Que não
bastasse o poder Judiciário ter se encarregado de anular, sem justificativa nem
motivação plausíveis, as condenações impostas por instâncias inferiores ao principal
líder da oposição brasileira, inclusive diante da impossibilidade de apelação, por
ser o Supremo Tribunal Federal a última instância da Justiça do país, o que já
constitui o cúmulo da falta de respeito à dignidade da sociedade honrada.
Agora,
para o espanto dos brasileiros sérios e respeitáveis, aparece resultado de pesquisa,
realizada, pasmem, entre mil pessoas, sem a indicação da sua qualificação, como
informações pessoais de idade, se elas são realmente eleitoras, além da falta
da indicação das suas localidades, classe social etc., para terem condições mínimas
sobre prestar informação de cunho relativo à honestidade dos candidatos
presidenciáveis.
Pois bem,
a nova pesquisa Idesp promoveu questionamento entre aquelas pessoas sobre
quais “as características mais importantes para o próximo presidente do
Brasil.”.
De acordo
com esse levantamento, que foi publicado no último dia 3, a honestidade e a
preocupação com as pessoas estão em primeiro lugar – e Lula (PT) é considerado
o candidato que mais preenche esses requisitos.”.
Segundo
esclarecimento prestado pela responsável pela pesquisa, na soma de “muito
importante” e “importante”, o quesito referente à honestidade figurou
com 97% dos consultados, enquanto a preocupação com as pessoas foi citada por
98% delas.
Nessa
mesma linha de questionamentos, outros atributos foram considerados importantes,
a exemplo de competência, inteligência e equilíbrio.
Sem dúvidas,
o mais incrível e até inacreditável, por se ser simplesmente estarrecedor revelado
nessa pesquisa, o fato de que o líder das pesquisas de votos de eleitores, isto
sim o político que não conseguiu provar a sua inocência perante a Justiça brasileira,
aparece, conforme a empresa, como o mais honesto de todos os candidatos
presidenciais e ainda o mais preocupado com as pessoas, o mais competente, o mais
inteligente e o mais equilibrado, até mesmo do que o atual presidente da
República, que o segue, em segundo colocado, na avaliação desses quesitos,
fatos estes que mostram verdadeiro disparate, à luz da vida real.
Conforme
a empresa da pesquisa, os eleitores foram questionados sobre qual dos candidatos
tem mais cada característica em relação à honestidade?, cuja resposta foi: “o
petista teve 35%, enquanto Bolsonaro teve 30%. Ciro apareceu com 11% e Simone
Tebet com 6%.”.
No
quesito que se refere à preocupação com as pessoas, a pesquisa diz que “a
vantagem de Lula foi maior, com 45%; Bolsonaro teve 24%, Ciro 8% e Tebet 4%. O petista
também é considerado o mais experiente, com 46%.”.
Ainda
segundo a pesquisa em apreço, “A vantagem de Jair Bolsonaro é em relação a
ter ‘pulso firme’. Enquanto 36% atribuem essa característica ao atual
presidente, 33% associam a Lula.”.
A empresa
Idesp esclarece que o levantamento foi feito entre 30 de maio e 1º de junho e
foram ouvidas mil pessoas, por meio de entrevistas por telefone.
Em primeiro
plano, convém que pesquisa possa avaliar questões da maior relevância para os
interesses da sociedade, de modo que ela objetive a realização de fins bem
definidos, sob seriedade, clareza e responsabilidade, tendo a confirmação sobre
os dados pessoais dos entrevistados, se realmente eles são eleitores.
Por sua
vez, é bem possível que somente no Brasil, empresa de pesquisa utilize consulta
com tão somente mil pessoas para concluir sobre atributos da maior importância sobre
candidatos presidenciais e isso ainda é divulgado como sendo resultado que
expressa confiabilidade e capacidade para se atribuir convicção aos eleitores
brasileiros.
