O Instituto Butantan, que desenvolve a vacina
contra a Covid-19, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, informou, em
coletiva de imprensa, que a vacina CoronaVac registrou, pasmem, 50,38% de
eficácia global nos testes realizados no Brasil.
A propósito, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) consideram como aceitável a
vacina com eficácia acima de 50%, ou seja, esse imunizante praticamente foi
salvo de reprovação, diante das regras vigentes, na bacia das almas, conforme o
dito popular, quando há aprovação tangente ao limite legal.
Em termos de eficácia global, o aludido índice
aponta a capacidade da vacina de proteger em todos os casos, como a partir dos leves,
moderados ou graves, tendo o Butantan afirmado que a vacina não apresentou
reações alérgicas aos testados.
Os especialistas dizem que, em que pese o índice estar
abaixo do que foi divulgado na semana passada sobre casos leves, a vacina “é
boa e vai ajudar a frear a pandemia do coronavírus, tendo por base que ela é
compatível com a nossa capacidade de produção local; pode ser armazenada em
temperaturas normais de refrigeração, de 2ºC a 8ºC; tem eficácia geral dentro
do esperado; foi testada de forma adequada e dentro do padrão de maior rigor de
testes clínicos; não teve casos graves nos vacinados que tiveram a Covid-19.”.
Uma microbiologista avaliou que "A gente
nunca falou desde o início 'eu quero uma vacina perfeita'. A gente falou 'eu
quero uma vacina para sair dessa situação pandêmica'. E isso a CoronaVac
permite fazer. (A CoronaVac) não
vai pôr fim à pandemia instantaneamente. Vai ser o começo do fim. Não significa
que não vai poder ver outras vacinas, melhores. É uma vacina possível para o
Brasil, adequada para o Brasil, compatível com a nossa capacidade de produção
local".
Ela disse que a CoronaVac pode ser armazenada em
temperaturas normais de refrigeração, de 2ºC a 8ºC, que são as utilizadas na rede
de refrigeração existente no país.
A
referida cientista lembrou ainda que é necessário que
muitas pessoas tomem a vacina, qualquer que seja, para que ela funcione na
contenção da pandemia, tendo afirmado que "Uma vacina só é tão
boa quanto a sua cobertura vacinal. A efetividade dessa vacina no mundo real
vai depender da vacinação".
Uma
pesquisadora disse que "É a nossa vacina. Ela vai nos ajudar, vai
salvar vidas e, junto de outras vacinas, campanhas de vacinação, medidas de
enfrentamento e adesão da sociedade, iniciaremos nossa saída da pandemia. É
uma vacina boa, que foi testada de forma adequada e do padrão de maior rigor de
testes clínicos, num estudo com protocolo pré-publicado”.
Um
imunologista e pesquisador da USP disse que “a eficácia geral era a
esperada, já que a tecnologia utilizada é a mesma da
vacina da gripe, cuja eficácia fica em torno de 40% a 60%.”, ou
seja, havendo aí índice inferior ao aceitável pelos organismos de fiscalização,
mas, mesmo assim, a vacina é considerada eficaz.
Ele
ressalta a importância da inexistência de casos graves
nos vacinados que foram acometidos pela Covid-19 e “Isso é muito bom.
Não ter casos graves, para mim, é maravilhoso. Também não tivemos
nenhuma reação adversa grave. Para nós, cientistas, isso traz uma confiança
muito boa. É uma vacina boa, que não tem efeito adverso, que não gerou efeito
grave, que não levou a hospitalização”.
Um
epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) afirmou que, "Na
prática, me parece, pelo gráfico, que essa eficácia global de 50,4% é menos relevante do que a eficácia altíssima que tem pra
casos graves e mortes. Porque, na prática, o que a gente quer é evitar
internação e óbito. Pensando em imunidade coletiva, o índice pode ser
considerado baixo. Mas utilizar uma vacina com eficácia de 50% é infinitamente
melhor do que não usar nada. Sem dúvidas, a vacina é capaz de reduzir a
circulação do vírus. Antes de ler todo o resultado, eu não criticaria e descartaria a vacina pelo fato desse número.".
