O
presidente da Câmara dos Deputados, conforme postagem nas redes sociais, disse,
em réplica de reportagem da revista Veja, que o presidente da República,
pasmem, é "covarde".
O
parlamentar disse que "poucas coisas têm tirado tanto a paz de Jair
Bolsonaro quanto a cobrança das redes sociais pelo atraso da vacina".
Ele
também afirmou que o presidente do país passou a culpar o ministro da Saúde
pelo atraso na vacinação e pela perda de popularidade.
A
reportagem da citada revista afirma que, em reunião ministerial, o presidente
brasileiro teria dito, "meio brincando, meio à vera", que a
Covid-19 "baqueou Pazuello e que ele não dá mais conta de nada".
Nos
últimos dias, a crise sanitária provocada pela pandemia virou tema de debate na
disputa à presidência da Câmara.
O
aliado dele, o candidato à sua sucessão, sugeriu que o Congresso Nacional fosse
convocado ainda este mês, em meio ao recesso, para votar medidas de
enfrentamento ao coronavírus, medida esta que foi rebatida pelo candidato do
presidente, que disse que a proposta era “demagogia” para ganhar votos.
Nessa
injustificável disputa entre os dois políticos, o presidente do país criticou o
presidente da Câmara, ao ironizá-lo pelo apoio que o candidato deste recebeu do
PT, tendo dito que, verbis: “O Rodrigo Maia, quando votou pela
cassação da Dilma, deu um voto criticando o PT, (dizendo) que perseguiu
o pai dele quando era prefeito no Rio. Deu um voto firme, objetivo, apontando
que o PT era a maior desgraça do mundo. Hoje, está junto com o PT nas eleições
da presidência da Câmara. Pelo poder, água e óleo se misturam. Se bem que ali
acho que não é água e óleo, não, são duas coisas muito parecidas.”.
Sem
perda de tempo, o presidente da Câmara o respondeu, dizendo que o bloco que
reúne partidos da direita à esquerda “se une pra condenar o autoritarismo, o
fascismo e a incompetência. são muito naturais as críticas e o incômodo de
Bolsonaro à nossa união”.
É extremamente preocupante os presidentes do Brasil
e da Câmara dos Deputados ficarem criticando um ao outro e vice-versa, por meio
das redes sociais, em evidente demonstração do péssimo nível de autoridades do
alto escalão da República.
À toda evidência, pela relevância dos cargos exercidos
por ambos, eles deveriam, no mínimo se envergonharem de prestar, em público, espetáculo
ridículo e degradante diante do Brasil e do mundo, sabendo-se que eles devem
respeito e dignidade ao povo, além da obrigação de contribuir, por meio de bons
exemplos, para o aprimoramento da educação, da cidadania e do civismo, no
âmbito da administração pública, como normalmente fazem os verdadeiros estadistas
que prezam a dignidade dos cargos que ocupam por força da delegação popular.
Essa maneira deformada de relacionamento, visivelmente
nivelado por baixo, além de demonstrar o péssimo grau de incivilidade de homens públicos, afeta direta
e nitidamente as relações, que precisam ser saudáveis, que precisam existir, em
ótima qualidade, entre autoridades que
comandam importantes poderes da República, porque isso tem enorme reflexo nos
interesses do Brasil.
Na verdade, essa indesejável disputa pessoal apenas
serve para a construção natural de obstáculos à condução dos projetos
envolvendo as causas nacionais, que ficam prejudicados pela normal estagnação
da sua apreciação, justamente por causa desse clima de injustificável beligerância
mantido exatamente por meio de dispensáveis brigas e desafetos pessoais, que
jamais deveriam existir entre homens públicos incumbidos exclusivamente de defender
os interesses dos brasileiros.
