terça-feira, 12 de janeiro de 2021

A cura do corona?

             É evidente que o Brasil, apesar das pressões de todos os lados, ainda se encontra engatinhando com relação à imunização dos brasileiros, embora o terrível vírus da morte esteja circulando livremente nas proximidades das narinas nem sempre protegidas, ficando à solta pronto para perigoso e inevitável contágio.

As medidas que o governo adota agora, muito mais por força da pressão da sociedade do que da sua iniciativa, já deviam ter sido tomadas há “século”, ante a premência da proteção das pessoas, ou seja, graças aos solavancos nas “orelhas” do governo, ele despertou muito tardiamente para a realidade dos serviços da sua incumbência constitucional, a de prestar serviços bons e de qualidade quanto à satisfação da saúde dos brasileiros.

Nem a triste contabilização de mais de duzentos mil mortos, pela Covid-19 e milhares de contaminações conseguem sensibilizar o governo, em que pese a população acreditar, em forma de esperança, que a vacina pode contribuir em muito para tranquilizá-la, por ansiar a retomada das belezas da vida normal, o mais rapidamente possível.

É enorme a tristeza de a população precisar ficar à mercê do presidente da República, que tem sido fonte de negacionismo e montanha de antiesperança do povo, no combate à pandemia, o que se permite desacreditar na vinda de algo em benefício da sobrevivência, como a vacinação.

Sem a menor dúvida, mesmo que os brasileiros tenham o máximo de boa-fé, boa vontade e acreditem nos milagres celestiais, ainda assim, no governo, prevalece o infame signo da insensatez, da malevolência e da iniquidade demandado pelo comandante do país, que demonstra aversão a tudo que diz respeito ao combate à pandemia, como nesse caso específico da vacina, que, se tivesse havido o mínimo de sensibilidade e interesse político, o Brasil estaria nas mesmas condições dos países civilizados e evoluídos, quanto à imunização da população, algo que ainda não tem nada definido, fato este que tem o condão de evidenciar monstruosa incompetência administrativa e despreocupação com a vida, porque o estrago à saúde dos brasileiros já é mais do que consumado, lamentável e irrecuperável.

Mais de cinquenta países, que representam mais de um quarto do mundo, já estão imunizando as suas populações, mas, infelizmente, nas terras tupiniquins, vislumbra-se apenas a chaga da omissão, da inépcia e da incompetência no governo, quanto à prestação da política da saúde pública, que deveria ser prioritária, por tratar de algo relacionado com a preservação da vida humana, da maior relevância para o país.

Nem mesmo a alarmante quantidade de óbitos é capaz de mudar o nefasto pensamento das autoridades incumbidas do combate à pandemia, no sentido de merecer a agilização das medidas inerentes à vacinação, mas o presidente se preocupa muito mais em discutir com jornalistas e rebater acusações de adversários, exatamente porque isso é de extrema importância para os seus objetivos pessoais e políticos, por se relacionarem com questões vinculadas à reeleição, daqui, pasmem, a 2 anos, em claríssima evidência de irresponsabilidade administrativa e humanitária.

O presidente do país precisa, o mais urgente possível, se conscientizar de que a demagogia populista que vem sendo adotada como estratégia política, associada ao condenável negacionismo como idiossincrasia comportamental ajudam, de forma significativa, apenas para a desconstrução dos interesses da sociedade, que prefere a urgente implantação do realismo nas ações do governo, de modo que a execução das políticas públicas tenham por escopo o atendimento prioritário das necessidade do povo, como no caso da saúde pública, que nunca esteve à mercê da omissão e da incompetência administrativas.

Frise que o mais humilde dono da mais modesta lojinha da mais distanciada esquina de periferia sabe o que é a lei da oferta e da procura, mas o presidente do país fez questão de ignorá-la, para tentar justificar a falta de vacinas, quando, em infeliz citação, disse que os laboratórios é que têm de irem aos “pés” do governo, jamais este se ir atrás de imunizantes para salvar os brasileiros, como é da sua incumbência constitucional.

Vejam-se o cúmulo da estupidez, como a frase lapidar dita pelo presidente do país, no sentido de que os laboratórios precisam, mais ou menos isso,  implorar ao governo para a aquisição das suas vacinas, fato este que joga por terra o princípio de que, quando a procura é muito maior que a oferta, quem quiser adquirir determinado produto precisa correr atrás do produto para comprá-lo e jamais o contrário, diante da ordem secular e natural de mercado.

O presidente do país faz questão de ironizar em cima da grave situação da pandemia, quando deixa isso muito em evidência, como aconteceu no mar, que disse a “célebre” frase, apenas para “riso” dos animais marinhos e terrestres (os fanáticos), que “Mergulhei de máscara para não pegar Covid nos peixinhos”, frase esta que poderia ter sido evitada, ao menos em respeito ao “mar” de mortos pela Covid-19.

Enquanto isso, o ministério da saúde expõe a tristeza da incompetência, pelo ridículo de ter deixado de comprar seringas e agulhas, numa demonstração do quanto o Brasil se desmancha em omissão e irresponsabilidade em relação ao combate à pandemia, evidenciando patente o desdém, o descaso, a incompetência, o abrangente desgoverno que toma conta do Brasil.

A existência do vírus letal é caso que se discute há quase um ano e a vacinação se vislumbra como a alternativa para derrotá-lo, mas é como fazê-lo não tendo seringas e agulhas, o suficiente para a campanha de vacinação, posto que o governo só conseguiu comprar menos de três por cento do necessário para atender à demanda?

O certo mesmo é que, contando com a competência desse governo, resta acreditar em milagre, como fio de esperança e como forma  de resistência do bravo povo brasileiro, que consegue superar as dificuldades pelo merecimento da sua insistência em mostrar que nem a poderosa Covid-19 é capaz de derrotá-lo.

É precisa sim se acreditar na superioridade com base na esperança depositada na luta dos fortes pela vida, na persistência da luta contra os desgraçados vírus da pandemia e do governo federal, cada qual muito agressivo, impiedoso e desrespeitoso à vida humana.

Vale lembrar aqui importante excerto de célebre poema da escritora católica franco-irlandesa Kathleen O’Meara, que diz, verbis: “e na ausência de pessoas que viviam de maneiras ignorantes, sem sentido e sem coração, a Terra começou a se curar”.

Em apologia ao aludido texto, com todo respeito, poder-se-ia afirmar que o Brasil se cura da Covid-19 e das desgraças social, econômica, administrativa e política se contar com a ausência do presidente da República, que declarou, recentemente que “o Brasil está quebrado; eu não consigo fazer nada”, confirmando assim o tanto da prescindibilidade dele, para possibilitar e facilitar todas as curas ansiadas pelos brasileiros, inclusive do pior mal do século: o corona.

          Brasília, em 12 de janeiro de 2020

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