domingo, 4 de setembro de 2022

Salve Dom Pedro I!

 

O Brasil vai comemorar 200 anos da Independência político-administrativa, se desvinculando de Portugal, graças ao nosso bravo herói, dom Pedro I, que, ao berço do rio Ipiranga, em São Paulo, proferiu o mais importante grito em favor da liberdade dos brasileiros, que passaram, a partir de então, a viver em pátria livre.

Nessa comemoração, importante órgão do grande imperador dom Pedro I está presente nas comemorações festivas, que é o seu coração, que é preservado há 187 anos, como verdadeira relíquia histórica, de altíssimo valor também para o Brasil, o país que ele tanto amou.

O coração de nosso herói fica exposto no salão nobre da Igreja da Irmandade da Lapa, na cidade do Porto, Portugal, desde a morte dele, em 24 de setembro de 1834, cuja visita dele ao Brasil é a primeira vez em que o órgão sai de Portugal, em homenagem especial aos 200 anos da nossa independência.

O coração de dom Pedro I foi preservado em atendimento ao pedido do próprio imperador, enquanto os demais restos mortais dele foram trazidos ao país em 1972, na comemoração dos 150 anos da independência, e estão depositados na Cripta Imperial do Parque da Independência, em São Paulo (SP).

O coração de dom Pedro I chegou ao Brasil em momento memorável, quando se acentuam a importância de cartas em defesa da democracia e o país se prepara para eleições presidenciais.

Sim é importante se reverenciar a relíquia que o responsável pela nossa independência destinou em testamento à cidade do Porto, mas convém, por ser oportuno, se concentrar nas atenções para outro magistral legado do primeiro imperador brasileiro, qual seja, a “Carta Póstuma”, ela que foi destinada aos brasileiros, que ele fez questão de ditar em seu leito de morte, menos de 24 horas antes de falecer de tuberculose.

Trata-se, na verdade, de importante carta que é simplesmente relegada, inexplicavelmente, ao esquecimento histórico, mas ela tem ensinamentos que podem ser da maior importância para os destinos do Brasil, em que pese ela ter sido escrita há quase 200 anos, como prova de muito amor ao Brasil.

Conhecida como “Carta Póstuma de dom Pedro, duque de Bragança, aos brasileiros”, esse importante documento foi publicada no Rio de Janeiro, no ano seguinte da sua elaboração e quis dom Pedro I, com a sinceridade de moribundo que se confessa, reconhecer erros e dá conselhos ponderados que contrastaram com a famosa impetuosidade jovial dele.

Eis excertos da carta de dom Pedro I, que disse o seguinte sobre o Brasil: “Embora nascesse eu em Portugal! É no Brasil que eu nasci ao sentimento de mim mesmo. É no Brasil … que a vida com seus mistérios, a mocidade com os seus encantos se manifestaram à minha alma… (declarou em dívida com o Brasil) Já estou quite com Portugal… regenerei suas instituições; dei-lhe uma Constituição e duas vezes a Liberdade e por ele morro na flor dos meus ano (ele tinha então 35 anos). Mas convosco, Brasileiros, a minha consciência não me outorga tão satisfatório testemunho… o foro interior me acusa de ter parado na metade da tarefa.”. 

O primeiro imperador do Brasil aproveitou o ensejo para dá três importantes conselhos aos brasileiros, conforme os textos a seguir.

1º – “Evitem-se os erros que perderam minha administração. Sem criar novos mananciais de rendimento, ela se antecipou por exagerados empréstimos de toda a sorte sobre o futuro e quando chegou a época em que não houve meio para fazer frente ao déficit anual; quando a bancarrota bateu à porta, ela caiu. Meu governo pereceu pelas Finanças como outros muitos Estados.”.

2º – Influência militar – “Também sob este lado minha Administração errou completamente. Depositei a minha confiança na tropa. Para sustentar numeroso Exército, eu dizimei a população e esgotei as riquezas do Brasil, e por fim de contas, a Tropa deu no meu Trono a última pancada.”.

3º – “Não posso deixar de vos dirigir uma advertência acerca da escravidão dos Negros. A escravidão é um mal e um atentado contra os direitos e a dignidade da espécie humana, mas as suas consequências são menos danosas aos que padecem o cativeiro do que à Nação cuja legislação admite a escravatura. É um cancro que devora sua moralidade.”.

Vejam-se que dom Pedro I enxergava a prevalência da imoralidade, há quase 200 anos atrás, mostrando que ele foi importante defensor dos direitos humanos, no que diz respeito “a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos…”, na forma como prescrita no preâmbulo da atual Constituição brasileira.

O amor de dom Pedro I ao Brasil era tão sublime que ele, à beira da morte, ainda reservou espaço para mostrar o seu verdadeiro sentimento à terra preferida dele, ao deixar escrito importante mensagem, com a síntese do seu desejo de correção dos atos na gestão pública, que têm a finalidade de contribuir para beneficiar os brasileiros.

As comemorações da Independência do Brasil devem incluir nos seus festejos, necessariamente, o reconhecimento à figura da maior importância de dom Pedro I, que nasceu em Portugal, mas adotou, de coração, o Brasil como a sua terra natal, tendo demonstrado o seu amor verdadeiro por meio do seu mais intrépido gesto de proclamar a alforria do Brasil das dependências de Portugal, que deixaria de usufruir das riquezas tupiniquins.

Louve-se a real grandeza de dom Pedro I, que é considerado verdadeiro exemplo de amor ao Brasil, por ter se sacrificado a partir da audaciosa decisão de decretar a Independência do Brasil, a despeito de contrariar frontalmente os interesses da corte portuguesa, a sua origem natal.

Salve dom Pedro I e a Independência do Brasil!    

          Brasília, em 4 de setembro de 2022

Nenhum comentário:

Postar um comentário