quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Falta de sensibilidade?

 

Em crônica que analisei a declaração do presidente da República de que o Brasil está quebrado e ele não pode fazer nada, sem que tenha dado maiores esclarecimentos sobre os motivos da quebradeira em causa nem da sua incapacidade de fazer algo a respeito da situação, o inteligente e ponderado amigo Orlando Chaves escreveu importante mensagem, vazada nestes termos: “Vc fez uma análise correta do momento atual do Brasil. Um presidente que só pensa em reeleição e defender os filhos. Bolsonaro está acuado e criou uma situação difícil para todos nós. Se ele admite que o país está quebrado, cabe a ele entregar o poder para outrem que consiga mudar esse estado de coisas criado por ele mesmo. Nós não sabemos o que fazer.”.

Em resposta eu disse que a sua análise, prezado irmão Chaves, como sempre, é perfeita, porque o Brasil não pode ficar acéfalo, diante da sua grandeza, em especial neste momento de enorme turbulência causada pela pandemia do novo coronavírus, que, infelizmente, encontrou no presidente toda facilidade possível para que o vírus letal operasse tamanho estrago na população brasileira.

Certamente que não seria possível se evitar todas as mortes, mas se houvesse interesse e o máxima de boa vontade por parte do governo, com a adoção dos cuidados necessários, a exemplo do emprego de campanhas apropriadas de orientação técnica ao povo e a designação de pessoas experientes e competentes para liderarem medidas apropriadas e tudo sendo feito no exclusivo intuito de combater com seriedade e severidade as causas da doença, a situação não teria ficado fora de controle, como ficou.

Isso veio a acontecer exatamente por conta de quem fica permanentemente brincando com coisa séria, como o que aconteceu ontem, em que o presidente disse que ia "mergulhar de máscara para não pegar covid nos peixinhos".

Isso é algo grotesco, ridículo, e, o pior, que bando de fanáticos ainda fica rindo com algo desagradável e impróprio dito por autoridade que tem o dever cívico e educacional de ser respeitoso com os casos importantes que interessam diretamente à sociedade.

Um estadista com o mínimo de sensibilidade e respeito ao seu semelhante, poderia até discordar de alguma situação específica, sob a prisma do direito da pessoalidade, mas como homem público a sua atitude jamais poderia ser de tanto deboche como o faz permanentemente o presidente brasileiro, que apenas de promove como o declarado amigo do corona, por se colocar ao lado, como amigo do peito, e inimigo do povo, porque quem age como ele somente merece desprezo.

Diante de tantas lições de negativismo já protagonizadas pelo presidente do país, imaginava-se que elas poderiam servir como instrumento de conscientização dele, no sentido de apenas agir sob o parâmetro da racionalidade, mas percebe-se que essa esperança foi em vão, não tendo elas nenhuma valia para mostrar a ele que a prática da racionalidade faz muito bem para a autoridade máxima do país, que precisa dar bons exemplos de civilidade ao povo.    

Brasília, em 6 de janeiro de 2021

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