terça-feira, 20 de setembro de 2022

Desrespeito aos princípios?

 

Circula nas redes sociais vídeo onde o candidato a vice-presidente da República, na chapa do principal candidato da esquerda, pronunciou mensagem, tempos atrás, quando, evidentemente, ele ainda era adversário político do agora aliado, que andam de mãos dadas, mas, no passado não muito distante, o seu entendimento sobre o amigo de coligação política era de absoluta desaprovação.

A mensagem a seguir tem a contundência da exata personalidade descrita por ele sobre o  seu companheiro na campanha eleitoral, pondo bastante autenticidade nas suas palavras, naquilo que realmente representa o político companheiro de chapa, por ter mostrado o preciso modelo de homem público em decadência moral, de tal modo que tamanha excrescência, nas afirmações dele, não teria a mínima condição de representar, em termos políticos, os brasileiros honrados, honestos e dignos.   

Eis a mensagem pronunciada e publicada em vídeo pelo candidato a vice-presidente do principal partido da oposição, ipsis litteris: "O Lula é o PT. O Lula é o retrato do PT. Partido envolvido com corrupção, sem compromisso com as questões de natureza ética, sem limites. É muito triste o que nós estamos vendo. O que a sociedade espera é que seja apurado com o devido absoluto rigor e se faça Justiça!".

É óbvio que o político estava se referindo ao envolvimento do seu atual companheiro de chapa no deplorável escândalo do petrolão, que aconteceu exatamente na gestão dele, cujo desvio de conduta foi motivo de reprovação não só porte dos políticos honrados, mas também da sociedade digna e honesta.

Por força das investigações pertinentes, o agora titular da chapa foi julgado e condenado à prisão, diante da comprovada prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tendo cumprido parte da pena, antes de as sentenças terem sido anuladas por fajutas manobras de interpretação do Supremo Tribunal Federal, sem o devido exame de mérito dos objetos das ações penais, o que vale dizer que os atos e fatos  causadores da caracterização de improbidade administrativa, pelo mencionado político, permanecem, na atualidade, intocáveis na forma de crime contra administração pública.

Isso é motivo sim para a incompatibilização do exercício de cargo público eletivo, que exige a comprovação dos requisitos de conduta ilibada e idoneidade, no exercício de cargo público.

Infelizmente, esse político que pretende ser vice-presidente da República, absolutamente sem caráter, é o retrato fiel de muitos homens públicos brasileiros, que mudam de mentalidade ao sabor das suas conveniências, só se importando com o que for do seu interesse, obviamente em claro detrimento das causas públicas.

É de se ver que os fatos denunciados por ele, mostrando a sua brutal indignação quanto à deplorabilidade da situação denunciada na época, dizem com a degeneração moral do partido e igualmente do seu principal líder, quando ele afirma, com absoluta convicção, que o partido e o seu principal representante estavam mergulhados em verdadeiro mar de corrupção, com conotação de direta afronta aos princípios republicano e democrático.

Ou seja, tudo isso que foi definido, com muita propriedade, pelo político, que depois perdeu a dignidade para a vida pública, continua em plena validade, visto que os fatos motivadores das críticas dele não se alteraram em nada no curso de tempo, até agora, mas, mesmo assim, ele hoje é companheiro de chapa à Presidência da República, como se nada tivesse acontecido de desastroso, em termos de improbidade administrativa.

Esses fatos foram muito bem enaltecidos, com bastante competência, no discurso dele, o que só demonstra a índole de extrema vileza por parte dele, no que diz respeito às verdadeiras atividades políticas, por ele não ter tido o menor escrúpulo em se associar, voluntariamente, à pessoa que ele tanto recriminava como sendo sem moralidade, por reconhecer que o seu aliado de agora era autêntico símbolo da corrupção e da falta de compromisso com os princípios éticos e morais.

Agora, no auge da campanha eleitoral, o ex-governador se pronuncia sobre antigos vídeos com críticas que ele fazia ao agora seu amigo de chapa e que vêm sendo utilizado por adversários para atacar o comportamento dele e do partido da coligação.

Diante disso, o candidato a vice-presidente afirma que as suas declarações do passado estão sendo utilizadas pelo adversário “para confundir o povo. Naquela época muitos de nós formos iludidos por um julgamento que depois a própria justiça anulou porque foi parcial e suspeito. Hoje está provado que Lula foi preso injustamente”.

Neste ponto, o candidato à vice-presidência falta com a verdade, ao tentar induzir à interpretação de que o julgamento teria sido parcial e suspeito, levando o criminoso a ser condenado injustamente, o que não é verdade, porque a anulação das sentenças condenatórias se deu por entendimento errôneo no sentido de que a jurisdição de Curitiba era incompetente para julgar o político, motivando a anulação das condenações, sem exame de mérito dos atos criminosos propriamente ditos, praticados pelo político, mas determinando que os processos pertinentes fossem novamente julgados, agora na jurisdição da Justiça federal, em Brasília.

Ou seja, os atos criminosos referidos no discurso inicial dele, conforme texto transcrito” acima, estão ainda em plena validade, em que, se ele entendida que o “Partido envolvido com corrupção, sem compromisso com as questões de natureza ética, sem limites. É muito triste o que nós estamos vendo.”, todo esse quadro de muita tristeza continua do mesmo jeito do passado, em que a mácula do candidato a presidente do país se mantém perfeita e vigente, uma vez que, mesmo que tivesse relevância o julgamento imparcial e injusto, nada disso teria influência nos atos criminosos praticados pelo político, porque eles aconteceram em data bem antes do julgamento, o que vale dizer que a decisão viciada não altera a autoria dos atos criminosos.

Enfim, os esclarecimentos adicionais do candidato a vice somente confirmam o seu compromisso com a verdade, que é aquela que disse nos vídeos, porque as suas declarações têm consonância com o que realmente aconteceu, na prática, no governo do agora aliado dele, cujos atos não condizem com as atividades sadias da administração pública, que ele deixou muito claro, no seu discurso de repúdio.

A verdade é que não existe intenção alguma para confundir o povo, quando se mostram a corrupção na gestão pública, porque ele, que é o eleitor, precisa tomar conhecimento sobre os fatos verdadeiros, em forma de transparência e prestação de contas à sociedade, na forma da lei, com relação aos acontecimentos na administração pública, que é exatamente o contrário o que vem fazendo político sem compromisso com a verdade sobre os atos da vida pública.  

Diante desses fatos lastimáveis, espera-se que os verdadeiros brasileiros, no âmbito da responsabilidade cívica e patriótica, possam interpretar o exato sentimento exposto no discurso do político sem polimento, para a compreensão de que o Brasil não merece ser governado por homens públicos sem princípios, que desprezam as condutas ética e moral, porque elas são incompatíveis com o exercício de cargos públicos, que exigem o máximo de respeito à idoneidade e à imaculabilidade na gestão pública.

Brasília, em 20 de setembro de 2022

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