sábado, 23 de janeiro de 2021

Avaliação do governo

 

Em razão da evidente das dificuldades do governo para combater a pandemia do novo coronavírus, o presidente da República vem perdendo significativo apoio popular, segundo confirma pesquisa de avaliação sobre o seu desempenho.

A indicação é resultado de pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, que foi divulgado na tarde de ontem, pelo site do jornal Folha de S.Paulo, que aponta o crescimento da reprovação à gestão do presidente do país.

Os resultados da pesquisa são os seguintes: a) ótimo/bom: 31%; b) regular: 26%; c) ruim/péssimo: 40%; e d) não sabe: 2%.

De acordo com o Datafolha, 40% dos entrevistados classificaram o governo como “Ruim” ou “Péssimo”, cujo resultado, comparado com o levantamento anterior, realizado entre 8 e 10 de dezembro, mostra significada perda de popularidade do presidente, quando, naquela pesquisa, a avaliação para o mesmo quesito foi de 32%.

Na mesma pesquisa, o quesito dos entrevistados que consideravam o governo “Ótimo” ou “Bom” caiu de 37% para 31%, enquanto os consultados que o julgavam “Regular” passaram de 29% para 26%.

Nesta última pesquisa, o Datafolha constatou ainda que 53% dos entrevistados rejeitam a abertura de processo de impeachment do presidente brasileiro, enquanto 42% deles são favoráveis ao afastamento do mandatário.

O resultado acima indica estabilidade na comparação com o levantamento anterior, em que 50% das pessoas consultadas eram contra a responsabilização do presidente por crime de responsabilidade.

Já os entrevistados que defendem o impeachment oscilaram negativamente, de 46% para 42%, enquanto quem não sabia responder passou de 6% para 4%.

A pesquisa ouviu 2.030 pessoas, por meio do telefone, em razão das limitações motivadas pela pandemia da Covid-19.

É evidente que o resultado da avaliação do presidente do país levou em consideração o desempenho do governo, no seu conjunto, englobando a execução de todas as políticas governamentais.

Por cento, caso fosse apurar somente o resultado das medidas em combate à pandemia da Covid-19, é bem possível que a avaliação tenderia a mostrar índice de completa reprovação, levando-se em conta os desastres concentrados no programa da imunização, em especial, que deveria ter sido iniciado já no final do ano passado, como fizeram os mandatários que se preocupam com a vida humana e com a saúde de se povo.

Ao contrário do que vem acontecendo no país tupiniquim, onde o presidente do país faz questão de ser indiferente a tudo que diz respeito à pandemia, em clara demonstração de desinteresse para com as causas da população, diretamente afetada pela crise da saúde pública, de responsabilidade de seu governo.

Ou seja, a vacinação brasileira começou com quase um mês de atraso e ainda sob questionamentos referentes ao estoque das vacinas, seringas e agulhas, porque o governo simplesmente, sob o comando de especialista em almoxarifado, não adquiriu absolutamente nada, inclusive a vacina distribuída foi comprada pelo governo de São Paulo, tudo em demonstração de espetacular improvisação, deixando à mostra muita desorganização administrativa para cuidar de tão gravíssima crise como essa da pandemia do coronavírus, em que a alarmante quantidade de mortes, superando 215 mil pessoas que já perderam a vida.

Com absoluta certeza, muitas das vidas perdidas poderiam estar vivas entre nós se o governo tivesse tido viva consciência sobre a gravidade da pandemia do coronavírus, bem assim se as autoridades públicas fossem o minimamente sensível à importância da vida humana, porque o combate à Covid-19 não teria se transformado em verdadeiro caos, como de fato aconteceu, ao meio de tudo de péssimo, reprovável, ineficiente, desastroso e contrário aos princípios humanitários, cuja consequência não poderia ser diferente da tragédia que foi para milhares de famílias que perderam entes queridos e para o resto dos brasileiros que nem têm certeza quando poderão sair de casa, porque o programa de vacinação, conforme anunciado pelo governo só será aplicado na metade da população.

Não à toa que ontem, o presidente brasileiro voltou a criticar, em diversas ocasiões, pondo em cheque a validade da vacina que está sendo aplicada, em cristalino sentimento refratário dele ao combate à pandemia e, por via de consequência, sendo, mais uma vez, pessoa que tem prazer em ficar tentando torcer para que nada tenha sucesso, o que termina prejudicando tanto o sucesso da imunização como o interesse das pessoas por ela, porque ele põe em dúvida todo trabalho que se faz no combate à pandemia da Covid-19.                

Pois bem, o mandatário do país declarou para jornalistas o seguinte, verbis: “Eu não posso obrigar ninguém a tomar vacina, como um governador um tempo atrás falou que ia obrigar. Eu não sou inconsequente a esse ponto. Ela tem que ser voluntária, afinal de contas, não está nada comprovado cientificamente com essa vacina aí. Peço que o pessoal leia os contratos com as empresas para tomar pé de onde chegaram as pesquisas e porque não se concluiu ainda dizendo que é uma vacina perfeitamente eficaz. Pelo que tudo indica segundo a Anvisa, ela vai ajudar a que casos graves não ocorram no Brasil a quem for vacinado”.