Por
sua vez, quando o presidente afirma que a Covid-19 foi capaz de baquear o
titular da Saúde, ele apenas confirma o baque da incompetência presidencial, de
ter nomeado para dirigir o principal órgão que tem a incumbência, de primeira
linha, de cuidar e zelar pela saúde dos brasileiros pessoa sem qualificação, formação,
conhecimento ou especialização na área da saúde, em condições de tratar, com a
devida competência, de matéria da maior responsabilidade, justamente por
envolver vidas humanas.
Nesse
caso, o presidente do país precisa ter espírito público para assumir
diretamente sua culpa no malogro do governo, por ele ser a principal autoridade
da República com a incumbência de designar pessoas competentes e capazes de
comandar, com a exigida eficiência, o combate à pandemia do novo coronavírus,
em todos os sentidos e com os melhores recursos possíveis.
Ao
contrário disso, o que se vê é o próprio presidente criticar a sua deficiente
equipe de governo, que vem, de maneira reiterada, causando trapalhada sobre
baqueada, em evidente demonstração de governo extremamente despreocupado com a
vida humana, que exige os máximos cuidado e interesse na designação de pessoas preparadas
para a condução de todas as medidas necessárias ao combate firme, eficaz e
seguro, sobre todos os ângulos do problema, que é algo completamente inexiste
nesse governo, conforme o próprio mandatário reconhece que o responsável pela
Saúde, nomeado por ele “não dá mais conta de nada.”.
Essa
tragédia ficou patentemente comprovada quando o órgão da Saúde nem conseguiu
comprar agulhas e seringas, suficientes e indispensáveis à imunização dos
brasileiros, sem mencionar a total ausência desse ministério em termos de normatização
dos assuntos inerentes ao combate ao corona, além do injustificável atraso na vacinação
dos brasileiros, que é de suma importância para possibilitar que a população
possa voltar às atividades da vida normal, o quanto antes possível, sabendo-se
que mais de 50 países já estão imunizando a sua população.
As
evidências são claras, cristalinas, no sentido da omissão e da irresponsabilidade
do governo diante da maior crise da saúde pública brasileira, em que faltaram
interesse, boa vontade e bastante competência para se cuidar do tratamento, com
amor no coração, da doença que foi terrivelmente capaz de ceifar a vida de mais
de duzentas mil pessoas, além de milhares hospitalizações, cuja enorme quantidade
de incidência poderia ter sido bem menor caso o governo não tivesse sido tão
omisso e despreparado para cuidar de pandemia que exigia os melhores zelo e atenção,
ao extremo, posto que, para o salvamento de vidas humanas, não há recompensa
maior do que o dever cumprido com eficiência, zelo e responsabilidade.
Os brasileiros anseiam por que as autoridades da
República se conscientizem de que somente com a união de esforços, a junção de
interesses púbicos e a compreensão da causa pública são capazes de promover a consolidação
do desenvolvimento social, político, econômico, administrativo e democrático, porque
somente essas são as práticas em condições de dignificar o exercício dos cargos
púbicos demandados pela vontade popular, com o propósito da defesa do interesse
público.
Por fim, é preciso que os brasileiros compreendam,
independentemente de ideologia ou algo que o valha, que o simples fato de importante
autoridade da República chamar, publicamente, o presidente do país de covarde,
não poderia haver nada pior para a desmoralização dessa autoridade e também da
imagem do Brasil, porque esse verbete pode significar péssimos predicativos,
como falta de coragem, pusilanimidade, ânimo traiçoeiro, entre outros, o que não
fica bem para quem tem as maiores encargos sobre seus ombros, como os da incumbência
e da responsabilidade de comandar os interesses dos brasileiros, acima de tudo,
com respeito aos princípios e à pureza moral.
Convém que, para o bem do Brasil, ser aconselhável que
haja, o mais breve possível, o arrefecimento dos ânimos de autoridades da República,
de modo que elas possam se relacionar em clima de amizade, entendimento e
convergência na buscar do melhor entendimento para os interesses nacionais, em
harmonia com os sagrados princípios democrático, republicano e especialmente de
civilidade.
Brasília, em 10 de janeiro de 2021
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