Em
vídeo que circula na internet, um bolsonarista culpa, o que ele chama de “isentões”,
as pessoas que não simpatizavam pelo último ex-presidente do país, deixando,
por isso, de votarem nele, por repudiarem o estilo de sinceridade e intolerância
verbal, mas, na opinião daquela pessoa, quem terminou perdendo mesmo foi o
Brasil.
Não
passa de meia verdade se dizer que os “isentões” não compreenderam o estilo
sincero demais do ex-presidente do país, pelo fato de ele se pronunciar nem
sempre para agradar senão aos seus seguidores fanáticos, que chegaram até a
constituir cercadinho, dentro do jardim do Palácio da Alvorada, para ouvi-lo e
aplaudi-lo, mesmo nos momentos de estupidez dele.
O
certo é que que foram muitos os momentos de estupidez, porque ele se satisfazia
em ser apoiado nas suas viagens pelo seu mundo de agressões e críticas ácidas,
mesmo que elas tenham sido cabíveis, nas circunstâncias, mas a diplomacia do
estadista recomenda ponderação, tolerância e diálogo, em consonância com a
liturgia inerente às funções presidenciais, que nem sempre elas foram
observadas por ele, que preferiu a extrapolação dessas salutares regras de
civilidade, aplicáveis também e especialmente ao titular do cargo.
Outro
ponto importantíssimo, que o afastou definitivamente da continuidade do poder,
foi o desastroso desempenho dele no combate à pandemia do coronavírus.
Nada
poderia ter sido mais insensato e pernicioso para o mandatário do país do que a
principal autoridade da nação ter comportamento sempre contrário ao ritmo da
normalidade, quando a sua participação, nos assuntos pandêmicos, era motivadora
de críticas da mídia e da sociedade, exatamente porque, dificilmente, ela
estava em sintonia com os desideratos colimados para o caso, mesmo que ele não
tivesse qualquer conhecimentos em assuntos relacionados, em particular, com a
medicina e a saúde pública, o que se recomendaria que os assuntos da saúde dos
brasileiros ficassem sendo cuidados por órgão específico e apropriado, apenas
merecendo a supervisão própria do mandatário, para a adoção das medidas
exclusivamente administrativas da sua alçada.
Ainda
para agravar a sua fama histórica de insensibilidade para com a grave crise,
ele nomeou um general, especialista em estratégia de questões militares, sem
nenhuma especialização ou conhecimento em medicina ou saúde pública, que ficou
no cargo, por quase um ano e, o pior, no auge da crise, cuja importância dele
na mais relevante missão, na pandemia, era o de ser capacho do então presidente
do país, como recebedor de ordens e a primeira delas foi a implantação do
protocolo médico que aconselhava o uso da hidroxicloroquina, no combate à
Covid-19.
A
verdade é que o então presidente do país se houve, no combate à pandemia, como
verdadeiro antítese dos males, quando decidiu nem tomar a vacina e sempre
esteve contra a imunização dos brasileiros, cujo comportamento lhe valeu o
título de negacionista, por parte de umas pessoas e até de genocida, por
outras.
Na
minha concepção, a pandemia do coronavírus veio em importante momento para o mandatário
se consagrar como herói ou vilão, definitivamente, e passar para a história do
país como verdadeiro herói ou marte nacional, conforme o caso, na qualidade de
homem público preocupado ou não em cuidar e zelar, com exclusividade e denotado
carinho possível ou não, dos problemas relacionados com tudo que fosse o melhor
para proteger a saúde da população.
Para
tanta, era preciso ser herói para compor a melhor equipe de entendidos em saúde
pública, integrada por pessoas entendidas em saúde pública da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios, de modo que houvesse uma espécie
de mutirão de pessoas renomadas e especialistas, comprometidas em salvar
vidas humanas, com plenas autonomias para cuidarem da saúde das pessoas,
conquanto o presidente teria tão somente as funções de apoios financeiro,
material e pessoal, sem mais nada, senão o incentivo e o estímulo para que
fosse possível o sucesso do empreendimento, o mais rapidamente possível, uma
vez que todos estavam imbuídos nos melhores propósitos, mesmo porque a causa
somente exigia ação, boa vontade e trabalho, sem qualquer negativismo contra
absolutamente nada.
Como
mostraram os fatos da vida, por puro capricho de ser autêntico com seus
propósitos, o ex-presidente do país preferiu enveredar por sentimentos pessoais
e não pelos caminhos do verdadeiro estadista, porque este teria sinalizado pelo
fiel destino próprio da sensibilidade, da sensatez e do amor ao ser humano, por
meio do qual ele certamente teria sido melhor compreendido não somente pelos chamados
“isentões”, mas também por todos os brasileiros, indistintamente.
Enfim,
o ex-presidente do país teve, nas suas mãos, a faca e o queijo, embora ele não fosse
mineiro, para se consagrar como o mais moderno herói nacional, se tivesse tido
inteligência, sensibilidade, racionalidade, competência e responsabilidade
cívicas para compreender a verdadeira grandeza da vida humana.
Brasília, em 30 de julho de 2023
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