quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A vacina no Andersen

 

Meu filho Andersen recebeu, hoje, a vacina contra a Covid-19 e, em agradecimento pela primeira dose de imunização, ele escreveu o belo texto a seguir, que evidencia o seu estado de ânimo, em ter participado de tão especial e importante momento na vida dele, notadamente no caso dele, que trabalha na linha direta em contato com doentes e precisa de proteção contra doença tão temível.

Diante da importância desse acontecimento, achei importante trazer esse fato ao conhecimento das pessoas, para ser servir de estímulo ao processo de imunização, evidentemente quando isso for possível.

Eis o texto: “Eu, Andersen, senti hoje um misto de alegria, esperança e emoção. Estamos participando de momentos históricos. No início de 2020, não eram tantos que acreditavam que um vírus causaria a devastação que acompanhamos nos últimos meses. Eu, inclusive. A primeira onda chegou, mais tímida em alguns lugares, em outros impiedosa. Alguns viram o mar subindo de longe; muitos sentiram a água tocando seus pés antes da maré recuar; outros foram englobados pela correnteza e dela não se desvencilharam. Mesmo quem não sentiu a água chegando, percebeu que era questão de tempo a maré voltar a subir. Para os trabalhadores da saúde, não era opção mergulhar para tentar salvar quantos fosse possível. Mas todos que mergulharam sentiram medo. Medo de também se afogar. Medo de não conseguir tirar da água quem gritava por socorro. Medo de, involuntariamente, levar amigos e familiares para o coração da água. Medo de que o mar não devolvesse qualquer um que por ela fosse tocado. E houve também a tristeza de perceber que nem todos demonstraram empatia suficiente para estender a mão. Ainda pior, algumas pessoas empurraram outras nesse mar de águas tão sombrias. Por falta de solidariedade. Por ignorância. Por ideologia, talvez. Por tornar político algo que independe de partido ou opinião. Ser ‘de direita’ ou ‘de esquerda’ não faz alguém ser humano. E para todos, e em todas as direções, novas ondas continuam se formando. A tempestade ainda não passou, mas o céu começa a dar sinais de mudança. A vacina traz consigo a esperança de que mais gente conseguirá domar essas águas profundas, de que será possível manter a cabeça fora da água e nadar até um lugar seguro.”.

         Logo em seguida ao texto acima, o Andersen escreveu, em agradecimento, a seguinte mensagem: "Obrigado pelo apoio, família! É emocionante ver o empenho de tanta gente para que as coisas deem certo. No meio de tanto caos e tantas mudanças, é importante ter motivos para comemorar.".

Imediatamente, ao tomar conhecimento da notícia, eu mandei mensagem para o querido filho Andersen, dizendo que tinha ficado muito emocionado e já me sentia vacinado, por intermédio dele.

Vou correndo ganhar as ruas de Brasília e dizer que sou homem vacinado, livre, leve e solto para ir aonde eu quiser.

É evidente que eu dizer que me sentia vacinado foi brincadeira, pegando o gancho da maravilhosa notícia.

Brasília, em 21 de janeiro de 2021

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