O
anúncio de que a vacina CoronaVac registrou 50,38% de eficácia global, nos
testes realizados no Brasil, suscitou múltiplos questionamentos em redes
sociais sobre se isso significa que apenas metade das pessoas que a tomam
desenvolvem proteção contra a Covid-19.
Com
a tentativa de explicar a polêmica, o reitor da Universidade de Pelotas, que é epidemiologista,
declarou que "É errada a interpretação de que uma vacina com 50% de
eficácia gera anticorpos apenas em metade dos vacinados. O correto é que os
vacinados têm metade do risco de desenvolver a doença em
comparação aos não vacinados. No caso da CoronaVac, apenas 1,8% dos
vacinados contraíram o vírus".
Em
relação à geração de anticorpos, em fase anterior das pesquisa, foi apontado
que eles aparecem na imensa maioria dos vacinados, que
adquirem resistência contra a Covid-19.
Foi
explicado que, na fase 2 de testes, os voluntários que receberam o imunizante
foram divididos em dois grupos, sendo que um recebeu dose mais baixa e outro dose
mais alta.
O
resultado desse teste indica que a dose mais baixa mostrou-se ser a mais
indicada, porque 97% das pessoas desse grupo tiveram a imunidade como resposta,
sendo considerado muito positivo esse
resultado.
O
citado reitor disse que "Na prática, me parece, pelo gráfico, que essa
eficácia global de 50,38% é menos relevante do que a eficácia
altíssima que tem pra casos graves e mortes. Porque, na prática, o que a
gente quer é evitar internação e óbito".
O
reitor ainda explicou que, pensando em imunidade coletiva, o índice pode ser
considerado baixo, mas “a utilização de vacina com eficácia de 50% é ‘infinitamente
melhor’ do que não usar nada.”, tendo concluído que, "Sem dúvidas,
a vacina é capaz de reduzir a circulação do vírus".
A
reportagem tenta explicar que o resultado sobre a eficácia da vacina, que difere
da imunidade dos vacinados, os cientistas vacinam voluntários
e dão placebo (substância inerte, sem efeito algum) a outras pessoas.
Tempos
depois, são contadas as pessoas que tomaram a vacina e as que receberam placebo,
cujo resultado do teste é dado pela quantidade das pessoas que pegaram a
doença, em cada caso.
A
proporcionalidade das pessoas a menos que foram contaminadas com a doença, só
com relação de quem tomou a vacina, é possível se quantificar a efetividade do
imunizante, ou seja, a taxa de eficácia da vacina dada pela menor quantidade de
pessoas contaminadas entre as que tomaram o imunizante.
Uma
microbiologista e pesquisadora da USP ressaltou que convém, para o sucesso da imunização
contra a Covid-19, a maior quantidade possível de pessoas vacinadas, para se
obter a devida eficácia na contenção da pandemia, tendo explicado que "Uma
vacina só é tão boa quanto a sua cobertura vacinal. A efetividade dessa vacina
no mundo real vai depender da vacinação".
O número
mínimo recomendado pelas Organização Mundial da Saúde e Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Avisa) é de 50%, o que significa dizer que a CoronaVac
deixou de ser reprovada por apenas 0,39%, ficando definitivamente caracterizada
que a sua eficácia somente tem a propensão de imunizar a metade das pessoas que
a tomarem, ficando a outra parte na incerteza de que está ou não imunizada, o
que resulta de traumática angústia quanto à eficácia da imunização, diante da
falta de sintoma sobre o resultado se positivo ou negativo quanto à resistência
à Covid-19.
Ou seja,
se realmente for aplicada, sem exceção, a CoronaVac aos brasileiros, todos vão
ficar em eterna preocupação, diante da certeza de que a eficácia dela não tem a
menor garantia, visto que qualquer pessoa vacinada, não importa o universo, a
metade dela está passível de não ter sido efetivamente vacinada, porque a
Covid-19 pode contaminá-la.
Isso
significa, para qualquer leigo, que a CoronaVac não é de toda descartável,
porque ela protege a metade do universo das pessoas que a receberam, o que vale
dizer que, se dez milhões de brasileiros a receberem, pelo menos, cinco milhões
ficam sujeitos à contração da Covid-19.
