Vem
circulando, nas redes sociais, vídeo possivelmente em defesa do presidente da
República, mostrando que governos anteriores já tinham colocado para comandar o
Ministério da Saúde pessoas leigas da área, com a citação de mais de dezena de
nomes, todos ocupantes de cargos no Parlamento, naturalmente em cumprimento de
alianças com partidos e detrimento do interesse público, porque, sem os
conhecimentos técnicos exigidos, é sempre desastrosa a prestação dos serviços
prestados por meros políticos.
Em
tom de muita ironia, diante da evidente insensibilidade comparativa, ressaltei
que a presente lembrança parece muito oportuna, porque em todos os governos indicados
acima a crise da pandemia era muito violenta e acentuada e todos os ministros nominados
se saíram muito bem no combate à terrível doença que abatia sobre os brasileiros.
E
continuei com o merecido sarcasmo, diante da leviandade da tentativa de
analogia, dizendo que agora é diferente, sem constatação de crise da saúde
pública, não precisa que o ministro tenha experiência nem conhecimentos na área
da saúde pública, a exemplo da inexistência de mortes, em que tudo funciona às
mil maravilhas, inclusive com relação à eficiência da imunização, que há
estoque suficiente de vacinas, seringas e agulhas.
Ou
seja, aí eu pus toda ironia possível, para mostrar, somente com relação à vacinação,
a falta de competência de ministro alheio aos conhecimentos da área, quando mais
de 50 países que começaram a imunização há bastante tempo, desde de dezembro último,
enquanto a ineficiência exemplar brasileira mostra que tem pouca vacina, não
tem estoque seringas e agulhas, fato que confirma a despreocupação com a vida
da população, embora seja mais do que urgente a imperiosa imunização das
pessoas, para que a vida possa voltar à normalidade o mais rapidamente
possível.
Exatamente
nesse contexto, ressalte-se que, embora já tenha sido iniciada a imunização, há
notícia de que a quantidade de vacina só é suficiente para aplicação na metade
dos profissionais de saúde, diante da natural prioridade dada para eles,
ficando a população à mercê das migalhas das vacinas concedidas um pouco de
cada laboratório e quando houver condições para tanto.
Para piorar a situação, que já é preocupante, os
importadores dos insumos para a produção das vacinas, no Brasil, estão
demorando a liberá-los devido à má política externa realizada pelo Itamaraty,
que teria se envolvido em medidas contrárias aos interesses de países produtores
da matéria-prima das vacinas, o que só evidencia a falta de habilidade na condução
dos assuntos pertinentes à diplomacia brasileira.
A
desgraça deste país, que nunca consegue se desenvolver, é justamente porque o
povo tem enorme dificuldade para enxergar a realidade dos fatos, preferindo, em
forma de tentativa, justificar a incompetência do governo com base em exemplos
de casos de incompetência e irresponsabilidade acontecidos em governos do
passado, em situação absolutamente desigual, para mostrar que os outros governantes
também cometeram erros e então, por isso, o atual tem todo direito de ser
omisso e desidioso logo com a saúde pública, em momento da maior da crise da
pandemia do coronavírus, tendo o envolvimento do bem mais importante do ser
humano: a vida.
É
preciso se atentar, para bem da verdade, que os péssimos exemplos dos governos
passados têm enorme importância sim, mas apenas para mostrar que erros
praticados por eles precisam servir de lição para que não se cometa mais o
mesmo horroroso pecado de colocar gente em importante ministério para tratar de
assunto de suma importância para a preservação da vida.
O
mandatário competente e responsável não só evita os graves erros do passado
como tem o dever de procurar ser exemplo de eficiência e responsabilidade na
execução dos programas de governo e na realização das despesas públicas.
Exemplo
disso pode ser a designação de qualquer pessoa para dirigir o Ministério da
Saúde, em tempos de tranquilidade e normalidade da saúde pública, onde não haja
nenhum sintoma capaz de causar perturbação à saúde pública.
Agora,
convenhamos, em plena turbulência causada justamente pela pandemia do
coronavírus, que já mostrou que é da maior gravidade, diante da letalidade do Covid-19, o bom senso, a
racionalidade e a sensatez recomendam que somente especialista em Medicina e
saúde pública, de renome nacional e internacional, com reconhecidos trabalhos
na área, poderia ser designado para ocupar o posto da maior relevância, em
momento especial, importante e da maior responsabilidade públicas, ante a
facilidade para a coordenação e o manejo com as medidas necessárias de efetivo combate
à pandemia, em estrito benefício da população, com a possibilidade de a sua
competência contribuir para minimizar tantas e alarmantes mortes pela Covid-19.
O
contrário disso, ou seja, a nomeação de especialista em almoxarifado de víveres
do Exército é apenas a evidência cabal da extrema falta de preocupação com a
prestação da saúde pública de qualidade à população, porque, quem não conhece
os assuntos de incumbência do principal ministério responsável pelo combate à
pandemia, certamente que não pode e não tem condições plenas para o cabal preenchimento
dos requisitos essenciais de capacidade, competência e eficiência, além de o
fato em si evidenciar enorme desprezo à importância da vida humana, na certeza
de que o especialista da área tem muito mais condições de cuidar com o devido
carinho da saúde dos brasileiros, que somente mereceram o desprezo do governo.
Isso
deixa simplesmente patente que o governo assume completa culpa por essa
gravíssima irresponsabilidade administrativa, diante do comprometimento quanto
à necessidade da prestação da saúde pública de qualidade à população.
Certamente
que, se o ministro fosse conhecedor da área de saúde pública, os brasileiros já
estariam sendo vacinados, desde dezembro do ano passado, enquanto, no momento,
o inexperiente titular do órgão ainda bate cabeças no ar, sem saber o que realmente
fazer para ter vacinas, seringas e agulhas suficientes para a vacina da
população, que vem arcando com o pesado ônus da incompetência justamente imperante
no Ministério da Saúde e em tempos da pandemia do novo coronavírus.
Pobre Brasil...
Brasília, em 20 de janeiro de 2021
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