sábado, 25 de junho de 2022

Faltar à verdade?

 

O pré-candidato à Presidência da República, pelo PDT, foi alvo de notícia crime, por parte das Forças Armadas, conforme declaração do ministro da Defesa, em razão de o político ter dito que essa instituição é conivente com o crime organizado na Amazônia.

As Forças Armadas acusam o pré-candidato de “incitar, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade. Propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes de ofender a dignidade ou abalar o crédito das Forças Armadas ou a confiança que estas merecem do público”, com incurso nos crimes previstos nos arts. 286, parágrafo único, do Código Penal e 219 do Código Penal Militar.

O pedetista se disse “surpreendido por uma nota agressiva e intempestiva do comando das Forças Armadas, que, além de descontextualizar o que afirmei em entrevista à CBN, ameaça-me com notícia crime, equivocadamente baseada nos artigos 286 do Código Penal e 219 do Código Penal Militar”.

O pré-candidato entende que a nota emitida pelo ministro da Defesa evidencia o grau de politização das Forças Armadas, tendo negado generalização sobre a instituição militar.

Ele assegurou que, “Em nenhum momento, disse que as Forças Armadas, enquanto instituições de estado, estariam envolvidas com essa holding criminosa. Afirmei – e reafirmo – que frente à desenvoltura com que um tipo de estado paralelo age na área, é impossível não imaginar que alguns membros das forças de segurança possam estar sendo coniventes por dolo ou omissão”.

O político disse ainda que responder à pergunta feita a ele foi forma de exercer o direito à liberdade de expressão, “sem excesso ou qualquer discurso de ódio. Muito menos com desrespeito a uma instituição que prezo e defendo”.

É preciso que a verdade seja dita, uma vez que, em entrevista a uma rádio, o pré-candidato afirmou precisamente o contrário do que afirma acima, de que o presidente do país destruiu as bases de comando e controle na Amazônia e que isso transformou a região em uma "holding de crime", tendo afirmado também que o "narcotráfico é claramente protegido por autoridades brasileiras, inclusive as Forças Armadas" e que "não aconteceria se isso não fosse verdadeiro", ou seja, isso que está escrito diz literal e taxativamente que essa instituição é conivente com a bandidagem do narcotráfico.

O pré-candidato afirmou que "O que ele faz pela Amazônia? Ele destruiu as precaríssimas estruturas de comando e controle, desmontou o ICMBio, desmontou a Funai, desmontou o Ibama, destruiu a capacidade operacional das Forças Armadas, que não tem efetivo, verba, que não tem tecnologia para administrar uma imensa faixa de fronteira seca, toda uma malha de igarapés, rios, riachos, bacias, e isso acabou transformando o território nessa holding do crime".

Em seguida, o ministro da Defesa repudiou as declarações do mencionado político e afirmou que as "acusações levianas afetam gravemente a reputação e a dignidade das instituições.”, tendo comunicado que havia apresentado notícia-crime ao procurador-geral da República, com vistas à apuração de supostos crimes de “incitar, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade e propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes de ofender a dignidade ou abalar o crédito das Forças Armadas ou a confiança que estas merecem do público”.

Diante disso, o pré-candidato afirmou, em contestação à aludida defesa, que “Em nenhum momento disse que as Forças Armadas, enquanto instituições de estado, estariam envolvidas com essa holding criminosa. Afirmei - e reafirmo - que frente à desenvoltura com que um tipo de estado paralelo age na área, é impossível não imaginar que alguns membros das forças de segurança possam estar sendo coniventes por dolo ou omissão".

O político disse que a resposta em apreço, “mais uma vez, explicita o grau de politização do atual comando das Forças Armadas, tenta distorcer a crítica que fiz ao notório descontrole que impera, em áreas da Amazônia".

O pré-candidato alegou que exerceu o seu "direito de liberdade de expressão, sem excesso ou qualquer discurso de ódio" e que respeita as Forças Armadas, "Inclusive, afirmei, na mesma entrevista, que os militares são elementos essenciais a um Projeto Nacional de Desenvolvimento, além de ressaltar a importância do fortalecimento das Forças Armadas em um possível governo que eu venha a presidir".

O político criticou o ministro da Defesa, tendo afirmado que o militar vem se "notabilizando por tentativas de interferência no processo político".

