segunda-feira, 6 de junho de 2022

O candidato mais honesto?

 

Que não bastasse o poder Judiciário ter se encarregado de anular, sem justificativa nem motivação plausíveis, as condenações impostas por instâncias inferiores ao principal líder da oposição brasileira, inclusive diante da impossibilidade de apelação, por ser o Supremo Tribunal Federal a última instância da Justiça do país, o que já constitui o cúmulo da falta de respeito à dignidade da sociedade honrada.

Agora, para o espanto dos brasileiros sérios e respeitáveis, aparece resultado de pesquisa, realizada, pasmem, entre mil pessoas, sem a indicação da sua qualificação, como informações pessoais de idade, se elas são realmente eleitoras, além da falta da indicação das suas localidades, classe social etc., para terem condições mínimas sobre prestar informação de cunho relativo à honestidade dos candidatos presidenciáveis.

Pois bem, a nova pesquisa Idesp promoveu questionamento entre aquelas pessoas sobre quais “as características mais importantes para o próximo presidente do Brasil.”.

De acordo com esse levantamento, que foi publicado no último dia 3, a honestidade e a preocupação com as pessoas estão em primeiro lugar – e Lula (PT) é considerado o candidato que mais preenche esses requisitos.”.

Segundo esclarecimento prestado pela responsável pela pesquisa, na soma de “muito importante” e “importante”, o quesito referente à honestidade figurou com 97% dos consultados, enquanto a preocupação com as pessoas foi citada por 98% delas.  

Nessa mesma linha de questionamentos, outros atributos foram considerados importantes, a exemplo de competência, inteligência e equilíbrio.

Sem dúvidas, o mais incrível e até inacreditável, por se ser simplesmente estarrecedor revelado nessa pesquisa, o fato de que o líder das pesquisas de votos de eleitores, isto sim o político que não conseguiu provar a sua inocência perante a Justiça brasileira, aparece, conforme a empresa, como o mais honesto de todos os candidatos presidenciais e ainda o mais preocupado com as pessoas, o mais competente, o mais inteligente e o mais equilibrado, até mesmo do que o atual presidente da República, que o segue, em segundo colocado, na avaliação desses quesitos, fatos estes que mostram verdadeiro disparate, à luz da vida real.

Conforme a empresa da pesquisa, os eleitores foram questionados sobre qual dos candidatos tem mais cada característica em relação à honestidade?, cuja resposta foi: “o petista teve 35%, enquanto Bolsonaro teve 30%. Ciro apareceu com 11% e Simone Tebet com 6%.”.

No quesito que se refere à preocupação com as pessoas, a pesquisa diz que “a vantagem de Lula foi maior, com 45%; Bolsonaro teve 24%, Ciro 8% e Tebet 4%. O petista também é considerado o mais experiente, com 46%.”.

Ainda segundo a pesquisa em apreço, “A vantagem de Jair Bolsonaro é em relação a ter ‘pulso firme’. Enquanto 36% atribuem essa característica ao atual presidente, 33% associam a Lula.”.

A empresa Idesp esclarece que o levantamento foi feito entre 30 de maio e 1º de junho e foram ouvidas mil pessoas, por meio de entrevistas por telefone.

Em primeiro plano, convém que pesquisa possa avaliar questões da maior relevância para os interesses da sociedade, de modo que ela objetive a realização de fins bem definidos, sob seriedade, clareza e responsabilidade, tendo a confirmação sobre os dados pessoais dos entrevistados, se realmente eles são eleitores.

Por sua vez, é bem possível que somente no Brasil, empresa de pesquisa utilize consulta com tão somente mil pessoas para concluir sobre atributos da maior importância sobre candidatos presidenciais e isso ainda é divulgado como sendo resultado que expressa confiabilidade e capacidade para se atribuir convicção aos eleitores brasileiros.

Não obstante, causa estupefação e até assombro que empresa com o mínimo de seriedade profissional tenha a insensatez de divulgar pesquisa que contraria o todos os sentimentos de seriedade possíveis, quando se expõe como resultado de pesquisa situação fática contrária absolutamente incontestável.

Talvez somente no Brasil, uma pessoa que sequer tem condições de preencher os essenciais requisitos de conduta moral e idoneidade na vida pública, à vista do seu envolvimento nos deploráveis escândalos do mensalão e do petrolão, além das graves denúncias que tramitam na Justiça, com relação à possível participação em recebimento de propinas, tendo inclusive sido condenado à prisão, cuja parte dela foi cumprida, em razão da configuração dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, possa ser considerada o candidato presidencial mais honesto entre os demais?

É preciso ficar muito claro que o candidato eleito o mais honesto entre somente mil pessoas consultadas foi julgado por um juiz, que teria sido considerado incapaz para julgar, pelo Supremo, por mera interpretação pessoal, mas essa mesma corte máxima da Justiça não considerou incapazes os três desembargadores do Tribunal Regional de Justiça da 4ª Região e os cinco ministros do Tribunal Superior de Justiça, que julgaram, por unanimidade, os mesmos fatos pelos quais foram baseadas as sentenças judiciais anuladas de forma indevida e injusta, as quais, em princípio, têm presunção e força jurídicas para a confirmação das sentenças originais condenatórias à prisão, diante da falta de contestação plausível e válida.

À toda evidência, pesquisa nesse sentido não tem o menor cabimento, como instrumento político sério, quando se imagina que a sua finalidade seria de orientação quanto à normalidade política, de modo que o seu resultado pudesse refletir como elementos consistentes para a convicção dos eleitores.

Com base em pesquisa fajuta que procura distorcer claramente a verdade, os brasileiros precisam se conscientizar de que a verdadeira intenção dela não é exatamente informar a verdade, mas sim tentar desvirtuar situações, possivelmente em benefício de alguma causa escusa, em detrimento dos princípios da honestidade e da responsabilidade cívicas, quando o ideal deveria ser exatamente o contrário, como forma de se contribuir para o progresso da sociedade.

Essa avaliação pode ser considerada absolutamente fora de propósito, diante do parâmetro utilizado, em especial o principal de todos, o da honestidade, que, indiscutivelmente não condiz com a realidade, uma vez que o candidato preferido pela maioria das mil pessoas consultadas não o satisfaz quanto ao requisito sequer da moralidade, à vista do seu envolvimento com atos sob fortes suspeitas de irregularidades na sua gestão, que ele não se digna a assumir, embora eles tenham sido confirmados pelas investigações levadas a efeito pela competente Operação Lava-Jato, conforme mostram os fatos.

Na verdade, o resultado da presente pesquisa, como se pode notar, à toda evidência, só reflete a péssima qualidade política dos eleitores brasileiros, quando demonstram nenhuma preocupação com os atributos indispensáveis que todo candidato precisa ter, em termos de conduta ilibada e idoneidade na vida pública, porque a falta desse cuidado revela promiscuidade bastante prejudicial à grandeza do Brasil, que não merece ser presidente por pessoa revestida do manto da decadência moral, comprovadamente na vida pública.   

Enfim, compete à sociedade avaliar não o resultado da pesquisa, mas sim as suas reais intenções, porque, no presente caso, os fatos acenam para a realidade completamente divergente dos fatos verdadeiros, quando os atributos de honestidade são sempre inalienáveis e incontestáveis no tempo, o que não é exatamente o resultado refletido nessa questionável pesquisa, que tem viés nitidamente distorcido da realidade, sob o prisma da ética, da moralidade e da dignidade.    

Brasília, em 6 de junho de 2022

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