segunda-feira, 6 de junho de 2022

Julgamento injusto?

 

Em grupo de amigos, critiquei com severidade a censura que o presidente da República fez contra um ministro do Supremo Tribunal Federal, que o mandou calar a boca, vestir a toga e simplesmente ficar quietinho no seu canto, sem encher o sago de ninguém, em demonstração de bastante decadência civilizatória, ante o nítido desrespeito à dignidade humana.

Acreditaria que as pessoas com o mínimo de educação e sensibilidade, reprovaria a atitude impensada do presidente do país, que precisa se conscientizar sobre o seu relevante dever institucional de estadista, que não pode ficar esculhambando a torto e a direito quem ele achar por bem, imaginado que ele é o dono da verdade e o todo-poderoso da República, que pode dizer o que bem entender sobre as autoridades?

Não tenciono defender nem muito menos acusar ninguém, porque não tenho competência para coisa alguma disso, mas apenas puder dizer que, sendo o presidente do pais prejudicado por decisão judicial, por mais absurda que ela seja, ele não tem competência legal para, em público, recriminar, repudiar ou criticar o ato pertinente, porque o seu dever constitucional é exclusivamente acatar ou não, tendo o direito de recorrer dela, se quiser.  

Nesse caso, somente há a única hipótese, que também é empregada em todos os países sérios, evoluídos e civilizados, em termos político-democráticos, no sentido de se ingressar com recurso, na via apropriada, para tentar impugnar a decisão judicial, com os argumentos capazes de mostrar que não há procedência jurídica ou algo que for capaz para infirmá-la, tudo em ambiente de compreensão assentada nos princípios do bom senso e da civilidade.

Depois disso, em outro assunto de conteúdo semelhante, um colega de grupo houve por bem se expressar fazendo ilação ao meu pensamento, dizendo, verbis: “Pois  é.  E tem colega que acha, que o presidente tem que tratar esses bandidos com luva de pelica. E jogar pétalas de rosas em cima do STF...”.

Isso foi o bastante para que eu perdesse a costumeira paciência e dissesse a ele, olhe, fulano (eu disse o nome dele), não seja injusto, se essa pessoa que você se refere for eu.

Fique você sabendo que, em momento algum, eu disse isso que você afirmou para o presidente ser bonzinho com ninguém e muito menos jogar pétalas de rosas aos inimigos.

Eu disse, conforme meus textos, que o presidente da República não tem direito de agredir, criticar e muito menos de revidar insultos ou praticar atos contrários à liturgia inerente ao importante cargo que exerce, não tendo defendido ninguém, mas disse que ele não tem competência institucional para esculhambar, como vem fazendo normalmente, uma vez que o possível erro praticado pelo Supremo não o autoriza a agredir ninguém, como tem sido do costume dele.

Eu disse para ele ser honesto e mostrasse, se ele se referisse a mim, onde eu sequer fiz insinuação nesse sentido, mas ele ficou calado, evidentemente não tendo respondido nada.

Eu falei para ele: se você não tem coragem de indicar o nome da pessoa, por favor, não queira sujar a minha imagem, que já não é tão boa perante os colegas, porque não comungo com muitas ideias de apoio ao presidente do país, embora eu tivesse votado nele e vejo que o nível da mediocridade dos outros candidatos ajuda a compreender que não resta outra alternativa senão votar nele, novamente.

Não obstante, eu entender que ele é bastante incompetente no trato de muitos assuntos inerentes à sua função presidencial, em especial no que diz com a observância aos princípios humanitários, como nesse caso, que exige respeito à dignidade de ministros, mesmo que a possível decisão judicial o envolva e tente a prejudicá-lo, porque o único remédio passa pelo recurso civilizado e legal.

Agora, se a pessoa a que o amigo refere não for eu, pelo amor de Deus, me desculpe, mas se for, que reflita melhor para falar inverdades sobre mim, porque isso é muito feio, em se tratando de grupo de amigos, em que somente devem prevalecer ideias construtivas e em respeito à dignidade humana, quanto que já somos todos em idade mais do que madura, que merecemos o devido respeito, até mesmo pelo nosso honroso passado.

Quero deixar claro que não tenho a menor intenção de criticar e muito menos de julgar ninguém, como fui julgado aqui, diga-se de passagem, injustamente, ante o meu sagrado direito à liberdade de expressão, que é igualmente de todos.

Brasília, em 6 de junho de 2022

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