Em
grupo de amigos, critiquei com severidade a censura que o presidente da República
fez contra um ministro do Supremo Tribunal Federal, que o mandou calar a boca,
vestir a toga e simplesmente ficar quietinho no seu canto, sem encher o sago de
ninguém, em demonstração de bastante decadência civilizatória, ante o nítido
desrespeito à dignidade humana.
Acreditaria
que as pessoas com o mínimo de educação e sensibilidade, reprovaria a atitude impensada
do presidente do país, que precisa se conscientizar sobre o seu relevante dever
institucional de estadista, que não pode ficar esculhambando a torto e a
direito quem ele achar por bem, imaginado que ele é o dono da verdade e o
todo-poderoso da República, que pode dizer o que bem entender sobre as
autoridades?
Não
tenciono defender nem muito menos acusar ninguém, porque não tenho competência para
coisa alguma disso, mas apenas puder dizer que, sendo o presidente do pais prejudicado
por decisão judicial, por mais absurda que ela seja, ele não tem competência
legal para, em público, recriminar, repudiar ou criticar o ato pertinente,
porque o seu dever constitucional é exclusivamente acatar ou não, tendo o
direito de recorrer dela, se quiser.
Nesse
caso, somente há a única hipótese, que também é empregada em todos os países sérios,
evoluídos e civilizados, em termos político-democráticos, no sentido de se ingressar
com recurso, na via apropriada, para tentar impugnar a decisão judicial, com os
argumentos capazes de mostrar que não há procedência jurídica ou algo que for
capaz para infirmá-la, tudo em ambiente de compreensão assentada nos princípios
do bom senso e da civilidade.
Depois
disso, em outro assunto de conteúdo semelhante, um colega de grupo houve por
bem se expressar fazendo ilação ao meu pensamento, dizendo, verbis: “Pois
é. E tem colega que acha, que o presidente tem que tratar esses
bandidos com luva de pelica. E jogar pétalas de rosas em cima do STF...”.
Isso
foi o bastante para que eu perdesse a costumeira paciência e dissesse a ele,
olhe, fulano (eu disse o nome dele), não seja injusto, se essa pessoa que você se refere
for eu.
Fique
você sabendo que, em momento algum, eu disse isso que você afirmou para o
presidente ser bonzinho com ninguém e muito menos jogar pétalas de rosas aos
inimigos.
Eu disse,
conforme meus textos, que o presidente da República não tem direito de agredir,
criticar e muito menos de revidar insultos ou praticar atos contrários à
liturgia inerente ao importante cargo que exerce, não tendo defendido ninguém,
mas disse que ele não tem competência institucional para esculhambar, como vem
fazendo normalmente, uma vez que o possível erro praticado pelo Supremo não o
autoriza a agredir ninguém, como tem sido do costume dele.
Eu disse
para ele ser honesto e mostrasse, se ele se referisse a mim, onde eu sequer fiz
insinuação nesse sentido, mas ele ficou calado, evidentemente não tendo respondido
nada.
Eu falei
para ele: se você não tem coragem de indicar o nome da pessoa, por favor, não
queira sujar a minha imagem, que já não é tão boa perante os colegas, porque
não comungo com muitas ideias de apoio ao presidente do país, embora eu tivesse
votado nele e vejo que o nível da mediocridade dos outros candidatos ajuda a
compreender que não resta outra alternativa senão votar nele, novamente.
Não
obstante, eu entender que ele é bastante incompetente no trato de muitos
assuntos inerentes à sua função presidencial, em especial no que diz com a observância
aos princípios humanitários, como nesse caso, que exige respeito à dignidade de
ministros, mesmo que a possível decisão judicial o envolva e tente a prejudicá-lo,
porque o único remédio passa pelo recurso civilizado e legal.
Agora, se
a pessoa a que o amigo refere não for eu, pelo amor de Deus, me desculpe, mas
se for, que reflita melhor para falar inverdades sobre mim, porque isso é muito
feio, em se tratando de grupo de amigos, em que somente devem prevalecer ideias
construtivas e em respeito à dignidade humana, quanto que já somos todos em
idade mais do que madura, que merecemos o devido respeito, até mesmo pelo nosso
honroso passado.
Quero
deixar claro que não tenho a menor intenção de criticar e muito menos de julgar
ninguém, como fui julgado aqui, diga-se de passagem, injustamente, ante o meu sagrado
direito à liberdade de expressão, que é igualmente de todos.
Brasília,
em 6 de junho de 2022
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