Vejam-se que o presidente age com muita indelicadeza, ao criticar, em momento inoportuno, a princípio, a eficácia da vacina, exatamente por ocasião do processo de imunização, fazendo referência maliciosa quanto à sua validade para a imunização, ao afirmar que a Anvisa disse que ela vai ajudar a se evitar casos graves, dando a entender que ninguém vai ficar imunizado totalmente, salvo em se tratando de situação mais grave, ou seja, a ilação que se pode fazer, das palavras dele, é que pouco adianta se tomar a vacina, em que os altos investimentos em pessoal, material e recursos para a aplicação da vacina.

O outro ponto extremamente reprovável e da maior gravidade das críticas, possivelmente injustificáveis do presidente brasileiro, ante a falta de provas, diz com o conselho que ele faz para as pessoas em lerem os contratos das empresas, sabendo ele que isso é medida totalmente impossível, porque os brasileiros não têm acesso a esses documentos.

Na qualidade de mandatário do Brasil, se ele, tendo conhecimento de algo que esteja errado ou falho, precisamente assim na forma como ele insinua, com muita ênfase, é da sua obrigação esclarecer à sociedade, em detalhe, o real motivo do objeto do contrato que precisa ser lido pelas pessoas, ante a presunção da existência de algo errado que elas precisam se precaver contra possível risco que ele deixou nas entrelinhas, salvo quanto à eficácia, quando ele, nesse caso, põe em dúvida, de maneira indelicada, até o importante trabalho da Anvisa.

Mas a pior demonstração de descuido do homem público é exatamente ele, tendo conhecimento de algo suspeito, errado, incorreto ou irregular, ainda consente a continuidade do procedimento que dele discorda, como foi afirmado com todas as letras, na forma acima, como nesse caso da vacina, em que o presidente do país aconselha que a população leia primeiro o contrato e, nesse ponto, ele põe em dúvida a eficácia dela.

Essa crítica do presidente funciona, de maneira cristalina como a confirmação da sua falta de decisão segura perante os brasileiros, em termos de segurança quanto à administração da vacina, diante da suspeita que ele faz sobre a eficácia dela, mas mesmo assim seu governo patrocina a imunização sem qualquer restrição, o que não poderia de forma alguma ser assim, ante o dever institucional das autoridades públicas de zelar pela integridade da população.

O governo sério e competente jamais participaria de programa, como esse da imunização, se não tivesse plena certeza da eficácia do produto aplicado na população, porque a responsabilidade é do Ministério da Saúde confirmar não somente a credibilidade, a confiabilidade e a segurança da composição do produto, mas também e principalmente a sua eficácia, tendo em vista a necessidade de se garantir que a imunização se presta para a proteção da vida das pessoas e isso é da maior responsabilidade que precisa do aval das autoridades públicas incumbidas do processo de sanitização.

Da maneira como foram feitas as críticas pelo presidente do país, não há a menor dúvida de que ele comete grave falha, por ser o comandante da nação,  por colocar sob suspeita o programa de imunização, com o uso de produto que é questionada a sua principal finalidade, no caso, a eficácia dele para o combate à Covid-19.

É evidente que, se realmente ele tem dúvidas quanto à eficácia do imunizante, há clara demonstração de que o Ministério da Saúde não agiu correta e diligentemente, no âmbito da sua competência institucional, para informar e assegurar à população que a vacina atende às exigências de qualidade, segurança e eficácia, reafirmando que ela é realmente o remédio necessário para a proteção contra a Covid-19.

Ao contrário disso, se o presidente realmente está inseguro quanto à eficácia da vacina, ele tem o dever constitucional e legal de determinar a imediata paralisação da imunização, sob pena de responder por crime de responsabilidade, por ter permitido a aplicação na população, sem a garantia e a autenticidade para a finalidade de imunização pretendida.

Diante desses fatos, confesso o desencanto com a administração do Brasil, exatamente nessas condições em que a indecisão ou decisão vacilante  vem sendo a marca da gestão que demonstra, em cada ato, insegurança, desorganização, incapacidade e despreparo para a definição de medidas em benefício da sociedade, a exemplo do programa de imunização, em que o mandatário da nação põe em dúvidas, de maneira precária e perigoso, apenas com base em conclusões pessoais, a eficácia da vacina e mesmo assim fecha os olhos para o caos por ele reconhecido e permite a continuidade da vacinação.

Em forma de seriedade e competência administrativas, se o presidente põe em dúvidas a eficácia da vacina, o correto é determinar que o órgão competente da Saúde produza estudos sobre o assunto, em caráter de urgência, melhor se tivesse sido feito antes do processo pertinente, com a finalidade de se concluir que o produto imunizante tem eficácia e presta para a sua finalidade, dando plena tranquilidade à população, como deve proceder os governos interessados na integridade do povo.

Espera-se que o presidente da República se conscientize de que é preciso muita seriedade e competência para decidir sobre as relevantes medidas de combate à Covid-19, não permitindo a continuidade da imunização sem antes dirimir as questões sobre a eficácia da vacina, porque isso é da responsabilidade institucional do governo de assegurar a garantia do imunizante, para que a população seja estimulada a se vacinar, que é medida extremamente importante, por ser para o seu próprio bem-estar, sem se falar nos altos investimentos às custas dos contribuintes.

Quanto ao resultado da pesquisa em referência, que trata do desempenho do presidente da República, os fatos do dia a dia mostram o quanto ele merece na avaliação, tendo a sinalização muito clara que os brasileiros estão à espera de gigantesco salto de qualidade na condução das políticas de incumbência do governo.  

Brasília, em 23 de janeiro de 2021 

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