sexta-feira, 3 de junho de 2022

O Brasil no rumo certo?

      Um vídeo que circula nas redes sociais  mostra  que  o  governo  teve excelente desempenho em setores da economia, tendo conseguido recuperar muitas perdas no período referente à tenebrosa pandemia do coronavírus.

          Diante disso, eu disse, em grupo de amigos, na internet, que tinha achado maravilhoso o resultado anunciado, mas isso é apenas obrigação do governo, que se elege para realizar políticas necessárias e prioritárias em todas as áreas da gestão pública. 

        Trata-se de excelente desempenho que certamente deve se refletir também nas áreas de saúde, educação e outras, mas talvez isso não seja possível, uma vez que o governo pretende, se ainda não o fez, cortar verbas dessas áreas para conceder aumento do funcionalismo público. 

         É preciso se avaliar o governo no seu conjunto, em termos do seu desempenho, quanto aos resultados das políticas prioritárias para a sociedade.   

        Um dileta amiga disse, em resposta ao meu texto, o seguinte: “Vamos com calma, amigo! Esse Presidente já fez bastante em três anos e meio de Governo. Levemos em conta a Pandemia que destroçou a economia mundial, e o nosso Brasil está saindo na frente em recuperação, sem citar logo no início o rompimento de Brumadinho, o acidente do Óleo no Mar, os acidentes da natureza em vários Estados e que necessitaram de muitas verbas para socorro, fora a falta de aprovação de muitos Projetos por parte do Congresso e STF. (...) impediram demais Ações do Governo. No governo da (...) houve cortes drásticos na Saúde e Educação, além dos roubos, e ninguém reclamava. Ela e o (...) saquearam, cortaram verbas, só investiram no exterior e ninguém deu um piu. Então, tenhamos compreensão e paciência, pq nos parece que o nosso amado Brasil está no rumo certo para o progresso e para nos manter com Liberdade, só falta enquadrar ‘os deuses’ da Suprema Corte, mandar o (...) para a cadeia, e o restante eh Confiar e Agradecer a Deus, e votarmos certo na próxima eleição! Selva”  (Evitei a citação de nomes). 

        Em resposta à aludida mensagem, eu afirmei que não vejo que estou nervoso ou alterado, precisando me calmar. 

        Tudo isso que foi elencado acima, prezada amiga, é fato e até pode ter fundo de verdade, que de ninguém é desconhecido, mas, nem por isso, vou deixar de me expressar ou de criticar sobre fatos que considero que precisam de melhoras no governo. 

        Ou  seja,  as  coisas boas do governo não têm o condão de encobrir as mazelas existentes nele nem também eu sou obrigado a aplaudi-lo, como muitos fazem, fechando os olhos para as deficiências de gestão. 

      Procuro respeitar as opiniões, até as mais absurdas, mas percebo que o meu pensamento, de quando em vez, tem censura, a ponto de se pedir que eu me calme, como se eu tivesse extrapolado exageradamente a avaliação sobre o desempenho do governo. 

          Na minha opinião, ele precisa sim ser criticado naquilo que eu acho que não condiz com o melhor da gestão, segundo penso, independentemente do que as pessoas entendam por maravilhoso no governo, porque o sentimento da democracia é o respeito às opiniões, observados os princípios da liberdade de expressão. 

          Não tenho governo de estimação, mas sei perfeitamente que, na qualidade de cidadão, tenho direito de opinião, em especial naquilo que vejo como errado ou deficiente, como forma de mostrar que tem alguém que enxerga a realidade dos fatos e não se conforma com o estado das coisas. 

        Fico triste por ser necessário ter que dizer o que sinto, porque é preferível ser assim, autêntico, do que omitir os pensamentos, mesmo que seja em resposta à amiga por quem tenho elevados respeito e admiração, por sua postura de muita dignidade no convívio entre seus colegas. 

