sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

A certificação da legitimidade

 

Os congressistas dos Estados Unidos da América certificaram, na madrugada de hoje, a vitória eleitoral do candidato democrata, momentos depois que apoiadores do candidato derrotado terem invadido, por meio de ato de violência, o Capitólio, que é sede do Congresso americano, em ataque que deixou cinco mortes.

          A notícia se refere a uma mulher baleada pela polí­cia, enquanto as outras quatro pessoas morreram em "emergências médicas", segundo as autoridades policiais.

A sessão havia sido interrompida por causa da violência, tendo sido retomada ainda à noite da quarta-feira, a tempo de se confirmar o resultado sobre a vitória do candidato democrata.

O presidente americano divulgou comunicado, depois da certificação em tela, no qual ele se compromete que haverá "uma transição ordeira em 20 de janeiro".

Não obstante, o mandatário republicano aproveitou o ensejo para reiterar as suas alegações infundadas de fraude eleitoral, dizendo textualmente que "Embora eu discorde totalmente do resultado da eleição e os fatos me confirmam, no entanto, haverá uma transição ordenada em 20 de janeiro".

Após os referidos protestos, o Twitter bloqueou, temporariamente, o presidente americano de usar sua própria conta para mensagens consideradas com potencial de provocar "risco de violência".

O presidente disse ainda que "Eu sempre disse que continuaríamos nossa luta para garantir que apenas os votos legais fossem contados. Embora isso represente o fim do maior primeiro mandato da história presidencial, é apenas o começo de nossa luta para Tornar a América Grande Novamente".       

O vice-presidente dos EUA, que preside o Congresso desse país, declarou a certificação do resultado do pleito eleitoral, após os legisladores contarem e confirmarem os votos eleitorais, com o resultado de 306 votos do candidato democrata e 232 do candidato republicano, tendo afirmando que foi um "dia negro na história do Capitólio dos Estados Unidos".

A imprensa tinha informado que o presidente republicano vinha pressionando seu vice-presidente, que presidia a sessão, para bloquear a certificação do resultado, mas, com coragem e dignidade realmente republicana, este disse ao Congresso, por meio de carta, que não tinha "autoridade unilateral para decidir quais votos eleitorais deveriam ser contados".

Por sua vez, o lí­der republicano do Senado também rompeu definitivamente com o presidente norte-americano, em declaração feita em discurso emocionado, no plenário da Câmara, ao dizer que "Se esta eleição fosse derrubada por meras alegações do lado perdedor, nossa democracia entraria em uma espiral mortal."

O líder democrata do Senado criticou a multidão no Capitólio como "desordeiros e insurgentes, capangas e bandidos, terroristas domésticos", tendo dito que o presidente "tem grande parte da culpa".

Uma senadora disse que não podia mais, em sã consciência, votar contra a certificação, como havia planejado originalmente, citando a invasão "abominável" do Capitólio.

Fora de dúvida, a invasão à sede do Congresso norte-americano atingiu o ápice da insanidade incentivada e respaldada, de maneira inflamada, logo pelo presidente da maior nação democrática do planeta, o que aumenta em muito o nível da insensibilidade quanto ao desprezo aos valores da pátria e do seu povo, ante à demonstração de atitude exclusivamente na defesa de interesse pessoal de político absolutamente desqualificado, à vista da completa insensatez de se recomendar a ação popular contra a certificação de resultado eleitoral reconhecido pelas autoridades eleitorais revestido de regularidade e validade jurídica.  

Sobre o resultado das eleições norte-americanas, é preciso que se ressalte que mais de 60 processos judiciais foram impetrados pelo candidato derrotado, tratando de questionamentos sobre o processo eleitoral realizado em novembro.

Ao que tudo indica, os recursos impetrados nos tribunais competentes, pelo candidato republicano, se fundaram em meros boatos sobre possíveis fraudes, diante dos veredictos unânimes dos julgados em negarem provimento a todos, i.e., por mais que estrebuche o candidato derrotado, ele não provar as suas alegações sobre fraudes no processo eleitoral.

Ou seja, os pedidos judiciais não mereceram acolhimento e isso apenas significa o fracasso dos argumentos por parte de quem não queria aceitar o resultado considerado legítimo e regular pelas autoridades eleitorais dos 50 estados norte-americanos, que declararam, à unanimidade, a inexistência de irregularidades nos procedimentos pertinentes.

Cabe frisar que a legitimidade do processo eleitoral norte-americano foi respaldo pelos tribunais onde os recursos questionando possíveis fraudes não tiveram guarida, ou seja, quando não são aceitados os apelos sobre dúvidas inerentes ao pleito eleitoral, resulta na confirmação da sua legitimidade e isso aconteceu com relação aos fatos colocados sob suspeitas pelo candidato perdedor, que demonstrou não possuir o menor sentimento de civilidade e patriotismo, preferindo contribuir para a barbárie e a insurreição contra os princípios garantidores da democracia e da República.

Brasília, em 8 de janeiro de 2021

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