Uma
pesquisa mostrou a triste realidade de que o Brasil desperdiça 40% do talento
de suas crianças, no sentido de que apenas 60% do capital humano potencial,
nascido em 2019, será alcançado ao completar 18 anos.
Os
cálculos fazem parte de estudo inédito do Banco Mundial, sob o título Human
Capital Project, iniciativa lançada para servir de alerta aos governos
quanto à importância do investimento em pessoas, mais especificamente em educação.
O
relatório mais recente do Plano Nacional de Educação (PNE), divulgado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), em 24 de junho, revela que 35
indicadores apresentados no documento estão com nível de execução menor do que
80%.
Este ano é
o 8º do PNE, proposto em 2014, com vistas a 2024, como parâmetro de como a
educação brasileira está no prazo de 10 anos.
Faltando
apenas dois anos do fim do referido período, seria plausível que todos ou quase
todos os indicadores tivessem alcançado o percentual, mas o resultado é bem
diferente do planejado, porque, de 56 indicadores, a estimativa é de que apenas
43 conseguiram chegar a pelo menos 50% do esperado, fato este que é considerado
pelo Inep como "avanço limitado" da educação brasileira,
durante a vigência do PNE.
Outro
dado que chama a atenção são as taxas de proficiência escolar, medida pelo
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do Inep, cuja avaliação é feita
no 2º ano do ensino fundamental, que mostra que apenas 34,2% dos estudantes,
nesse estágio, podem ser considerados alfabetizados na língua pátria, ou seja,
no caso, na língua portuguesa, e somente 31,7% estão no nível desejado de
compreensão matemática.
Não bastassem
os dados do item anterior, o atendimento escolar de crianças entre 6 e 14 anos
retrocedeu para o nível anterior ao PNE, isto é, a taxa de cobertura caiu
abaixo de 96% pela primeira vez em 10 anos, sendo que a meta do Plano é de que
todas as crianças nessa faixa etária estejam na escola, sem exceção.
De acordo
com a Unesco, quatro em cada cinco países do mundo destinam menos de 1% do
Produto Interno Bruno (PIB) para investimentos em pesquisas científicas, com
destaque para a China e os Estados Unidos, que concentram 60% da produção.
No
Brasil, a porcentagem é de 1,26%, contra 1,79% da média mundial.
O valor
investido pelo governo federal, em 2020, em ciência e tecnologia foi de R$ 17,2
bilhões, que é menor do que o montante aplicado em 2009, na cifra de R$ 19
bilhões.
A verdade
é que a educação brasileira, mostrada no ensaio acima, pode ser comparada a uma
colcha de retalhos interligada em frangalhos, que vem pedindo socorro há
bastante tempo, mas só encontra, em todos os governos, ouvidos surdos e olhos
míopes, incapazes de compreenderem a necessidade mais do que urgente de priorização
quanto aos cuidados na sua reformulação estrutural.
A
educação brasileira, além de padecer da relegação a planos secundários, tende a
piorar ainda mais com o passar do tempo, porque ela já se encontra agonizando,
sobrevivendo sob aparelhos, ante a sua precariedade, envolvendo todos os níveis
do ensino.
A educação
brasileira clama por apadrinhamento que entenda sobre a sua valorização como
instrumento capaz de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico.
É preciso
que sejam construídas bases sólidas para a educação do país, desde o ensino
básico ao superior, envolvendo as instituições públicas e privadas, destinadas
às mudanças necessárias de modernidade e aperfeiçoamento do ensino, em todos os
níveis, porque o sistema atual só conspira contra a inteligência e a
competência dos governos, que não se envergonham de patrocinar políticas
deficientes e atrasadas, em especial, na educação, que, se aprimorada, pode sim
se tornar sinônimo de desenvolvimento, todos os matizes da sociedade.
Diante do
exposto, concito os verdadeiros brasileiros que se conscientizem sobre a
urgente necessidade de se exigir dos governantes a melhoria da educação, de
modo que sejam priorizadas as políticas capazes de revolucioná-la em harmonia
com a grandeza do Brasil e dos brasileiros.
Brasília,
em 27 de setembro de 2022
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