Antes
e depois da passagem de ano, as multidões acorrerão às praias, às feiras populares,
às compras, em todo país e ainda muitas pessoas nem usavam máscara, ignorando a
existência da temível pandemia do coronavírus, como se ela tivesse desaparecido
com o fim de 2020.
Possivelmente
por força das notórias aglomerações havidas naquele período, em todas as
regiões do país, o Brasil agora atravessa seu pior e mais preocupante momento, desde
o início da pandemia da Covid-19.
Somente
nesta semana, o país bateu duas vezes o recorde da média móvel de casos de
infecção pela Covid-19, o qual serve de indicador que acompanha a variação do
número de casos da doença, por meio da média dos últimos 7 dias.
No
dia 12, a média móvel ultrapassou, pela primeira vez, a faixa dos 54 mil casos
diários, voltando ao recorde de 56 mil novas infecções médias por dia, fatos
estes de extrema preocupação para os profissionais da saúde, diante da
iminência da falta de equipamentos hospitalares para garantir atendimento à
demanda de doentes.
Em
termos de óbitos, a média móvel é de 1.000 óbitos diários, verificando-se variação
de aumento de 14%, na comparação com as últimas duas semanas.
Já
a taxa de transmissão, que mede a velocidade com que a doença se espalha, subiu
para 1,21, segundo levantamento promovido pelo Imperial College de Londres, que
foi divulgado no dia 12, ou seja, no caso de 100 pessoas contaminadas, elas têm
o potencial de transmissão do vírus para outras 121 pessoas e esse fato é
bastante desconfortável.
O
aumento da incidência da Covid-19 tem se verificado, principalmente, nas
capitais, onde em quase todas a situação já é caótica.
A
gravidade da situação é tanta que oito das 27 unidades da federação têm mais de
80% das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) ocupadas, sendo que há estados
passando por situação crítica com relação a vagas hospitalares.
No
Estado de São Paulo, houve registro de aumento de 19% nas internações, nas duas
últimas semanas e, certamente por conta disso, o governador decidiu endurecer
as regras da quarentena, em algumas regiões.
Na
cidade do Rio de Janeiro, a ocupação de UTIs públicas tem variado em torno de
90% nos últimos dias, em demonstração de muita preocupação, diante da permanência
alongada de internações de muitos doentes.
Em
Belo Horizonte, a ocupação de UTI vem oscilando em torno de 85%, e isso foi
suficiente para o prefeito da cidade decretar novamente o fechamento do comércio,
fato este que suscitou fortes protestos da população.
A
região Sul também possui dois estados com altas taxas de ocupação de UTIs para
Covid-19, como Paraná, com 81%, e Santa Catarina, com 80%.
No
Norte do país, a pior situação fica para o Amazonas, com 93% das UTIs ocupadas,
mas Rondônia e Amapá também estão no sufoco, com 85% e o 81%, respectivamente,
dos leitos ocupados.
Em
Manaus, o sistemas de saúde entrou em colapso, ocasionando a morte de dezenas
de pacientes asfixiados, em razão do desabastecimento de oxigênio, enquanto
profissionais de saúde, já no limite de suas forças, se esforçavam na realização
de ventilação usando as próprias mãos.
Não
bastasse o aumento de internações e mortes, diante de panorama catastrófico,
especialistas alertam que a situação da pandemia ainda pode piorar, no país,
exatamente em razão do relaxamento dos controles para se evitar contágios,
devido, em maior parte, às aglomerações de fim e começo de ano.
Os
especialistas garantem que a desastrosa conta das aglomerações e dos descuidos vão
continuar chegando nos hospitais, em preços altíssimos, e pode haver maior
agravamento se a população não respeitar as regras básicas de prevenção contra
a infecção, ou seja, se houver interesse para a manutenção de aglomerações e
deixando de usar máscara e os demais cuidados de assepsia contra a Covid-19.
É
possível se acreditar que o extremo medo das pessoas, logo no início da
pandemia, diante do temor pelo desconhecimento da doença, inexiste na
atualidade, e as pessoas agora se mostram saturadas das medidas restritivas, dando
a entender que a Covid-19 não mais vem circulando normalmente e causando muito
estrago na população, diante do seu grau de letalidade e de internações.
À
toda evidência, há a percepção clara de que as pessoas se cansaram dos
controles impostos, nas circunstâncias, e muitas deixaram os cuidados de lado,
mesmo sabendo que os riscos ainda são enormes, porque o vírus continua se
propagando ativamente e em imperceptível velocidade.
A
sociedade precisa se preocupar com o gigantesco risco de colapso do sistema de
saúde pública e particular, em várias regiões, que já se mostra em altíssima exaustão,
justamente pelo aumento de internações.
A
única maneira de se contribuir para interromper ou minimizar a cadeia de transmissão
do vírus é a intensificação das medidas de controle, principalmente com o
isolamento social, na medida do possível.
Não
há a menor dúvida de que é notório que houve certa complacência das autoridades
nesse processo de relaxamento da sociedade, mesmo sabendo que isso não deveria
ter acontecido, para o próprio bem dela.
Sem
dúvida alguma, convém a adoção dos cuidados contra a Covid-19, de modo que eles
sejam novamente intensificados, com o inevitável aumento da fiscalização no
comércio e nas ruas, com vistas ao distanciamento, ao uso de máscara e ainda a
lembrança sobre a conscientização da permanente higienização.
A
sociedade precisa atentar para o fato de que ainda é enorme o risco de colapso
do sistema de saúde em várias localidades do país e somente haverá alguma forma
de se livrar dos cuidados depois da imunização, algo que somente terá abrangência
para aqueles que estejam bem quando a vacina chegar, o que significa dizer que
é imperativo se cuidar mais ainda para se evitar contágio com a Covid-19.
Convém
que as pessoas continuem se prevenindo contra a Cavid-19, adotando as medidas
recomendadas pela saúde pública, na expectativa da chegada da vacina, que
poderá trazer mais tranquilidade e segurança para o retorno às atividades normais
da vida.
Brasília, em 15 de janeiro de 2021
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