O
presidente da República comparou as ações de um ministro do Supremo Tribunal
Federal, que cuida da sindicância das fakes news, com a prisão da ex-presidente
da Bolívia, que foi condenada sob o argumento de ter tramado golpe de Estado,
em 2019, naquele país.
O
presidente brasileiro afirmou que "A turma dela perdeu (as eleições),
voltou a turma do Evo Morales. O que aconteceu um ano atrás? Ela foi presa
preventivamente. E agora foi confirmado dez anos de cadeia para ela. Qual a
acusação? Atos antidemocráticos. Alguém faz alguma correlação com Alexandre de
Moraes e os inquéritos por atos antidemocráticos? Ou seja, é uma ameaça para
mim quando deixar o governo?".
Na
verdade, o presidente do país confessa temor de ser preso, caso não seja
reeleito.
O que se
percebe é que, se o presidente do país teme ser preso, depois de deixar o
cargo, implica que ele tem convicção de ter cometido algo indevido, errado.
Ou seja,
se ele tivesse absoluta certeza de que só vem praticando atos em estrita
harmonia com os ditames constitucionais e legais, jamais passaria pela cabeça
dele ideia tão absurda como essa de ser preso quando sair do governo.
É evidente
que, se o presidente do país tivesse certeza de fazer tudo certinho, certamente
que ele nunca suscitaria algo extremamente desagradável.
A ilação que
deflui disso é que, ao aventar a possibilidade de ser preso, o presidente do
país demonstra enorme intranquilidade e ainda dá de bandeja excelente ideia
para seus opositores, que agora têm elementos importantes para a fundamentação
de bases jurídicas para possibilitar o enquadramento dele e colocá-lo na
cadeia, bastando apenas essa dica, porque mentalidade rica de argumentos certamente
que encontrará motivos para perturbar a tranquilidade do capitão.
Os
brasileiros anseiam por que o presidente da República consiga esclarecer e
justificar o seu envolvimento nos inquéritos que ele responde no Supremo
Tribunal Federal, de modo que, reeleito ou não, ele não precise passar pela
dissabor de se preocupar com essa possibilidade de ser preso.
Brasília,
em 20 de junho de 2022
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