No
momento de muita turbulência que acontece na condução dos problemas da saúde
pública do país, o ex-ministro da Saúde, que primeiro cuidou do combate à
pandemia do coronavírus, disse ter avisado o presidente da República sobre o
risco da falta de oxigênio nos hospitais, na época em que ele comandou a pasta.
o
ex-ministro comentou o colapso no sistema de saúde no Amazonas, diante do
aumento no número de casos de Covid-19, possivelmente com o relaxamento da população
aos controles de isolamento e outras formas de prevenção da doença, após as
festas de fim de ano.
Ele
disse que “É muito triste abordar esse tema sabendo que esse tema foi
abordado por mim junto ao presidente exatamente focando sobre o problema de
oxigênio, já que nós já tínhamos assistido na Itália um colapso parcial de
oxigênio na cidade de Bergamo, e foi quando as pessoas pararam de ir para o
hospital e começaram a falecer em casa”.
Com
o novo surto de casos de coronavírus, a demanda por oxigênio hospitalar no
estado superou a média diária de consumo em mais de onze vezes, agravando a
situação nos centros médicos de referência para o tratamento da Covid-19.
O
ex-ministro afirmou que “Oxigênio não acaba da noite para o dia. Essa crise
de falta de oxigênio já era presente tranquilamente há mais de um mês. Não está
havendo monitoramento, planejamento. (Há) falta de atitude, falta de
governança, falta de interesse do governo federal”.
Por
fim, o ex-ministro definiu o atual governo simplesmente como “perverso: Tem
gente que fala: ‘Isso é uma loucura’. Loucura tem tratamento. Outras palavras você
poderia colocar, mas a perversidade me parece que é o adjetivo que eu encontrei
com maior similaridade, porque é quando você tem conhecimento das consequências
da sua ação”.
É
evidente que dizer agora que teria avisado o presidente do país sobre os cuidados com o risco sobre a possível falta
de oxigênio não significa nada, em termos da responsabilidade do mandatário do
país, porque quem é mesmo incumbido das políticas de suprimento desse material,
em tese, é o ministério e as secretarias de Estado, no âmbito da coordenação dos
hospitais a eles subordinados ou jurisdicionados, talvez cabendo à pasta o
monitoramento sobre o estoque desse material, se muito.
Ou
seja, nas circunstâncias, salvo se comprovada alguma negligência por parte do presidente,
por ter, no caso, deixado de atender algum pedido emergencial sobre recursos
para a aquisição de oxigênio, mas ao contrário disso, o aviso do ex-ministro
não passa de conversa jogada fora, sem nenhum valor, por se tratar de tanto tempo
já decorrido e ainda, em especial, por não ser assunto da agenda presidencial.
Agora,
não há a menor dúvida de que a falta de oxigênio ou de outro material
necessário ao combate tem tudo com o indispensável planejamento sobre a sua existência
e sempre em quantidade razoável para o suprimento das demandas, principalmente em
tempo de pandemia.
A
falta de oxigênio em Manaus caracteriza irresponsabilidade gravosa, dolosa e
criminosa, por se tratar de material essencial nos hospitais, para o abastecimento
dos equipamentos pertinentes, que precisa ter em estoque suficiente até mesmo
em situação de normalidade das atividades hospitalares, quanto mais em se
tratando de pandemia, onde pode haver surto da doença e é preciso que todo
material tenha em quantidade segura no estoque, diante da necessidade do salvamento
de preciosas vidas, que não podem esperar o reabastecimento de material.
No
caso de Manaus, é preciso que sejam devidamente apuradas as responsabilidades de
quem deu causa à falta de oxigênio, em razão da morte de mais de 30 pessoas que
deixaram de ser atendidas com o socorro apropriado, em face da inexistência desse
imprescindível material.
Não
há a menor dúvida de que o governo já demonstrou, por diversas oportunidades, a
sua índole de forte e consciente perversidade contra a população que merece ser
tratada com o máximo de dignidade e respeito, à vista do envolvimento de vidas
humanas, que não poderiam ficar à mercê desse estado de insensibilidade para a
gravidade do coronavírus, que precisa ser combatido com o máximo de esforços e
com os melhores recursos disponíveis, mas isso tem sido fraquejado e negado, em
parte, aos brasileiros.
Convém
justificar a aludida assertiva tão somente com o injustificável e “secular” atraso
para a imunização, em que o governo somente percebeu a gravidade da situação e
que a população precisa urgentemente dessa medida depois de muita pressão da
sociedade, para que ele tomasse a iniciativa das medidas pertinentes e ainda
teve o desplante de dizer que não via motivo algum para as reclamações, quando
se sabe que a demora para a vacinação muitas vidas humanas estão correndo o risco
de não serem beneficiadas pela imunização, que é o único remédio capaz de protegê-las.
Além
dessa deplorável constatação, o governo precisa se conscientizar de que as nações
comandadas por homens públicos que têm sensibilidade pelo respeito às vidas
humanas simplesmente privilegiaram as medidas necessárias à vacinação, quando
deram início dela ainda no ano passado, quando, por enquanto, por aqui, somente
há expectativa da chegada de tão importante momento da imunização, para que a
vida das pessoas possa voltar à normalidade.
Outro
fato que conspira forte e favoravelmente à insensibilidade do governo é a
existência de grave crise na saúde pública, afetada pela pandemia do
coronavírus, e o principal órgão incumbido dessa importante política ser
comandado por especialista em almoxarifado, que não tem absolutamente nada com
a área de Medicina ou saúde pública, diante da necessidade de alguém na direção
da pasta com os conhecimentos e as experiências próprios do setor, justamente
para a melhor compreensão sobre os assuntos da sua responsabilidade, tendo condições
de cuidar precisa e diligentemente das demandas referentes à saúde dos
brasileiros.
Diante
dos fatos, é possível se inferir que a indiferença do governo à eficiência nos
cuidados da saúde dos brasileiros tem como causa o seu entendimento de que todas
as pessoas, mais cedo ou mais tarde, vão morrer mesmo, conforme foi dito pelo
presidente, e a conveniência de se ter o ministro sob a maleabilidade do
atendimento das ordens palacianas, o que pode ser diferente de a pasta da Saúde
ser comandada por especialista e conhecedor dos assuntos da área, que não se
submete aos caprichos do mandatário, como nos casos já acontecidos dos dois
ministros anteriores, que discordaram do chefe e decidiram entregar seus
postos.
Talvez
os outros deslizes do presidente, a exemplo da tentativa de minimizar a gravidade
da Covid-19 e a insurgência ao uso da máscara, não sejam tão importantes quanto
aos casos caracterizados acima, mas todos os cuidados, por mínimos que sejam, dizem
com a demonstração do interesse pela preservação da vida humana, em respeito à
sua dignidade e ao seu verdadeiro valor, algo que desperta os cuidados de todo
estadista sensível com os princípios humanitários.
Enfim,
os brasileiros nutrem a esperança de que, à vista das notórias situações negacionistas
já colecionadas até agora, o presidente da República resolva se conscientizar
de que a gravidade da pandemia do coronavírus é realmente motivo de enorme preocupação
para o seu governo, diante do envolvimento da preciosidade de vidas humanas, que
precisam ser preservadas sob qualquer custo e em regime de dos maiores seriedade e
respeito, como fazem normalmente os estadistas competentes e responsáveis do
resto do mundo.
Brasília, em 17 de janeiro de 2021
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