Não
obstante, causa estupefação e até assombro que empresa com o mínimo de
seriedade profissional tenha a insensatez de divulgar pesquisa que contraria o
todos os sentimentos de seriedade possíveis, quando se expõe como resultado de
pesquisa situação fática contrária absolutamente incontestável.
Talvez
somente no Brasil, uma pessoa que sequer tem condições de preencher os
essenciais requisitos de conduta moral e idoneidade na vida pública, à vista do
seu envolvimento nos deploráveis escândalos do mensalão e do petrolão, além das
graves denúncias que tramitam na Justiça, com relação à possível participação em
recebimento de propinas, tendo inclusive sido condenado à prisão, cuja parte
dela foi cumprida, em razão da configuração dos crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, possa ser considerada o candidato presidencial mais
honesto entre os demais?
É preciso
ficar muito claro que o candidato eleito o mais honesto entre somente mil
pessoas consultadas foi julgado por um juiz, que teria sido considerado incapaz
para julgar, pelo Supremo, por mera interpretação pessoal, mas essa mesma corte
máxima da Justiça não considerou incapazes os três desembargadores do Tribunal Regional
de Justiça da 4ª Região e os cinco ministros do Tribunal Superior de Justiça,
que julgaram, por unanimidade, os mesmos fatos pelos quais foram baseadas as
sentenças judiciais anuladas de forma indevida e injusta, as quais, em princípio,
têm presunção e força jurídicas para a confirmação das sentenças originais
condenatórias à prisão, diante da falta de contestação plausível e válida.
À toda
evidência, pesquisa nesse sentido não tem o menor cabimento, como instrumento
político sério, quando se imagina que a sua finalidade seria de orientação quanto
à normalidade política, de modo que o seu resultado pudesse refletir como elementos
consistentes para a convicção dos eleitores.
Com base
em pesquisa fajuta que procura distorcer claramente a verdade, os brasileiros
precisam se conscientizar de que a verdadeira intenção dela não é exatamente
informar a verdade, mas sim tentar desvirtuar situações, possivelmente em benefício
de alguma causa escusa, em detrimento dos princípios da honestidade e da
responsabilidade cívicas, quando o ideal deveria ser exatamente o contrário,
como forma de se contribuir para o progresso da sociedade.
Essa avaliação
pode ser considerada absolutamente fora de propósito, diante do parâmetro
utilizado, em especial o principal de todos, o da honestidade, que, indiscutivelmente
não condiz com a realidade, uma vez que o candidato preferido pela maioria das
mil pessoas consultadas não o satisfaz quanto ao requisito sequer da moralidade,
à vista do seu envolvimento com atos sob fortes suspeitas de irregularidades na
sua gestão, que ele não se digna a assumir, embora eles tenham sido confirmados
pelas investigações levadas a efeito pela competente Operação Lava-Jato,
conforme mostram os fatos.
Na
verdade, o resultado da presente pesquisa, como se pode notar, à toda
evidência, só reflete a péssima qualidade política dos eleitores brasileiros, quando
demonstram nenhuma preocupação com os atributos indispensáveis que todo candidato
precisa ter, em termos de conduta ilibada e idoneidade na vida pública, porque a
falta desse cuidado revela promiscuidade bastante prejudicial à grandeza do
Brasil, que não merece ser presidente por pessoa revestida do manto da
decadência moral, comprovadamente na vida pública.
Enfim,
compete à sociedade avaliar não o resultado da pesquisa, mas sim as suas reais intenções,
porque, no presente caso, os fatos acenam para a realidade completamente
divergente dos fatos verdadeiros, quando os atributos de honestidade são sempre
inalienáveis e incontestáveis no tempo, o que não é exatamente o resultado
refletido nessa questionável pesquisa, que tem viés nitidamente distorcido da
realidade, sob o prisma da ética, da moralidade e da dignidade.
Brasília,
em 6 de junho de 2022
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