Uma jovem paraense
conta que a sua família foi dizimada pela Covid-19, em menos de uma semana,
quando ela diz ter perdido os pais e a avó, em consequência, segundo ela, da
falta de oxigênio na Unidade de Saúde de Nova Maracanã, em Faro, no Pará.
A prefeitura negou que as mortes tenham sido por
falta do insumo, embora ela reconheça que houve a falta de oxigênio, na semana
que aconteceram os mencionados óbitos.
Segundo a jovem, o cenário era bastante desolador,
justamente em razão da falta de oxigênio, que os pais e a avó dela precisavam
para sobreviver, porque o estado de saúde deles era insuportável pela enorme dificuldade
para respirar, que dependia do oxigênio para ajudar na respiração.
Ela disse que a mãe dela reclamava muito, dizendo
que “não conseguia respirar” e logo veio o óbito dela, diante da falta
de oxigênio e do socorro que ela mais precisava, exatamente porque não tinha mais
condições de viver sem a ajuda de aparelhos.
Ela disse que somente horas depois, chegaram os
cilindros com o oxigênio, na UBS, mas o pai dela, em estado grave, não resistiu
e morreu.
A jovem disse, em estado de lamento e indignação, que
"Estamos revoltados. Pedimos nas redes sociais que agilizassem o
oxigênio, mas não chegou a tempo. Espero que isso sirva para que outras pessoas
não morram".
Conforme a mesma reportagem, outro cenário
semelhante de lotação de doentes precisando de ajuda e da falta de oxigênio foi
registrado por outra família, que disse que uma senhora de 84 anos também
chegou na UBS, com sintomas fortes da doença, mas, segundo a sua neta, “ela foi
colocada em uma maca improvisada nas cadeiras e dividiu oxigênio com outro
paciente. Os filhos pediram autorização para transferi-la para Oriximiná,
município próximo. Ela foi levada de barco, mas morreu em poucas horas.”.
Esses fatos que estão acontecendo em especial nos
estados do Amazonas e do Pará são de
cortar coração, porque eles mostram o tamanho da perversidade, da monstruosidade,
do genocídio, conscientemente praticados contra pessoas inocentes, que pagam,
com a preciosa vida, preço caríssimo pela maldade praticada por homens que
assumem cargos públicos para permitirem desgraça dessa magnitude, de muita
desumanidade, os quais precisam responder por seus atos de muita perversidade.
Essa tragédia acontecida no Amazonas e no Pará é
algo absolutamente impensável de acontecer em pleno século XXI, onde a humanidade
registra extraordinários avanços nos campos da ciência e da tecnologia, com
aprendizagem suficiente para o oferecimento de condições necessárias à proteção
da vida das pessoas.
Infelizmente, ainda é possível se anotar a morte de
seres humanos por falta de insumo hospitalar, o nobre oxigênio, fato que enseja
a demonstração de extrema indignação das pessoas, porque o triste fato ocorre
em face da notória irresponsabilidade administrativa e do pior aviltamento da
insensibilidade quanto ao valor da vida humana, que padece por meio de situação
de desleixo absolutamente passível de ser evitada, se houvesse oxigênio, que
deve ter em todas as unidades de saúde, em época normal, quanto mais em situação
de pandemia de doença grave como o coronavírus.
Não há como explicar, justificar perante o mundo, que
três pessoas, uma família inteira constituída de pais e avó, de uma jovem menina
de apenas 19 anos, desapareçam em razão da incompetência referente à falta de
gerenciamento, deixando órfã uma garota em tenra idade, e ainda, por certo, estraçalhado
o seu coração diante de algo absoluto imprevisível, que é a falta de oxigênio logo,
pasmem, em unidade de saúde que cuida dos doentes da Covid-19, por ser insumo
que não pode faltar, de forma alguma, em nenhum lugar do mundo, diante da sua
indispensabilidade em situação emergencial de que se trata.
Aliás, não foi precisamente a causa mortis a
falta de oxigênio, mas sim foram a faltar de amor ao próximo, a evidente desvalorização
da vida humana e a incompetência de agentes públicos, conjunto esse fatal que marca
de forma indelével e cruel o início da vida de uma menina, ainda na flor da
vida, que é obrigada a enfrentar verdadeira tragédia por causa da desumanidade protagonizada
por agentes públicos irresponsáveis.
Sim, faltou oxigênio e, infelizmente, importantes
vidas foram perdidas justamente pela insensibilidade de homens públicos, que
ainda negam que houve a falta do insumo, que jamais deveria faltar em lugar nenhum
do planeta, mas ele faltou sim em importante região do Brasil e mais grave é
que termina ninguém sendo responsabilizado por tamanho desastre.
É preciso ficar muito claro que há sim caracterização
de culpa por tão horroroso crime de genocídio, diante das mortes que aconteceram
de maneira graciosa e inaceitável, precisamente por culpa da incompetência e da
irresponsabilidade de agentes públicos em todos os níveis de governo, federal,
estadual e municipal.
Todos são diretamente encarregados da prestação da
saúde pública da melhor qualidade, de modo a assegurarem assistência completa
aos brasileiros, inclusive com a presença do oxigênio e todos os insumos
hospitalares, porque eles são essenciais, indispensáveis em casos normais e excepcionais,
como neste caso especial da pandemia do coronavírus, em que os hospitais e as unidades
de saúde precisam dispor desse insumo, principalmente por ser matéria-prima que
não pode faltar de maneira nenhuma, nos casos emergenciais.
Diante dessas mortes causadas por falta de oxigênio,
material existente em abundância em qualquer lugar, bastando apenas o controle
regular dos estoques, conforme a necessidade e a margem de segurança, como nos casos
do aumento da demanda, fica a certeza de que todas as mortes foram criminosas e
as pessoas envolvidas, não importando os níveis dos cargos ocupados, precisam
ser identificadas, de modo que seja possível a responsabilização e a condenação
cabíveis, na forma da lei, para que elas paguem por seus gravíssimos crimes
contra a humanidade.
A apuração
dos fatos e atos criminosos se torna extremamente necessária, para a devida
condenação, penal e criminal, inclusive com a proibição, em definitivo, da ocupação
de cargos públicos pelos envolvidos, de modo que as medidas sancionárias possam
servir de lição pedagógica e disciplinar, no sentido da prevenção contra a
incidência de casos semelhantes.
É preciso também ficar muito claro que a sociedade
tem o dever de repudiar, com veemência, o descaso das autoridades incumbidas da
saúde pública também nos Estados do Amazonas, do Pará e de resto de todo Brasil,
onde, naquela região, aconteceram dezenas de mortes por causa da falta de oxigênio,
de modo a serem exigidas providências necessárias para que, em atenção à
importância da vida humana, os brasileiros sejam cuidados com os serviços de
saúde da melhor qualidade possível, com vistas à proteção e à preservação da
sua saúde, diante do ínsito dever constitucional do Estado, nesse particular.
Brasília, em 22 de janeiro de 2021
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