        Na tentativa de justificar a sua manifestação, a amiga disse o seguinte: “Com o meu respeito Amigo, sinto que fui mal interpretada, e pq muitos não tenham o dom de se expressar como você, mas explicando... o termo que usei como 'calma’, na verdade em momento nenhum senti seu comportamento ‘alterado’, mas sinto sim sempre que se refere às atitudes ou ações do Presidente, com uma ‘certa pressa’ em executar ainda mais em tão curto tempo. Foi aí que eu sugeri, vamos com calma. O mais está tudo bem, concordo e respeito a livre manifestação, tanto que em outras ocasiões, ainda que não concordasse com alguns pontos de vista eu silenciei. O mais está tudo bem, e obrigada pela compreensão do amigo sempre tão participativo, e  como colega tão leal e competente e sempre disposto ajudar todos. Abs.”.    

         Em conclusão sobre essa questão, eu disse que compreendia as colocações da amiga e até as aceitava como forma de explicação, permitindo-me retirar o que eu disse mais do que o devido, por conta da minha interpretação precipitada. 

        Na atualidade, como se vê, diante do fanatismo político-ideológico, tem sido bastante ariscada a manifestação contrária ao desempenho do governo, que merece o imediato cerceamento por parte de quem entende que o Brasil tem o melhor presidente do mundo, como se ele não tivesse a mínima deficiência gerencial e que tudo estivesse funcionando às mil maravilhas, em ritmo de eficiência e efetividade da melhor maneira possível. 

A verdade precisa sim ser dita, doa quem dor, se possível, na melhor da sua literalidade, porque os brasileiros estão sendo obrigados a aturar governo que prometeu moralidade e reformas, que são medidas consistentes na compreensão da existência de administração pública sob a gestão de eficiência e efetividade, com a soma de resultados amplamente satisfatórios para a sociedade.

        Na verdade, foram pouquíssimas ou quase nenhuma as reformulações acontecidas até agora por esse governo, verificando algumas em termos estruturais, mas ficando a dever quanto às mudanças conjunturais do Estado, que tem sido tão carente de modernidade e aperfeiçoamento, além do padecimento do fortalecimento dos princípios da moralidade, quando o presidente da República decidiu se alinhar, em definitivo, por visível conveniência política, em apegada ganância ao poder, aos nefandos princípios fisiológicos abraçados pelo mais deplorável grupo político chamado Centrão, que até tinha a abominação do então candidato ao relevante cargo público do Brasil.

        A verdade é que, enquanto a mediocridade administrativa estiver contando com o apoio de parte dos brasileiros, como vem acontecendo na atualidade, os agentes públicos pensam que estão realmente governando o país, com absoluta competência e eficiência, na certeza de que ele está no rumo certo, quando são gritantes as deficiências e as precariedades que grassam nas estruturas e conjunturas do Estado, assoberbado de sistemas arcaicos, ultrapassados e disfuncionais, precisando urgentemente de reformulações que nunca são implementadas, exatamente por falta, em especial, de competência e priorização por parte do governante.

        Imaginam-se que o Brasil poderia ser outra país bem diferente do atual se houvesse a conscientização sobre amplas reformas dos sistemas administrativo, político, eleitoral, tributário, tecnológico, fiscal, previdenciário, trabalhista, entre outros que pudessem se ajustar à evolução da modernidade e do aperfeiçoamento desejáveis para a otimização das políticas públicas da incumbência constitucional do Estado.    

        Urge que os verdadeiros brasileiros se conscientizem de que a governança do Brasil não é somente no sentido de se dizer sobre a crença em Deus, na pátria, na família e na liberdade, quando a administração pública não é absolutamente nada disso, se não houver clarividência para enxergar as prioridades do país, sob o prisma da modernidade e do aprimoramento da gestão pública no seu conjunto, tendo como pilares os salutares princípios da qualidade, economicidade, eficiência, efetividade, competência e responsabilidade, sob o imperioso lema da satisfatoriedade do interesse público, com embargo da defesa dos objetivos políticos pessoais, quando estes são voltados exclusivamente para a conquista ou a manutenção no poder, em detrimento das causas públicas.  

          Brasília, em 3 de junho de 2022

 

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