O
principal candidato da esquerda brasileira à Presidência da República criticou
o que ele considerou de uso político-eleitoral as comemorações do 7 de Setembro
pelo presidente da República, tendo cobrado do candidato à reeleição
explicações sobre a compra de imóveis pela família dele.
Ao
declarar que, em 2006 e 2010, quando era presidente do país e foram anos de
eleições presidenciais, ele não usou o feriado da Independência para fazer
política ou campanha, tendo dito que o presidente brasileiro deveria explicar
como pretende resolver os problemas da população em vez de atacá-lo.
O
candidato da esquerda disse que, "Ao invés de discutir os problemas do
Brasil, tentar falar para o povo brasileiro como ele vai resolver o problema da
educação, da saúde, do desemprego, do arrocho do salário mínimo, ele tenta
falar de campanha política e tenta me atacar".
Como
não poderia ser diferente, o candidato da esquerda, por liderar as pesquisas de
intenção de voto, foi o principal alvo
dos ataques do presidente do país, por ocasião dos atos em comemoração ao Sete
de Setembro.
No
duro discurso que o presidente do país pronunciou no Rio de Janeiro, foi dito
que tipo de gente como o candidato da esquerda tem de ser "extirpado da
vida pública" e ainda o chamou de "quadrilheiro. Não é
apenas não voltar à cena do crime, esse tipo de gente tem que ser extirpado da
vida pública".
O
candidato da esquerda, enfurecido, contra-atacou, ao dizer que o presidente do
país precisa explicar "como é que a família juntou 26 milhões em
dinheiro vivo para comprar 51 imóveis, é isso que ele tem que explicar".
O
candidato da esquerda se referia à reportagem do portal UOL, segundo a qual,
desde a década de 1990, o presidente do país, a mãe, os irmãos, os filhos e as
ex-mulheres dele negociaram 107 imóveis, dos quais 51 foram pagos total ou
parcialmente com dinheiro vivo, embora o mandatário tenha negado relação com as
compras feitas por seus parentes e mais recentemente afirmou que a informação
de uso de dinheiro vivo está incorreta.
Por
último, o candidato da esquerda disse que "o Brasil precisa de melhor
sorte. O Brasil precisa de um governo que cuide do povo... de uma pessoa que
cuide do povo como se fosse um dos seus.".
Não
somente na disputa eleitoral para o cargo presidencial, mas também em todas as
atividades relacionadas com atividades públicas deve prevalecer o saudável princípio
da transparência, onde, de acordo com o dito popular, o “pau que bate no Chico
também precisa bater no Francisco”, pois é essa a regra natural.
Ou
seja, se o candidato da esquerda exige que o seu principal opositor se digne a
esclarecer a compra de imóveis, inclusive pela família dele, convém que ele
também, primeiro, se disponha a se comprometer com a transparência das
atividades da família dele, em especial quanto às suspeitas de enriquecimento
ilícito, tanto por parte dele como da ex-esposa e dos filhos dele.
Nesse
sentido é o que se chama de isonomia de tratamento entre os candidatos, em que
nenhum questionamento pode ficar sem explicação ou esclarecimento, que, aliás,
se trata de procedimento nobre normalmente observado entre os candidatos
presidenciais em disputa nos países civilizados e evoluídos, em termos
políticos e democráticos, para que os eleitores possam avaliar o quanto das
lisuras pessoais deles.
Agora,
não fica nada bem para o candidato da esquerda só a exigência da transparência
por parte apenas do seu principal opositor, como que se somente ele estivesse
em situação nebulosa, devendo explicações para a sociedade, enquanto o próprio
acusador tem vasta ficha policial de causar inveja aos piores criminosos não só
do Brasil como do mundo, à vista dos processos penais protocolados na Justiça,
que ainda pendem de julgamento, por versarem sobre graves denúncias sobre
recebimento de propinas por parte dele.
Com
relação a esses casos judiciais, em dois processos até já houve julgamento das
respectivas ações, que resultaram na condenação dele à prisão, pela constatação
da prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que
significam, respectivamente, indevido recebimento de dinheiro, em forma de
propina, e falta de informação aos órgãos competentes sobre a existência de
patrimônio, ou seja, omissão de importante acréscimo patrimonial.
A
bem da verdade, a despeito dessas sentenças condenatórias, elas foram anuladas
pela Justiça, sem exame de mérito, o que vale dizer que os atos delituosos de
que se tratam permanecem intactos, por ter entendido que a jurisdição de
Curitiba era incompetente para julgá-lo.
Não
obstante, os respectivos processos foram enviados para a Justiça de Brasília,
onde seria procedido novo julgamento, que não haverá mais, por que diante da
prescrição das ações penais.
Isso
não significa, de maneira alguma, a absolvição do acusado pela prática dos
crimes por ele praticados, que permanecem sob a forma de mácula da improbidade
administrativa, pela constatação, conforme investigações, do recebimento de
propina por parte do principal envolvido nas falcatruas, de forma que isso
implica na incompatibilidade com o exercício de cargo público eletivo.
Enfim,
é preciso que os fatos questionáveis, na vida pública, sejam devidamente
tratados sob os princípios não só da coerência, mas também da transparência, em
estrita atenção ao exato respeito democrático, como forma de valorização do
voto, em que o eleitor precisa avaliar especialmente a índole de cada
candidato, quanto à observância aos salutares princípios republicanos da ética,
da moralidade, da honestidade e de todos os demais que são essenciais na
administração pública.
Brasília, em 9 de setembro de 2022
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