quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Em 2022, o pessoal escolhe!

 

Diante da enxurrada de pedidos de impeachment, para mais de 60, sendo cerca de 50 deles protocolados na era da pandemia do coronavírus, o presidente da República disse a apoiadores que, “Se Deus quiser, vou continuar o meu mandato, e, em 2022, o pessoal escolhe".

O presidente do país se encontra alvejado por explosão de pedidos de impeachment contra ele, como fogo pesado que tem como rastilho a incompetência e as trapalhadas na condução das medidas de combate à pandemia, os quais estão sendo considerados justos, em razão do marcante insucesso de seu governo ante à Covid-19, que continua causando estragos na vida das pessoas, tanto na evidência da montanha de mortes como pelas contaminações pelo vírus com enorme poder de letalidade.

Desde o início do mandato, já foram  61 pedidos protocolados na Câmara dos Deputados, sendo que apenas sete são anteriores a março de 2020, quando teve início a pandemia do coronavírus.

Aos apoiadores, o presidente disse que tem muita "gente boa" para escolher nas eleições presidenciais do próximo ano e que espera que os "bons" se candidatem para não deixar os "mesmos" no pleito.

O presidente do país poderia, ao menos, se conscientizar, diante da avalanche de pedidos para o seu afastamento do cargo, de que, ao invés de ficar brincando de continuar no mandato, ele poderia tomar atitude no sentido de promover mobilização nacional, com a reunião das melhores cabeças da  intelectualidade, para a formulação de medidas e políticas capazes de contribuir para o estancamento da crise que vem sufocando o governo dele.

À toda evidência, o governo vem demonstrando total inabilidade para cuidar das sérias questões que levaram para dentro da terra mais de 210 mil brasileiros, cuja desgraça certamente poderia ter sido minimizada se houvesse sensibilidade para a consciência sobre o quadro geral da tragédia que se abate em cima das cabeças dos brasileiros, que não são super-homens, mas sim pessoas normais, que precisam ser cuidadas como se todas estivessem em uma loja de cristal, com o devido zelo que merecem as vidas humanas.

Nada disso tem sido capaz de sensibilizar o presidente do país sobre a gravidade do momento, por força do coronavírus, e das dificuldades do seu governo em cuidar delas com as devidas eficiência, competência e responsabilidade, ante às dezenas de pedidos de impeachment, que são o termômetro a indicar a temperatura que já ameaça sair do controle e explodir a qualquer momento, tendo como endereço o cargo presidencial, que nada faz para mudar o status quo da ineficiência administrativa, que nunca esteve em pior situação de desmazelo.

E natural que haja a chuva dos pedidos de impeachment sobre a cabeça do presidente, porque ele é o principal responsável pela execução das políticas de saúde pública, por meio do Ministério da Saúde, que se encontra acéfalo, em termos de comando, em forma de capacidade e competência para cuidar da saúde dos brasileiros, que seria a maneira mais viável para o enfrentamento da gigantesca crise que passa a distância fenomenal do Palácio do Planalto.

Ao contrário disso, o governo é incapaz de criar alguma perspectiva para a reversão do deplorável quadro deficitário, salvo o começo da imunização, que já ensaia não ter continuidade, exatamente por falta de vacina, ou seja, depois de muito atraso e de forte pressão, o governo conseguiu dar início à vacinação somente no peito e na raça, mas faltando o principal, que é a vacina, que depende do insumo da China, que alega entrave burocrático para atrasar o envio do insumo ao Brasil, quando, na verdade, a questão de fundo é a crise diplomática criada pelo fiel escudeiro que chefia o Ministério das Relações Exteriores.

A verdade é que o presidente do país não cruzou os braços, em momento algum, mas o seu governo tem mostrado cintura dura para decidir e tomar as adequadas medidas pertinentes contra o coronavírus, a exemplo da vacina, que poderia ter sido comprada com larguíssima margem de antecedência ao processo de vacinação, quando todos os países estavam se dirigindo exatamente para as mesmas fontes, com vistas à compra da vacina, mas, depois disso, como fez o Brasil, os laboratórios somente têm condições de atender quem chegou primeiro, fez o pedido e se candidatou a ser atendido com prioridade e preferencialmente.

Por certo, o Brasil vai ter dificuldade para a imunização do seu povo, justamente em razão da falta de planejamento, da desorganização e da total insensibilidade para a percepção sobre a gravidade da pandemia do coronavírus, em cristalina demonstração de desprezo à vida humana e aos princípios da boa gestão pública.

É evidente que, em país sério e evoluído, em termos da conscientização do seu povo, a sociedade certamente não aceitaria pacificamente que o responsável por tamanha maldade contra a vida humana ainda se passasse por o suprassumo dos presidentes, que se acha o melhor de todos os governantes e peita, em desafio, que os “bons” se candidatem, certamente para concorreram com ele, possivelmente na certeza de que não há ninguém melhor do que ele, no páreo.

Cada vez mais se tem a firme convicção de que o povo tem o governo que merece, à vista do difícil momento de ingovernabilidade, mas os brasileiros ainda se conformam com essa triste realidade, dando graças a Deus pela felicidade de ter o presidente que, a todo momento, detona as salutares normas de contenção do Covidl-19 e somente atua sobre pressão, ao adotar medidas paliativas e inconsistentes, a exemplo da imunização, que pode ser interrompida logo no seu início, por falta de vacina, e ainda é idolatrado por dizer palavras duras contra seus opositores, nada mais do que isso.

É evidente que o remédio para as fortes crises de incompetência, deficiência e irresponsabilidade administrativas, que se instalaram no governo, não é a simples aplicação do impeachment contra o presidente da República, como se ele se processasse em passo de mágica, por meio de cirurgia indolor, quando se sabe que o processo em si é supertraumático, a ser administrado concomitantemente com o combate à pandemia, o que vale dizer que seria o tratamento de crise dentro da crise, com graves consequências para o Brasil e os brasileiros.

Os brasileiros anseiam por que os deuses da competência, da eficiência, da compreensão, da racionalidade e da sensibilidade iluminem as mentes dos homens públicos brasileiros, para que eles possam vislumbrar as melhores ideias por meio das quais possam ser solucionados os graves problemas encontrados pelo governo, que até aqui só se depara com intransponíveis obstáculos, exatamente diante da sua extrema insensibilidade para a percepção sobre a sua real gravidade para a vida humana.       

Brasília, em 21 de janeiro de 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário