O Brasil vai
comemorar 200 anos da Independência político-administrativa, se desvinculando
de Portugal, graças ao nosso bravo herói, dom Pedro I, que, ao berço do rio
Ipiranga, em São Paulo, proferiu o mais importante grito em favor da liberdade
dos brasileiros, que passaram, a partir de então, a viver em pátria livre.
Nessa comemoração,
importante órgão do grande imperador dom Pedro I está presente nas comemorações
festivas, que é o seu coração, que é preservado há 187 anos, como verdadeira
relíquia histórica, de altíssimo valor também para o Brasil, o país que ele
tanto amou.
O coração
de nosso herói fica exposto no salão nobre da Igreja da Irmandade da Lapa, na
cidade do Porto, Portugal, desde a morte dele, em 24 de setembro de 1834, cuja
visita dele ao Brasil é a primeira vez em que o órgão sai de Portugal, em
homenagem especial aos 200 anos da nossa independência.
O coração
de dom Pedro I foi preservado em atendimento ao pedido do próprio imperador,
enquanto os demais restos mortais dele foram trazidos ao país em 1972, na comemoração
dos 150 anos da independência, e estão depositados na Cripta Imperial do Parque
da Independência, em São Paulo (SP).
O coração
de dom Pedro I chegou ao Brasil em momento memorável, quando se acentuam a
importância de cartas em defesa da democracia e o país se prepara para eleições
presidenciais.
Sim é
importante se reverenciar a relíquia que o responsável pela nossa independência
destinou em testamento à cidade do Porto, mas convém, por ser oportuno, se
concentrar nas atenções para outro magistral legado do primeiro imperador
brasileiro, qual seja, a “Carta Póstuma”, ela que foi destinada aos brasileiros,
que ele fez questão de ditar em seu leito de morte, menos de 24 horas antes de
falecer de tuberculose.
Trata-se,
na verdade, de importante carta que é simplesmente relegada, inexplicavelmente,
ao esquecimento histórico, mas ela tem ensinamentos que podem ser da maior importância
para os destinos do Brasil, em que pese ela ter sido escrita há quase 200 anos,
como prova de muito amor ao Brasil.
Conhecida
como “Carta Póstuma de dom Pedro, duque de Bragança, aos brasileiros”, esse
importante documento foi publicada no Rio de Janeiro, no ano seguinte da sua
elaboração e quis dom Pedro I, com a sinceridade de moribundo que se confessa,
reconhecer erros e dá conselhos ponderados que contrastaram com a famosa
impetuosidade jovial dele.
Eis excertos
da carta de dom Pedro I, que disse o seguinte sobre o Brasil: “Embora
nascesse eu em Portugal! É no Brasil que eu nasci ao sentimento de mim mesmo. É
no Brasil … que a vida com seus mistérios, a mocidade com os seus encantos se
manifestaram à minha alma… (declarou em dívida com o Brasil) Já estou
quite com Portugal… regenerei suas instituições; dei-lhe uma Constituição e
duas vezes a Liberdade e por ele morro na flor dos meus ano (ele tinha
então 35 anos). Mas convosco, Brasileiros, a minha consciência não me
outorga tão satisfatório testemunho… o foro interior me acusa de ter parado na
metade da tarefa.”.
O
primeiro imperador do Brasil aproveitou o ensejo para dá três importantes conselhos
aos brasileiros, conforme os textos a seguir.
1º – “Evitem-se
os erros que perderam minha administração. Sem criar novos mananciais de
rendimento, ela se antecipou por exagerados empréstimos de toda a sorte sobre o
futuro e quando chegou a época em que não houve meio para fazer frente ao
déficit anual; quando a bancarrota bateu à porta, ela caiu. Meu governo pereceu
pelas Finanças como outros muitos Estados.”.
2º –
Influência militar – “Também sob este lado minha Administração errou
completamente. Depositei a minha confiança na tropa. Para sustentar numeroso
Exército, eu dizimei a população e esgotei as riquezas do Brasil, e por fim de
contas, a Tropa deu no meu Trono a última pancada.”.
3º – “Não
posso deixar de vos dirigir uma advertência acerca da escravidão dos Negros. A
escravidão é um mal e um atentado contra os direitos e a dignidade da espécie
humana, mas as suas consequências são menos danosas aos que padecem o cativeiro
do que à Nação cuja legislação admite a escravatura. É um cancro que devora sua
moralidade.”.
Vejam-se
que dom Pedro I enxergava a prevalência da imoralidade, há quase 200 anos atrás,
mostrando que ele foi importante defensor dos direitos humanos, no que diz respeito
“a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos…”, na forma como prescrita no preâmbulo da
atual Constituição brasileira.
O amor de
dom Pedro I ao Brasil era tão sublime que ele, à beira da morte, ainda reservou
espaço para mostrar o seu verdadeiro sentimento à terra preferida dele, ao
deixar escrito importante mensagem, com a síntese do seu desejo de correção dos
atos na gestão pública, que têm a finalidade de contribuir para beneficiar os
brasileiros.
As comemorações
da Independência do Brasil devem incluir nos seus festejos, necessariamente, o
reconhecimento à figura da maior importância de dom Pedro I, que nasceu em
Portugal, mas adotou, de coração, o Brasil como a sua terra natal, tendo
demonstrado o seu amor verdadeiro por meio do seu mais intrépido gesto de
proclamar a alforria do Brasil das dependências de Portugal, que deixaria de
usufruir das riquezas tupiniquins.
Louve-se
a real grandeza de dom Pedro I, que é considerado verdadeiro exemplo de amor ao
Brasil, por ter se sacrificado a partir da audaciosa decisão de decretar a
Independência do Brasil, a despeito de contrariar frontalmente os interesses da
corte portuguesa, a sua origem natal.
Salve dom
Pedro I e a Independência do Brasil!
Brasília, em 4 de setembro de 2022
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