Em situação bastante inusitada, todos os especialistas
do mundo jurídico e de outras áreas resolveram entender que as Forças Armadas
não são poder moderador.
E, na verdade, nunca foram nem serão, caso em que
isso não passa de mera falácia, talvez para tentar desviar o holofote da imprensa
para outra direção, visto que as Forças Armadas, na forma da sua destinação constitucional,
ex-vi do disposto no art. 142 da Lei Maior, que é, basicamente, a defesa
da pátria, a garantia dos poderes constituídos e da lei e a manutenção da ordem
pública, não se falando, em lugar algum, em nada de poder moderador.
Importa notar que jamais se ouviu de integrante do
alto escalão das Forças Armadas afirmação diferentemente disso, visto que as
funções dessa instituição são bastantes claras, na forma do disposto no citado
dispositivo constitucional.
Não se pode atribuir a elas nada que não esteja no figurino
constitucional, conquanto o poder atribuído a alas seja de maior relevância,
quando diz que elas são mantidas para garantir a estabilidade dos poderes da
República, o que significa a detenção de poder bem maior do que o mero agente moderador,
que significa apenas a possibilidade de mediação entre partes em conflito, em
discussão sobre possível desavença de poder ou interesses, onde se exigir a
figura do moderador.
Que fique claro que a Constituição reservou às Forças
Armadas a autoridade de sublime relevância de poder garantidor de princípios
nela elencados, à luz do disposto no já citado art. 142 da Carta Magna.
Não chega a causar surpresa se, nas circunstâncias,
exigirem que as Forças Armadas passem a ser, por algum tempo, a quarta variável
entre os poderes da República, evidentemente à margem deles, porém, nas circunstâncias,
em condições de superioridade por força do poder garantidor, que nem teria validade
se elas se colocassem, nos casos excepcionais, em posição inferior aos poderes
da República, porque, elas acabariam sem autoridade para o exercício das garantias
mencionadas no aludido art. 142.
É evidente que, nessa circunstância de excepcionalidade,
transmutam-se as Forças Armadas, em caráter momentâneo, de poder garantidor,
não se submetendo a nenhum poder, nem mesmo ao presidente da República, que, na
normalidade, é o comandante-em-chefe delas.
Vejam-se que o presidente da República não pode, nesse
caso excepcional, comandar as Forças Armadas, diante de o poder Executivo ser o
principal causador do desequilíbrio ou do objeto da discussão a ser dirimida, onde
se exige o seu afastamento das comando da Forças Armadas, enquanto não forem saneadas
as questões.
Vejam-se que, nas circunstâncias, são as Forças
Armadas que vão definir o momento exato e adequado para agir, evidentemente
quando achar conveniente e de acordo com o interesse público.
Conforme as circunstâncias,
as Forças Armadas são obrigadas a agirem precisamente quando entenderem sobre a
chegada do momento ideal para a garantia constitucional, nos termos do art. 142
da Lei Maior.
Nessas circunstâncias, após
garantir o restabelecimento da ordem democrática, as Forças Armadas
retirar-se-ão do cenário político, voltando a imperar o estado democrático.
Essa forma de atuação das Forças Armadas não se
confunde nem com “golpe militar” nem com “intervenção militar”, porque a sua atuação
apenas decorreu de norma prevista na Constituição, de modo a se permitir a
plena garantia do ordenamento jurídico pátrio, com vistas ao restabelecimento
da normalidade institucional.
Salve as Forças Armadas, em tempo de paz!
Brasília, em 27 de janeiro de 2021
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