Tenho
visto, nas redes sociais, comentários questionamentos sobre o pagamento em dinheiro ou em
espécie dos imóveis comprados por familiares do presidente da República, como
se essas discussões infrutíferas e inconsequentes tivessem o condão de explicar
o inexplicável, uma vez que compete exclusivamente ao mandatário responder por
seus atos e prestar contas sobre eles.
Ou
seja, o presidente do país foi acusado, juntamente com seus familiares, da
compra de imóveis fazendo uso de dinheiro em espécie, fato este que não significa
qualquer irregularidade, porque a lei permite transação nessa forma, i.e.,
pagamento em dinheiro vivo.
Nesse
caso, cobra relevância, como é natural e necessário, que o comprador do bem
justifique a origem dos recursos pertinentes, principalmente em se tratando de
pessoa que exerce cargo público, como no caso do presidente do país.
Acho
risível que as pessoas fiquem tentando justificar, por conta da defesa do
presidente do país, questões de competência exclusivamente dele, que não custo
absolutamente esforço algum que ele se digne, à luz do princípio da
transparência, a mostrar as transações pessoais envolvendo imóveis, tanto no
que se refere à compra como à venda deles, inclusive publicando a forma havida dos
pagamentos e recebimentos.
Isso
teria o condão não só de se esclarecer os questionamentos, mas, em especial, de
encerrar discussão que só interessa à oposição, como se ela não tivesse nenhuma
sujeira para esclarecer à Justiça e à sociedade.
Ao
que se percebe, com muita clareza, é que o presidente do país não tem interesse
em logo esclarecer tudo, porque o assunto se encerraria e isso deixaria de ser
o holofote da mídia que alimenta os interesses eleitoreiros dele de se manter
em evidência na imprensa, mesmo que se trate de notícia que exige urgente esclarecimento.
Caso
contrário, ele já teria mostrado a verdade e ainda teria motivos mais do que suficientes
para exigir que o seu principal adversário político se dignasse a esclarecer e
prestar contas à sociedade sobre o mar pútrido enterrado nos escândalos do
mensalão e do petrolão e das demais falcatruas que precisam ser reveladas, com
minúcia, para o Brasil e o mundo.
É
pena que o candidato à reeleição não tenha perspicácia para enxergar as
melhores estratégias políticas em seu benefício, como nesse caso, em que ele,
no caso de nada havendo de errado, poderia levar enorme vantagem nesse affair,
bastando apenas mostrar a verdade sobre a compra de imóveis e exigir que o seu
opositor faça o mesmo, quanto aos fatos nebulosos ocorridos no governo dele.
Do
jeito como os fatos são tratados, no caso em comento, fica a nítida impressão
de que tem realmente algo errado, porque não custava que tudo fosse mostrado à
opinião pública, sob o prisma da verdade, sem delongas, na forma de
justificativas e esclarecimentos completos e com a devida plausibilidade sobre
os fatos acusados como suspeitos, no que se refere à pessoa do chefe do
Executivo.
Brasília, em 30 de setembro de 2022
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