Não adianta
se tentar tapar o sol com a peneira, com a argumentação mais sábia que for ou
com a criação da melhor desculpa, porque a verdade diz mesmo que a vacina com
90% ou miais de eficácia é indiscutivelmente bem superior a outra com apenas 50,38%,
em qualquer parte do planeta, até mesmo, por óbvio, no país tupiniquim.
Em se
tratando de governo minimamente sério, competente e responsável, que se
preocupa com a saúde da população, em especial em tempos de pandemia, que
exigem cuidados especial e de primeira qualidade, desde logo descartava a aplicação
de vacina de menor eficácia e resolvia adquirir produto que pudesse
tranquilizar a sociedade, na certeza de que a imunização foi realizada sob a
observação da melhor qualidade existente na atualidade.
É
evidente que, diferentemente disso, o governo, nesse caso também, só confirma a
sua posição de descaso e despreocupação com a defesa da saúde dos brasileiros, à
vista de que não se pode negar a participação dele no combate à pandemia, mas é
mais do que notório que as medidas até agora adotadas estão no limite do mínimo
recomendado, quando os esforços desprendidos não passam da incumbência normal
exigida nas circunstâncias, como nesse caso, em que o governo, tendo a obrigação
constitucional de vacinar, então deve autorizar a aplicação da CoronaVac, que é
a vacina com menor teor de eficácia, talvez recomendada somente para país paupérrimo
que não tenha condições para adquirir imunizante de qualidade para a sua população.
É
importante repetir as palavras sinceras e honestas proferidas pelo reitor da
Universidade de Pelotas, RS, que afirmou que “a utilização de vacina com eficácia de
50% é ‘infinitamente melhor’ do que não usar nada.”, citação que mais se
coaduna com deboche à gravidade da pandemia, ou seja, não fosse a situação
compreendida como guerra contra a temível Covid-19, não haveria problema nenhum
se aplicar remédio melhor de que nada, mas a desgraça exige cuidados
prioritários para a proteção de vidas humanas, sem jamais se preocupar com o
custo da aquisição dos produtos necessários, porque a economia será recuperada
com o tempo, mais cedo ou mais tarde, não importa, mas as vidas perdidas nunca mais
serão trazidas de volta.
Ou
seja, nem precisa ter o mínimo de raciocínio e inteligência para se interpretar
que a compreensão sobre a sábia conclusão do citado reitor é maravilhosa quanto
à aplicação da CoronaVac, porque ela é realmente bem melhor do nada.
Na
minha modesta concepção sobre a ciência e mais particularmente a vacina, esse
entendimento é de muita pobreza, em termos de desprezo à dignidade do ser
humano, em especial aos brasileiros, porque não se pode admitir ou permitir que
haja tanto sacrifício, com o emprego de recursos humanos, materiais e financeiros
para a tentativa da imunização tão somente parcial da sociedade, de maneira
consciente, com o emprego de material que é apenas melhor do que nada, na
opinião de entendido do assunto, quando a grandeza do Brasil não merece essa medíocre
realidade, diga-se de passagem, monstruosa e desgraçada contra o sentimento de
relevância e dignidade dos brasileiros, que merecem o devido respeito como ser humano.
Na
verdade, essa deplorável conclusão de que a aplicação da CoronaVac é melhor do
nada, quando há melhores opções de imunizante no mercado, apenas se harmoniza
com a compreensão do governo de que vem se sacrificando para proteger a população,
exatamente no cumprimento do dever constitucional, porque todos estão vendo o
seu grandioso empenho no combate à pandemia, em que já houve “secular” atraso
na imunização e ainda poderá haver deficiência na qualidade da vacina, não
havendo a menor dúvida sobre a realidade dos acontecimentos.
É
evidente que seria muito injusto se exigir o sacrifício do governo para a imunização
com o uso de vacina com melhor eficácia, diante da maneira como o mandatário
prefere se distanciar das questões inerentes ao combate à pandemia, em clara
insensibilidade à sua gravidade, talvez por imaginar que ele é forte e as demais
pessoas não passem de “maricas”, como já foi dito assim por ele, em que pese a contabilização
de mais de 200 mil mortes e milhares de contaminados pela Covid-19, fato que,
por si só, exige tratamento mais do que especial e de excelência, precisamente
pelo envolvimento de preciosas vidas humanos.
Brasília, em 14 de janeiro de 2021
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