Meu
filho Andersen recebeu, hoje, a vacina contra a Covid-19 e, em agradecimento
pela primeira dose de imunização, ele escreveu o belo texto a seguir, que evidencia
o seu estado de ânimo, em ter participado de tão especial e importante momento
na vida dele, notadamente no caso dele, que trabalha na linha direta em contato
com doentes e precisa de proteção contra doença tão temível.
Diante
da importância desse acontecimento, achei importante trazer esse fato ao
conhecimento das pessoas, para ser servir de estímulo ao processo de imunização,
evidentemente quando isso for possível.
Eis
o texto: “Eu, Andersen, senti hoje um misto de alegria, esperança e emoção.
Estamos participando de momentos históricos. No início de 2020, não eram tantos
que acreditavam que um vírus causaria a devastação que acompanhamos nos últimos
meses. Eu, inclusive. A primeira onda chegou, mais tímida em alguns lugares, em
outros impiedosa. Alguns viram o mar subindo de longe; muitos sentiram a água
tocando seus pés antes da maré recuar; outros foram englobados pela correnteza
e dela não se desvencilharam. Mesmo quem não sentiu a água chegando, percebeu
que era questão de tempo a maré voltar a subir. Para os trabalhadores da saúde,
não era opção mergulhar para tentar salvar quantos fosse possível. Mas todos
que mergulharam sentiram medo. Medo de também se afogar. Medo de não conseguir
tirar da água quem gritava por socorro. Medo de, involuntariamente, levar
amigos e familiares para o coração da água. Medo de que o mar não devolvesse
qualquer um que por ela fosse tocado. E houve também a tristeza de perceber que
nem todos demonstraram empatia suficiente para estender a mão. Ainda pior,
algumas pessoas empurraram outras nesse mar de águas tão sombrias. Por falta de
solidariedade. Por ignorância. Por ideologia, talvez. Por tornar político algo
que independe de partido ou opinião. Ser ‘de direita’ ou ‘de esquerda’ não faz
alguém ser humano. E para todos, e em todas as direções, novas ondas continuam
se formando. A tempestade ainda não passou, mas o céu começa a dar sinais de
mudança. A vacina traz consigo a esperança de que mais gente conseguirá domar
essas águas profundas, de que será possível manter a cabeça fora da água e
nadar até um lugar seguro.”.
Imediatamente,
ao tomar conhecimento da notícia, eu mandei mensagem para o querido filho
Andersen, dizendo que tinha ficado muito emocionado e já me sentia vacinado,
por intermédio dele.
Vou
correndo ganhar as ruas de Brasília e dizer que sou homem vacinado, livre, leve
e solto para ir aonde eu quiser.
É
evidente que eu dizer que me sentia vacinado foi brincadeira, pegando o gancho
da maravilhosa notícia.
Brasília, em 21 de janeiro de 2021
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