Uma
infectologista do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, disse que "o
número mais importante continua sendo os 78%, porque ele
consegue ter um impacto muito grande na carga da doença no nosso país e na
sobrecarga do trabalho dos profissionais de saúde. Num primeiro momento
não ficaremos livre desse vírus, não é o momento de relaxar, mas é o momento
que vemos, de fato, uma luz no fim do túnel. A melhor
vacina é a que estará disponível para a nossa população".
Por
sua vez, um responsável pelos testes afirmou que "A gente quer comparar
os diferentes estudos, mas é o mesmo que comparar uma pessoa que faz uma
corrida de 1km em um trecho plano e uma pessoa que faz uma corrida de 1 km em
um trecho íngreme e cheio de obstáculos. Fizemos deliberadamente para colocar o teste mais difícil para essa vacina, porque se a vacina
resistir a esse teste, iria se comportar infinitamente melhor em níveis
comunitários”.
O
questionamento que se faz diz respeito se a vacina ora apresentada à opinião
pública pode ser tratada e considerada como imunizante com eficácia acima de 50% e isso é muito importante, mas há
a outro relevante ingrediente nessa história, que é a existência de outras
vacinas, com índices superiores de eficácia, a exemplo da Pfizer: 95%; Moderna:
94,5%; Sputinik V: 91,4%; Oxford: 70%; Covachim: 63%, ou seja, a CoronaVac tem eficácia
de 50,38%, sendo a última entre tantas, fato este que é inadmissível, salvo se
houver justificativa plausível para a adoção da possível pior medida para a
imunização, ficando evidente que os brasileiros vão agradecer a vacinação, mas
deixando muito claro de que essa não é exatamente a vacina da sua preferência.
Se
tivesse só essa opção de vacina, pouco importava o seu índice de eficácia,
diante das circunstâncias, e nem precisava polemizar tanto, mas, com o avanço
da ciência, é preciso também se pensar no custo-benefício, em que está em jogo são
as efetivas salvação e preservação de vidas humanos, com a maior quantidade possível,
não importando o valor do custo do material, porque o que precisa ser
considerado neste momento é o mínimo sacrifício de pessoas.
Outro
aspecto da maior importância nesta ocasião é que a imunização não poderia
sequer participar de disputas políticas, como ela tem sido colocada no centro dos
interesses eleitoreiros do presidente do país e do governador de São Paulo, em
que cada qual defende a sua posição visando lucro nas próximas eleições
presidenciais.
Não
há a menor dúvida de que a maioria das pessoas que participaram da fase 3, no
Brasil, era de profissionais de saúde, que estavam expostos à sensível e muito
mais alta carga viral, com muitos deles atuando em UTI de hospital, no
tratamento de pacientes com alto grau de Covid-19.
Esse
fato pode contribuir sim para a menor eficácia da vacina, no sentido de se
avaliar menor incidência da doença entre os pesquisados, levando-se em consideração
que nenhum deles foi hospitalizado e, principalmente, que ninguém morreu, situação
essa que ajuda a avaliar algo muito positivo da vacina e que pode também
esclarecer a menor eficácia dela, o que seria diferente se a avaliação fosse
aplicada com relação às pessoas normais, onde certamente o índice seria bem
mais elevado, a exemplo do que ocorreu em outros países, onde foi verificada
eficácia muito superior ao do Brasil, embora muitos fatores precisam ser sopesados
na avaliação sobre a eficácia da vacina.
A
pesquisa afirma que o resultado dos testes evitou 100% de mortes, embora tenha
sido informado que a pessoa mais velha entre os testados tinha 59 anos, ou
seja, estando fora do grupo de risco referente aos idosos e isso é preocupante,
porque são justamente as pessoas situadas nessa faixa que precisam ter a
certeza da eficácia garantida da vacina, quando no caso de não se ter
conhecimento sobre a reação que elas poderiam ter, porque a sua consistência
orgânica é bem diferente das pessoas mais jovens.
Ou
seja, no grupo de maior risco, os testes deixam importante lacuna, porque é
essencial que se saiba, com precisão, quais os riscos que esse grupo pode
incorrer ao tomar a vacina, em caso de efeito colateral e outros riscos passíveis.
É
evidente que não é possível se afirmar que a vacina não é eficaz com pessoas do
grupo de risco, no caso, os idosos, porque não houve testes na faixa deles, mas
é preciso se acreditar na eficácia da vacina também nesse grupo.
