domingo, 5 de junho de 2022

Desprezo à guerra

O presidente da República afirmou que, no país, há tantos “ladrões do dinheiro” como “nova classe de ladrão”, que quer roubar a liberdade do povo.

Ele fez apelo ao povo, no sentido de que “(...) vocês cada vez mais se interessem por este assunto. Se precisar iremos à guerra, mas eu quero um povo ao meu lado consciente do que está fazendo e por quem está lutando”.

O presidente do país voltou a defender a posse e o porte de armas de fogo e declarou, de forma enfática, que “todas as ditaduras no mundo começaram a partir de uma campanha de desarmamento da população. Com meu governo, a posse e o porte de arma de fogo começaram a ser realidade. Todas as ditaduras começaram com uma campanha de desarmamento do seu povo, assim foi no Chile.”.

Em decisivo aceno à base fiel de seus eleitores, o presidente do país voltou a se posicionar contra o aborto e o que chama de “ideologia de gênero”.

Na ocasião, o presidente do país afirmou que “Nos afastamos da corrupção. Estamos há três anos e meio sem falar disso. Sempre digo, se aparecer corrupção em nosso governo, que pode acontecer, nós ajudaremos a esclarecer os fatos. Mas corrupção orgânica nunca mais”, sem mencionar as suspeitas de irregularidades no Ministério da Educação, onde um gabinete paralelo de pastores atuava na liberação de recursos a prefeituras, e a investigação feita pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, onde havia suspeitas de corrupção, mas o presidente nada fez, com vistas às pertinentes investigações.

Nesses dois casos muito explorados pela imprensa o presidente do país perdeu excelente oportunidade para provar que realmente não existe corrupção no governo, bastando apenas a determinação, na forma da lei, para a apuração dos fatos suspeitos de corrupção, de mas ele preferiu, estranhamente, apenas pôr panos quentes e nada fazer, o que não ficou nada bonito para quem apregoa regularidade na gestão pública.

O certo é sempre investigar, mesmo tendo certeza absoluta sobre a regularidade, porque a apuração tem o condão de certificar a assertiva, quanto mais que se trata de exigência legal nesse sentido.  

Do discurso acima, sobressai a infeliz ideia de que “se preciso, iremos à guerra”, porque é exatamente a última medida que um verdadeiro estadista poderia imaginar para seu povo, na forma de se tentar solucionar problemas com a concordância da intensificação de conflitos.

Por mais grave que o país se encontre, atolado mesmo em severa crise, da pior espécie, nunca é demais lembrar que o presidente do país jamais deve nem pode fazer apologia à guerra e se solidarizar com esse pensamento mórbido e infeliz de guerra, como agenda política de governo, mesmo que isso se vislumbre como medida necessária, porque todo conflito precisa ser evitado, a qualquer custo, em especial por parte do mandatário da nação, que deve fazer o possível e o impossível para que o país esteja sempre em paz.

O presidente do país precisa ter equilíbrio, serenidade e responsabilidade, para nunca sugerir ao povo que se arme para a guerra, porque quem pensa assim não faz a menor ideia quanto às suas graves consequências, em forma de destruição e desestruturação da nação, especialmente pelo fato de nenhum conflito possa contribuir para a solução, quando a via normal e recomendável para o saneamento de problema é a diplomacia, o diálogo ou a busca do entendimento e da concórdia.

A verdade é que somente o estadista com mentalidade bélica na cabeça seria capaz de fazer apologia à guerra, uma vez que a sua missão instituição só tem cabimento para a paz e manutenção da ordem pública, como forma salutar da construção permanente delas, como forma de contribuir para a ordem pública e o bem da sociedade, precisamente na forma preceituada na Constituição brasileira.

Urge que os brasileiros, no âmbito da consciência cívica e patriótica, repudiem os apelos insanos por apoio à guerra, porque a intrínseca índole do Brasil é somente de muita paz, sendo que ela somente se preserva com o pensamento voltado para bons propósitos de harmonia e pacificação entre as pessoas, como forma  de se assegurar a felicidade de todos e a ordem pública.  

          Brasília, em 5 de junho de 2022 

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