebulição na agenda presidencial, sem solução, diante da notória incompetência administrativa que tem sido o maior entrave de quem elegeu a insensibilidade como parâmetro de seu governo.

O resultado dessa triste realidade não poderia ser diferente, onde o próprio mandatário reconhece que o Brasil está quebrado e ele é apenas espectador ilustre, que funciona nada mais como figurinista de luxo, que não tem dignidade sequer para renunciar ao cargo, para possibilitar o encontro, com urgência, da melhor solução para os graves problemas que afligem a economia e as questões sociais, em especial no que diz respeito à maior gravidade da saúde pública, agravada pela incompetência na condução do combate à crise causada pela pandemia, que encontrou, no governo, pouca resistência aos seus propósitos de maldade à saúde dos brasileiros.

Em princípio, o administrador público precisa se conscientizar de que o principal e único foco deve ser a satisfatoriedade do interesse público e, para isso, qualquer desatenção, como tentar cuidar concomitantemente de causa de familiares, por exemplo, nem sempre resulta em final feliz e satisfatório para a sociedade.

O presidente do país criou agenda particular para tratar da defesa dos filhos, que estão embrenhados até a raiz em investigações sobre a prática de atos irregulares, que o paizão faz tudo para acompanhar o mais de perto possível e isso já afetou seriamente a sua concentração para a resolução dos assuntos de interesse do Brasil, conforme ele assegura que não tem condições de conduzir os negócios inerentes à gestão pública.

É preciso que o presidente da República decida, com urgência, tomar posse no cargo para o qual ele foi eleito pela vontade soberana do povo, com a finalidade primeira de cuidar das questões inerentes às atividades de mandatário do Brasil, com a abdicação de todas outras funções, inclusive de cuidar das sujeitas envolvidas por familiares, que precisam se conscientizar de que a limpeza delas é da competência de cada qual, à vista da responsabilidade individual de cidadania.

A verdade é que o Brasil merece ser administrado com competência e responsabilidade, tendo como prioridade e primazia exclusivamente o cuidado com os assuntos de interesse nacional, de modo que as decisões se fundamentem em razões da causa pública, com vistas ao desenvolvimento socioeconômico, sob pena do naufrago anunciado pelo mandatário do país, que demonstra não ter tido capacidade para o remar barco chamado Brasil para porto seguro.

Brasília, em 6 de janeiro de 2021


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