Em
mensagem publicada nas redes sociais, um famoso jornalista tece os maiores elogios
ao principal líder da oposição brasileira, o colocando no Olimpo dos deuses da
política, conforme o longo e escorreito texto a seguir.
"Eu
não queria dizer isso. Pode ferir sensibilidades, desmanchar castelos de areia,
coisa e tal. Mas, que se dane. O fato, nu e cru, é que Lula vai sendo
canonizado, imortalizado e santificado no altar máximo da glorificação
histórica. Nem Che Guevara, nem Fidel Castro, nem Nelson Mandela chegaram perto
dessa dimensão. E essa consagração é insuspeita: não há maior prêmio nem maior
insígnia do que ser perseguido e caçado com este nível de violência pelo
aparelhamento judicial e financeiro em uníssono, com o auxílio de toda a
imprensa e dos serviços de "inteligência" nacionais e estrangeiros. É
o maior reconhecimento de uma vida que teve um sentido maior, léguas de
distância do que a maioria de nós poderia sonhar. Nem todos os títulos honoris
causa do mundo juntos equivalem a essa deferência: ser perseguido por gente do
sistema, por representantes máximos do capital, da normatização social e da
covardia intelectual, gente que pertence ao lado fascista da história. Não
há Prêmio Nobel que possa simbolizar a atuação democrática de Lula no mundo,
nem todos os prêmios que Lula de fato ganhou ou recusou (a lista é imensa, uma
das maiores do mundo). Porque a honraria mesmo que se desenha é esta em curso:
ser o alvo máximo do ódio de classe e o alvo máximo do pânico democrático que
tem fobia a voto. Habitar 24 horas por dia a mente desértica dos inimigos da
democracia e povoar quase a totalidade do noticiário político de um país
durante 40 anos, dando significado a toda e qualquer movimentação social na
direção de mais direitos e mais soberania, acreditem, não é pouco. Talvez, não
haja prêmio maior no mundo porque Lula é, ele mesmo, o prêmio. É ele que todos
querem, para o bem ou para o mal. É o líder-fetiche, a rocha que ninguém
quebra, o troféu, a origem, a voz inaugural, rouca, que carrega as marcas da
história no timbre e na gramática. Há de se agradecer essa grande homenagem
histórica que o Brasil vem fazendo com extremo esmero a este cidadão do mundo.
Ele poderia ter sido esquecido, como FHC. Mas, não. Caminha para a eternidade,
para o Olimpo, não dos mártires, mas dos homens que lutaram e fizeram valer uma
vida em toda a sua dimensão espiritual e humana.".
É impressionante,
simplesmente, uma pessoa com o extremo domínio do saber e da intelectualidade,
ser capaz de vislumbrar somente infinidade de qualidades e atributos
nobilíssimos sobre determinado político que, ao contrário, se tornou autêntico
símbolo da desonestidade, diante da descoberta de criminosos esquemas da
corrupção no governo dele, que não impediu o jornalista de colocá-lo no Olimpo
dos deuses da política, como se ele fosse o suprassumo dos imortais,
inigualável em todos os sentidos imagináveis, como se os não tivessem valor algum
os sentimentos inatos da moralidade, da probidade e da imaculabilidade na
administração pública?
Agora, causa gigantesca perplexidade a
completa ignorância sobre os deploráveis e famigerados escândalos do mensalão e
do petrolão, em que ele esteve e continua a estar envolvido até a alma,
exatamente porque os fatos aconteceram no governo dele, onde foi identificado o
epicentro avassalador da ladroagem deslavada de recursos públicos, com destaque
especial para os cofres da Petrobras, cuja estatal quase foi à falência, por
ter passado de uma empresa bem administrada e das mais poderosas do mundo, em
termos econômicos, para, pasmem, a mais endividada da face da Terra.
É espantoso que a mentalidade humana
tenha tamanha capacidade para a obscuridade e a fantástica omissão da verdade,
em especial quando os degradantes fatos irregulares tiveram o condão de ferir
mortalmente todos os princípios inerentes à dignidade, à honra, à moralidade, à
pureza do ser humano, que perde todos os conceitos como pessoa digna de respeito
pela sociedade, além das demais condutas capazes da denotação de todas as
qualidades e os conceitos como aqueles sublinhados pelo articulista.
À toda evidência, o jornalista se
expressou fazendo referências elogiosas muito acima do mérito do homenageado, para
quem até poderia fazer realmente jus a todas àquelas qualidades não fosse o
completo desprezo dele pelos sagrados princípios da administração pública, à
toda evidência, à luz dos fatos irregulares investigados por órgãos públicos
competentes, cujo resultado resume na condenação dele à prisão, pela prática
dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e isso conspira contra
tantas qualidades, como se elas tivessem o condão de suplantar a vergonha de
tantos crimes na gestão pública.
A verdade é que um texto que é
tecnicamente destinado a enaltecer algo que poderia merecer credibilidade perde
a sua real importância exatamente porque ele não traduz a verdade histórica
sobre os acontecimentos escandalosos protagonizados precisamente no governo
daquele que realmente seria merecedor, até com mérito, mas tudo se reduz a pó,
a nada, diante dos horrorosos escândalos, que realmente aconteceram,
conforme os fatos investigados e julgados pela Justiça, causando monstruosos
prejuízos ao patrimônio dos brasileiros, os quais, infelizmente não foram
assumidos pelos principais envolvidos, que eram governantes na época dos episódios
irregulares.
É simplesmente inacreditável que ainda
tenham brasileiros igualmente que desprezam os princípios da moralidade e da
dignidade na administração pública e também apoiam políticos que são
denunciados pela prática de corrupção, a despeito das investigações que
resultaram na condenação à prisão dele, no bloqueio de seus bens e em
outras medidas judiciais cautelares, inerentes à gestão fraudulenta e maculada,
e de não haver esboço do mínimo interesse em limpar seu nome sujo perante a
Justiça, por meio dos devidos e necessários esclarecimentos e justificativas
sobre os fatos inquinados de delituosos.
Certamente que a forma da gestão
pública praticada por esses políticos somente merece o apoio dos brasileiros
que acham normal a ocorrência de corrupção e da desonestidade com o envolvimento
de recursos públicos, que deve ser o caso do famoso articulista e das pessoas
que o aplaudem, em clara demonstração de insensibilidade à completa destruição dos
princípios republicanos, que são indispensáveis na administração pública.
Brasília, em 6 de setembro de 2022
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