quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Deformação da verdade?

 

Dados da mais recente pesquisa Ipec, encomendada por uma emissora televisiva, divulgados ontem, “apontam que 67% dos brasileiros se interessam pelas eleições que ocorrerão em outubro para escolher presidente, governador, senador e deputados. Já os que dizem ter pouco ou nenhum interesse somam 33%”.

Dos eleitores favoráveis às eleições, 38% disseram ter muito interesse nas eleições, e outros 29% afirmaram ter interesse médio, enquanto entre os desinteressados, 19% disseram ter pouco interesse e, 14%, nenhum interesse.

O interesse pelas eleições aumenta junto com a renda dos eleitores, segundo a pesquisa, porquanto o percentual de eleitores que ganham mais de cinco salários mínimos e disseram estar muito interessados é de 52% e os que têm interesse médio somam 27%, totalizando 79%.

Já entre as pessoas que ganham até um 1 salário mínimo, apenas 37% dizem estar muito interessados e 26% têm interesse médio, totalizando 63%.

O Ipec informou que, na aludida pesquisa, foram ouvidas 2.512 pessoas, no período de 9 a 11 do fluente mês, compreendendo 158 municípios, quando existem mais de 156 milhões de eleitores habilitados ao voto e mais de 5.600 municípios, no território brasileiro.

À toda evidência, o notícia em tela mostra, mais uma vez, verdadeiro acinte à inteligência dos brasileiros, ante a afirmação proposital de que “67% dos brasileiros se interessam pelas eleições que ocorrerão em outubro (...)”.

Conforme foi declarado acima, a pesquisa de que se trata somente ouviu 2.512 pessoas, o que é bem diferente da consulta aos brasileiros, que se conduziria à natural ilação de que “67% dos brasileiros” consultados pelo do Ipec, no caso 100% da população, teria abrangência sobre todos os brasileiros, o que não tem nada de verdade nisso, quando a análise só poderia calcar sobre a ínfima quantidade de 2.512 pessoas.

Os veículos de comunicação precisam criar vergonha e sentimento de honestidade, para somente informarem notícias verossímeis, que tenham condições de confrontação quanto aos dados capazes de sustentarem a verdade, diferentemente da informação acima, que se baseia em pesquisa com abrangência em 2.512 pessoas como se ela tivesse sido feita sobre o universo dos brasileiros, o que não é verdade.

Ora, em se tratando de estatística, a análise do assunto de que se trata precisa cinge-se à vontade refletida pelas pessoas ouvidas, no caso, à das 2.512 pessoas, não tendo a menor razoabilidade que o sentimento deixado por elas se estenda para a abrangência da totalidade dos brasileiros, porque essa não é a base científica exemplar, em termos estatísticos, para a definição permitida para a conclusão de determinado tema, ante a existência de múltiplas variantes, principalmente as peculiares sobre o assunto enfocado.

No caso em comento, fica muito feio, horroroso mesmo, aproveitar a pesquisa realizada entre 2.512 pessoas para se concluir que 67% dos brasileiros têm interesse pelas eleições, quanto apenas 1.683 pessoas consultadas fizeram essa afirmação, o que demonstra a materialização de clamorosa mentira, na certeza de que os ingênuos vão acreditar em grosseira e mentirosa manipulação feita sob interesse escuso, que somente merece repulsa, para mostrar a falta de escrúpulo da emissora, que precisa apenas transmitir informações verdadeiras para a sociedade.

À toda evidência, há visível interesse em distorcer a verdade, quando, a pretexto de pesquisa encomendada, informar situação que não reflete a realidade, eis que 67% dos brasileiros resultariam em 145 milhões de pessoas, quando a pesquisa só consultou 2.512 pessoas, que são absolutamente incapazes de representarem a população do Brasil.

No caso, o que custa se informar a verdade sobre os fatos, quando não pega bem se transformar, com visível desvio da verdade, meras 2.512 pessoas na população brasileira, para mais de 217 milhões de pessoas, que são representadas por tão poucas centenas de pessoas?

Sim, é preciso sublinhar essa forma nada correta e até irresponsável forma de informação, que pode levar à demonstração de haver interesses em distorcer a verdade, quando se aproveita pesquisa para mostrar dados inverídicos sobre assunto de suma importância para a sociedade, ainda mais em plena campanha eleitoral, quando a democracia cobra honestidade e verdade sobre os fatos da vida.

Convém que os brasileiros repudiem, com o máximo de rigor, a tentativa de manipulação da verdade, quando se aproveitam meros dados de pesquisa para mostrar resultados inverídicos, como se isso fosse normal.  

          Brasília, em 14 de setembro de 2022

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