O pedetista aproveitou o ensejo para fazer referência indireta ao presidente do país, ao mencionar que "Não me surpreende, portanto, que a iniciativa desta ação política contra mim -e contra a minha candidatura- parta de um Ministro da Defesa que, possivelmente obedecendo ordens de seu comandante supremo, vem se notabilizando por tentativas de interferência no processo político. Como fez, recentemente, em relação ao Tribunal Superior Eleitoral. Vale lembrar que, há pouco tempo, este mesmo ministro disse autoritariamente ao TSE que vai indicar nomes de militares para fiscalizar as urnas".

À toda evidência, esse político não honra a dignidade da atividade política, que tem como essência a verdade, porque, se ele fosse correto mesmo, sustentaria o que disse sobre as Forças Armadas, nestes temos: “o narcotráfico é claramente protegido por autoridades brasileiras, inclusive as Forças Armadas e que não aconteceria se isso não fosse verdadeiro".

Ou seja, o pedetista afirma, de forma categórica, que os militares dessa instituição protegem o narcotráfico, mas agora, depois da “paulada” desferida pelo ministro da Defesa, com o ingresso de notícia crime, ele vem dizer, de forma ensaboada, que, verbis: “Em nenhum momento disse que as Forças Armadas, enquanto instituições de estado, estariam envolvidas com essa holding criminosa.”, o que isso não é verdade, porque contradiz a declaração inicial, transcrita acima.

Comparando a afirmação original, que deu ensejo à notícia crime, quando ele disse que as Forças Armadas protegem o narcotráfico, para agora vir afirmar que nunca declarou que as Forças Armadas se envolveram com holding criminosa, fica muito claro que esse político não honra nem dignifica a própria palavra, ficando muito claro que ele é realmente autêntico político tupiniquim, que mente por conveniência e não tem coragem de confirmar a sua palavra, quando faz afirmação sobre algo e depois a nega, como fazem as pessoas medrosas.

Se bem que é verdade que ele não disse que as Forças Armadas estariam envolvidas com os criminosos, porque ele, no discurso inicial, disse mesmo foi que as Forças Armadas protegem o narcotráfico, conforme consta transcrito acima.

Ou seja, trata-se de pessoa de duas palavras, que são ditas conforme a sua conveniência política, só que, nesse caso, o tiro saiu pela culatra, quando as Forças Armadas exigiram que ele engolisse o desaforo e a agressão descabidos contra instituição que não é política e prima pela integridade do seu nome, como forma de preservação da sua dignidade, que realmente merece respeito dos brasileiros.

A verdade é que a honra, o conceito e a dignidade das Forças Armadas estariam sendo jogados na lama se a instituição tivesse ficado calada, se passando por mouca, depois de tão gravíssima acusação vinda logo de pessoa que mostra, com as negativas não ser digna sequer de ser candidato a cargo público algum, quanto mais ao da maior relevância de presidente da República.

Por seu turno, não tem o menor cabimento a alegação de que ele, ao declarar o que bem entende, inclusive agredir a honra de instituição púbica séria e digna, teria o respaldo do consagrado direito da liberdade de expressão, para dizer o que quisesse, inclusive para distorce a verdade e manchar a imagem das Forças Armadas, com absurda afirmação de que elas estariam protegendo o narcotráfico, como se isso pudesse ter a proteção de princípio que tem por finalidade somente  de elevação das coisas do bem e dos bons princípios, em harmonia com a valorização e a grandeza da humanidade.

Na realidade, seria até verdadeira incoerência o emprego da liberdade de expressão para servir de biombo para alguém puder tentar denegrir a honra e a dignidade das Forças Armadas, mediante gravíssima acusação absolutamente inverídica, porque certamente o político não tem como provar que essa instituição, conforme assegurou no seu discurso irresponsável, proteja traficantes de drogas na Amazônia.

Os verdadeiros brasileiros, atentos aos princípios da verdade, do bom senso e da racionalidade, precisam repudiar, com veemência, as declarações absurdas desse pré-candidato à Presidência da República sobre as Forças Armadas, inclusive aproveitando o ensejo para conhecer melhor a sua verdadeira índole de político que não prima pela verdade dos fatos e ainda não tem escrúpulo para negar as suas afirmações.

Brasília, em 25 de junho de 2022

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