sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O caminho do bem

 

Recentemente, diante de atos de violência contra pessoas da raça negra, várias cidadãos e entidades de classe em defesa dos direitos humanos se manifestaram sobre esse clima de natural indignação e irracionalidade, diante da abominável forma de discriminação que vem de século e que só contribui para o distanciamento do ser humano.

Nada justifica formas de discriminação, quanto mais com relação à cor da pele, quando não faz o menor sentido o tratamento de desigualdade entre pessoas, porque somos todos da mesma espécie humana, com direito a iguais sentimentos de dignidade e respeito à vida, que é, enfim, o maior tesouro a justificar a existência da humanidade.

Diante desse fato, um cidadão afrodescendente se manifestou, nas redes sociais, dizendo o seu pensamento sobre a questão da discriminação, tendo se colocado contra o que ele chamou de causa em defesa da raça, que, segundo a opinião dele, vem sendo feita, na prática, de maneira a estimular o ódio e a violência, por meio de atos deliberados de depredação e destruição do patrimônio de pessoas inocentes.

À toda evidência, os atos de indignação, na sua maioria, são representações que extrapolam o verdadeiro sentimento de repúdio à discriminação, ante o emprego de métodos irracionais de quebradeiras, prejudiciais e injustas, cujas atitudes não se coadunam com a objetividade do movimento, que deveria ser para a busca da pacificação e da compreensão, como forma do estreitamento do caminho da paz e do amor entre as pessoas de boa vontade.

Consegui extrair do referido vídeo alguns pensamentos desse cidadão, conforme transcrevo a seguir, in verbis: “Eu não dependo da minha cor para ser quem sou. Eu dependo sim da minha força de vontade, do meu caráter, para ser honesto com as pessoas. É isso que vai fazer um ser humano. Não são só vidas negras que importam. São todas as vidas que importam. As vidas dos seres humanos que importam. Agora, eles estão querendo atrelar tudo à condição negra. Querem colocar tudo como sendo racismo. Não vai ser a minha cor que vai definir o meu caráter. (...)”.

Esse cidadão deixou gravadas outras mensagens em tom que sugerem a mudança de atitude dos movimentos que realmente queiram lutar em defesa de causa justa e digna e que possam realmente contribuir para a conscientização sobre a igualdade racial, mas não com a conservação do pensamento retrógrado do que vem sendo disseminado.

Na minha opinião, compreendi perfeitamente que esse cidadão pensa com a razão, por entender que não é possível a construção da paz por meio da violência e da tentativa da imposição de mudanças pela força bruta, quando é preciso muito mais racionalidade, entendimento e sobretudo moderação, para se conseguir o direito à igualdade de tratamento e do respeito mútuos.

Na ocasião cheguei a escrever mensagem, falando em aplausos pela lucidez desse cidadão, que se expressou com pensamento bastante equilibrado, verdadeiro e apropriado à causa do ser humano, indistintamente de raça, porque a defesa dela já implica julgamento de culpa, como se alguém precisasse assumir os erros da humanidade.

Fiquei até a pensar o porquê de determinada raça precisar ficar permanentemente se vitimizando e se sentindo eternamente injustiçada, quando alguém com pouco de sabedoria e inteligência certamente poderia, à vista da expressão do pensamento desse cidadão, bem centrado em realidade existencial, idealizar algo propositivo, de modo a se inverter essa deplorável situação muito mais de precariedade, de penúria, de inferioridade, para se criar movimento de reafirmação, de independência.

 Talvez só assim seja possível se reverter situação muito mais aproximada do caos e do desespero, sob a evidência de que, se continuar assim, é preferível desistir da luta inglória e entregar o jogo, porque não há vislumbre sobre perspectivas de mudanças favoráveis ao movimento, ao meio da desorganização, em que cada ato sempre termina em confusão, em muitos casos, quando a finalidade é precipuamente o contrário, qual seja, apenas a conquista do direito de igualdade.

Eu entendi que é preciso que apareça alguém para enxergar a outra e verdadeira face da moeda, que aja, por meio de ideias proativas, com a finalidade de qualificação de atitudes, com bons exemplos de civilidade, que realmente tenha por propósito a busca da melhor maneira para a saída dessa emboscada do sofrível estado se fosse de inferioridade consentida, como se não tivesse alternativa para a transformação e para o atingimento da tão desejada igualdade racial, da independência, enfim, dos eternos e incômodos grilhões.

É óbvio que isso poderá sim ser factível, mas com o emprego de estratégia capaz de mudar o status quo, o mais rapidamente possível, não por meio do tradicional método do ódio e da violência, porque isso só prejudica e agrava ainda mais o que já ruim, mas sim com o emprego de ideias e mudanças de atitude renovadora e inteligente, diferente do sentimento que demonstra existir de vitimização da eterna discriminação, que precisa deixar para trás, com a conscientização sobre a implantação de ideias do bem.    

Espera-se, com muito ardor, que todas as raças tenham líderes realmente capacitados com sabedoria e visão sobre as questões humanitárias e que possam canalizar boas ideias para se alcançarem objetivos salutares e progressistas, com total menosprezo aos sentimentos de vingança pelo que tenha acontecido contra os direitos humanos, porque isso só evidencia forma de desforra prejudicial à causa da melhoria das relações sociais, como se existissem povos distintos, em que algum somente pertencesse à sua raça e não à humanidade.

É preciso que haja esforço da humanidade para se encontrar o caminho da elevação e da purificação das ideias, para o fim de que elas possam convergir para beneficiar o entendimento entre os homens, em especial no sentido de mostrar que a existência da vida humana pode ser ainda mais bela e maravilhosa quando reinar nos corações dos homens o sentimento de aceitação da igualdade e do amor, no âmbito da compreensão de que a desigualdade racial é meramente questão conceitual, porque todos os povos pertencem à raça humana, não podendo haver, em hipótese alguma, qualquer forma de discriminação.   

Brasília, em 22 de janeiro de 2020

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