Um ministro
aposentado do Supremo Tribunal Federal, que foi o relator do processo referente
ao mensalão, manifestou apoio à candidatura do principal candidato da esquerda
à Presidência da República.
Em
mensagem gravada em vídeo, o ex-ministro fez a seguinte declaração, certamente
na tentativa de justificar o seu voto, in verbis: “Em 2018, eu alertei
os brasileiros que Jair Bolsonaro seria uma péssima escolha para a Presidência
da República. Bolsonaro não é um homem sério. Não serve para governar um país
como o nosso. Não está à altura do cargo. Não tem dignidade para ocupar um
cargo dessa relevância. Nas grandes democracias, Bolsonaro é visto como ser
humano abjeto, desprezível. Uma pessoa a ser evitada. Esse isolamento
internacional é muito ruim para o nosso país. Nós perdemos muitas importunidades
com isso. É preciso votar já em Lula, no primeiro turno, para encerrar essa eleição
no próximo domingo.”.
É
extremamente estranha a maneira deselegante e agressiva como o ex-ministro se
dirige, de forma violenta, ao candidato à reeleição, com adjetivações mordazes
e contundentes, para o fim proposital de denegrir a imagem dele, diante da
inexistência de parâmetros para as suas levianas acusações, uma vez que ele não
tem elementos suficientes para prová-las.
No vídeo,
o ex-ministro não tece qualquer palavra para enaltecer as qualidades do seu
candidato, salvo o pedido para que se vote nele, o que, convenhamos, é muito
pouco, diante de tudo de nefasto que ele representa para o Brasil, em termos de
gestão imprudente e prejudicial aos interesses do país e dos brasileiros, à
vista dos escândalos do mensalão e do petrolão, que não foram assumidos por
ele, que também não se dignou a prestar contas à Justiça e à sociedade sobre os
atos irregulares pertinentes a eles.
À toda
evidência, à vista da grandeza que esse ministro representou por seu trabalho à
frente do processo do mensalão, a sua manifestação atual, ao se aliar ao pior
inimigo do Brasil, diante da protagonização, no governo dele, dos nefastos escândalos
do mensalão e do petrolão, a imagem dele tanto se desmilingua como ele se torna
cúmplice com a criminalidade na gestão pública, pela relativação do que de pior
e desastroso já aconteceu na administração do país, em termos de desmoralização
dos princípios democrático e republicano.
Pois bem,
o mencionado ministro foi indicado pelo citado candidato ao Supremo, em 2003,
mas a sua passagem pela corte ficou marcada por sua participação como relator
da ação penal movida pela Procuradoria Geral da República contra petistas e parlamentares
da base aliada, em razão da participação deles no escândalo do “famoso” mensalão,
que culminou com a distribuição de prisão para meio mundo de criminosos de colarinho
branco.
Ainda em
atividade, o ex-ministro foi alvo de ataques pela militância petista e apresentou
alguns dos votos mais duros da ação penal brasileira, que culminou com a condenação
de antigos caciques do partido, como ex-ministro e ex-deputados.
Nos
últimos anos, o ex-ministro ensaiou se candidatar à Presidência da República,
inclusive neste ano, em atenção ao encorajamento por amigos da política e do
mercado financeiro, para se candidatar, mas ele preferiu ficar longe da
política.
Sem
dúvida alguma, esse é mais um caso bastante estranho, em que pessoa considerada
de alto nível intelectual se compactua com a volta da esquerda ao poder, em especial,
no caso dele, que conviveu em parelha com a entranha do escândalo do mensalão, por
ter sido o responsável pela profunda e minuciosa análise dos autos pertinentes às
irregularidades conhecidas pela incontrolável roubalheira, para o fim da compra
de votos de parlamentares, tendo conhecimento dos detalhes do medonho esquema
criminoso de desvio de recursos públicos, em afrontosos procedimentos
contrários aos princípios da moralidade, da probidade e da honestidade, no então
governo do agora candidato dele.
Todos os
seus relatórios e votos enfatizavam os caminhos tortuosos e obtusos protagonizados
pela organização criminosa para a implementação dos desvios de recursos públicos,
todos resultando em condenações à prisão aos envolvidos, que eram pessoas
ligadas ao partido do presidente de então, que agora é candidato ao mesmo
cargo, que poderá voltar, no dizer do vice da chapa dele, à cena do crime, contando,
por certo, se vitorioso, com voto de quem o condenava no passado.
Causa enorme
perplexidade que o principal conhecedor das irregularidades concentradas nos
processos criminosos do mensalão não tenha se conscientizado sobre as verdadeiras
desgraças causadas ao Brasil e aos brasileiros, em forma de gravíssimas práticas
prejudiciais aos interesses da administração pública, à vista da devastação aos
princípios da moralidade e da dignidade exigidos na aplicação dos recursos
públicos.
Não há a
menor dúvida de que o ministro aposentado do Supremo demonstra extrema prova de
desprezo aos saudáveis princípios da honestidade, da moralidade e da dignidade,
ao se aliar, com o seu voto, a político que ele sabe perfeitamente que não tem
as mínimas condições morais para presidir o Brasil, à vista do criminoso
esquema de corrupção protagonizado no governo dele, cujos fatos são irrefutáveis
e imutáveis, além de ter constituído importante legado que conspira contra a
volta desse político às atividades públicas.
Os
brasileiros honrados e dignos precisam aprender com a péssima lição desse
ex-ministro, que o crime no Brasil compensa sim, cujos criminosos são beneficiados
até mesmo por quem julgou e condenou os respectivos atos, como bem é demonstrado
no caso em comento, ficando patenteada a total falta de seriedade dos homens
públicos, com a banalização das práticas criminosas, e a desgraça perpetrada contra
a administração pública, a exemplo do mensalão, que agora é visto como se nada
tivesse acontecido de mais grave contra os interesses do país e dos
brasileiros.
Sim, todo
cidadão tem total liberdade para a escolha em quem votar, porque isso faz parte
do processo democrático do livre-arbítrio da cidadania, mas, nas circunstâncias,
parece muito estranho, com traços de incoerência, sob os aspectos inerentes à opinião
pública, que essa opção tenha sido feita logo em prol de político sob forte suspeita
da prática de atos contrários à legalidade e à lisura, na vida pública, em se
tratando que o ex-ministro tenha formação na área do direito, com amplos
conhecimentos jurídicos, que teve capacidade para julgar e condenar atos ruinosos
acontecidos precisamente na gestão pretérita do seu atual candidato.
Convém
ser ressaltado que não houve esclarecimento, justificativa nem prestação de
contas sobre os fatos criminosos objeto do mensalão, o que vale dizer eles eram
recrimináveis tanto no passado como agora, porque a sua marca prejudicial aos
interesse do Brasil e dos brasileiros permanecem indelevelmente inalterados, com
o plasmar do que foi a deplorável gestão
do candidato do ministro, em termos de desmoralização dos princípios
republicano e democrático.
Enfim, é
possível se inferir, respeitando a magistral opção do voto, por força da
faculdade democrática, que o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal
presta importante desserviço ao país, por privilegiar candidato ao Palácio do
Planalto em plena decadência moral, à vista do conjunto dos nefastos predicativos
constantes do seu histórico político, que são do notório conhecimento dos brasileiros.
Brasília, em 28 de setembro de 2022
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