Na
prática, se uma vacina foi considerada com 80% de eficácia, isso significa
dizer que 80% das pessoas que tomam a vacina ficam protegidas contra aquela doença,
ou seja, entre 100 pessoas vacinadas, pelo menos 20 delas correm o risco de
contrair o Covid-19.
É
o mesmo que se dizer que a imunização é somente de 50%, no caso da CoronaVap, ficando
os outros 50% por conta da imunização da reza, da fé, da sorte, do milagre e da
proteção dos deuses da saúde, que sempre estão ao lado de quem se comporta como
bonzinho, que não comete pecado e respeita o seu próximo (brincadeira).
Os
brasileiros já sofreram tanto e agora é muito provável que a insensatez possa
ter influência e queira fazer campanha milionária, com a mobilização de
batalhões de aplicação de vacina com cara meia-eficácia, que pode passar apenas
de eficácia paliativa, deixando a população meia protegida e meia desprotegida,
em situação extremamente desagradável, desrespeitosa da dignidade ao ser humano
que merece total consideração e tratamento digno, com maior eficiência e eficácia,
até mesmo à vista dos altíssimos investimentos.
Não
torço, como é do meio feitio como cidadão patriota, mas se isso realmente vier
a acontecer de haver o encampamento da aplicação da vacina pela metade de eficácia,
em forma de visível comodidade, para iludir a boa vontade da população,
certamente que o governo se encaminha de vez para o fim melancólico do mandato,
porque isso é a intenção mais cristalina da falta de interesse em melhor satisfazer
às reais necessidades da população, que merece ser devidamente dignificada, caso
em que não haverá perdão, diante da existência de vacinas com eficácia acima de
90%, como se a integridade da vida humana houvesse obstáculo intransponível.
Além
do mais, o governo precisa priorizar as políticas públicas com o melhor que
existir, para o fim de assegurar o que for do necessário para garantir a melhor
qualidade de vida dos brasileiros.
É
evidente que, na situação em que se encontram os brasileiros, com a água
praticamente encostando na boca e não parando de subir, qualquer socorro precisa
sim ser considerado mais do que milagre e jamais se poderia pensar em descarte
ou condenação dessa importante vacina, mesmo que ela tivesse índice zero de
eficácia, desde que houvesse a garanta de se “evitar internação e óbito.”,
que parece ser o caso cogitado, conforme garantem os pesquisadores.
Agora,
convenhamos, já que o Brasil ainda se encontra nas fases preliminares de tudo, no
caso da imunização, que ainda não tem vacina, seringas, agulhas etc., mas somente
o máximo de urgência para a vacinação do população, diante da gravidade da
pandemia do coronavírus, o ideal mesmo seria o governo pensar melhor, em termos
de dignificação e respeito aos brasileiros, e somente promover a vacinação com o
material de primeira qualidade, como maneira de se aumentar os índices de eficácia
e segurança.
O
governo não pode permitir desgraça pior de não ter condições de fazer os procedimentos
de qualidade superior, em benefício para a população, para se fazer a mesma mobilização
com o uso de material inferior, sob a alegação de que a eficácia é baixa, mas
ela pode ajudar a sair da pandemia, ficando a impressão de algo muito estranho
e ruim, quando se demora “século” para a imunização e, quando o faz, ainda em condições
questionáveis pela população, que certamente merece o melhor, até mesmo como
forma de compensar tanto de sofrimento por causa da pandemia em apreço.
Até
aí, tudo bem, mas se existe alternativa melhor, com perfeição na eficácia, então
por que a aceitação de medida meramente paliativa, quando se pode fazer algo em
melhores condições para a população, que é a razão da existência do Brasil,
cuja população merece ser tratada com o que há de qualidade que melhor possa
garantir conforto, segurança, eficiência e eficácia, sem precisar submetê-la ao
sacrifício da insegurança quanto à permanente expectativa, o resto da vida, no
sentido de que: “e se a vacina não der resultado, então eu simplesmente estou
ferrado”?
Diane
dos fatos, os brasileiros esperam que o governo se conscientize de que qualquer
vacina, neste momento de sofrimento e aflição, pelas privações já causadas pela
pandemia do coronavírus, poderá ser a salvação da vida, mas, havendo a possibilidade
da imunização com material de qualidade superior, certamente que será muito
mais benéfico para a satisfação e a tranquilidade da população.
Brasília,
em 13 de janeiro de 2020
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