Os
ministros do Supremo Tribunal Federal acabam de decidir pelo aumento do número
de juízes nos seus gabinetes, para, finalmente, propicia, ao menos, pouco mais
de celeridade aos processos que se acumulam, aguardando julgamento.
É
por demais evidente que as delações pertinentes à Operação Lava-Jato e o caso do
grupo JBS podem ter contribuído para sobrecarregar o gabinete do ministro responsável
pelos processos dessa operação, mas os desdobramentos foram distribuídos a
vários gabinetes e isso implicou o aumento do volume de trabalho dos magistrados,
que não conseguem julgar, com a indispensável agilidade, as ações sob a sua
jurisdição.
Até
o momento, cada ministro já tinha a prerrogativa de contar com dois juízes,
sendo um auxiliar e outro instrutor, com a exceção do ministro-relator da Lava-Jato,
que contava com três juízes, sendo dois instrutores.
Os
juízes têm a incumbência de auxiliar o ministro, na análise dos inquéritos referentes
a matéria penal, além de tomar depoimentos de testemunhas, entre outras
atividades pertinentes aos trabalhos de conclusão dos processos.
Agora,
cada ministro terá direito ao assessoramento de mais um juiz, que ficará à sua
disposição pelo período de um ano.
Os
dois ministros mais antigos do Supremo se manifestaram pela suficiência da
força de trabalho de seus gabinetes, tendo dispensado o assessoramento do
reforço aprovado para a agilização processual.
Além
do reforço do juiz, os gabinetes dos ministros também poderão receber mais três
funcionários, sendo dois que já atuam no Supremo, que serão deslocados de suas
áreas, e o terceiro poderá ser assessor de livre escolha do magistrado.
Segundo
informação do Supremo, o impacto no seu orçamento será modesto, porque será
promovido remanejamento de funcionários e isso implica apenas o pagamento da
diferença nos salários de quem será deslocado para atuar no Supremo.
Apenas
um ministro, o segundo mais antigo da Corte, divergiu da decisão de seus pares,
por entender que "o deslocamento de
um juiz ou de um desembargador para o Supremo deixa um cargo aberto sem
preenchimento na origem".
Antes
de debater o aumento nos gabinetes, um ministro do Supremo defendeu que os colegas
discutissem a possibilidade de receber denúncia de forma monocrática (não em
colegiado), o que, segundo ele, poderia acelerar o desfecho das ações.
Causa
estranheza que a decisão em tela, com o propósito de melhorar o desempenho funcional
dos gabinetes dos ministros tenha sido adotada somente agora, com significativo
atraso de pelo menos quase quatro anos, quando teve início a Operação
Lava-Jato, pelo notório fato de que o juiz de primeira instância, sozinho, já conseguiu
julgar e condenar, em sentença pessoal, resultando em 140 prisões, entre outras deliberações
importantes, como a devolução de bilhões de recursos aos cofres da Petrobrás,
em visível benefício para a moralização da administração pública e a recomposição
do patrimônio dos brasileiros.
Enquanto
isso acontece, é de se lamentar que a Suprema Corte ainda fique se debatendo,
entre seus ministros, para decidir o que fazer com seus processos referentes
aos criminosos de colarinho branco, com destaque para os delinquentes com foro
privilegiado, que continuam livres e soltos, com o beneplácito daquela Casa,
por ainda não ter condenado, pasmem, ninguém, até o momento, depois de tanto
tempo desde o início da Lava-Jato.
A
sociedade exige que o Supremo Tribunal Federal se aparelhe e se prepare, de maneira
adequada, para cumprir a sua importante missão institucional, de modo a poder julgar,
o quanto antes possível, as inúmeras ações sob a sua jurisdição, não permitindo
que os criminosos privilegiados, aqueles que precisam pagar, com a maior
urgência, por seus crimes, fiquem impunes por tanto tempo, se beneficiando da inércia
da Excelsa Corte de Justiça, evidentemente em razão da precariedade instrutória
do Poder Judiciário. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 3 de dezembro de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário