O Diretório Nacional do PT aprovou resolução
política na qual reafirma a defesa da pré-candidatura do seu líder-mor, sob o
argumento de que a eventualidade de o petista ser barrado pela Justiça poderá
levar à “rebeldia popular”, a par de
ainda se alertar para o risco de “desobediência
civil”, diante de possível, pasmem, “arbitrariedade”
do Judiciário.
A decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região,
de ter marcado, para o dia 24 de janeiro vindouro, o julgamento que pode decretar
a inelegibilidade do petista – classificado de “casuísmo” – serviu de principal tema na reunião da cúpula petista,
realizada em São Paulo.
No encontro, a agremiação deixou muito claro que não
abre mão da candidatura de seu ídolo-mor, tendo rejeitado plano “B” e ouvido
advogados para a constituição de argumentos que sustentem que a possível
condenação dele, pelo TRF-4, não seja motivo para o encerramento da disputa
jurídica pelo direito de o petista disputar o Palácio do Planalto, no próximo
ano.
O partido assegura que a pré-candidatura do seu
líder se acha “consolidada de tal forma
que não pertence mais ao PT; pertence ao povo brasileiro”, o que não é
verdade, porque é possível que pequena parcela do povo seja favorável a essa candidatura,
que precisa de respaldo moral para ser confirmada, uma vez que não se concebe
que político suspeito de envolvimento com a Justiça pretenda ser representante
do povo, sem antes apresentar à sociedade a Ficha Limpa e o preenchimento dos
requisitos de idoneidade e conduta ilibada.
Diante disso, o partido entende que a oposição
promove campanha com a finalidade de impedir a candidatura do petista e, “para evitá-la, é preciso que nosso
presidente continue liderando as preferências populares, como demonstrado nas
caravanas, é preciso que avancem a organização e a mobilização do povo, e que
deixemos claro que a escalada do arbítrio não apenas ampliará a crise e a
instabilidade política, como também poderá resultar em rebeldia popular”.
O partido convocou sua militância à mobilização, de
modo a serem transformados seus diretórios municipais em Comitês em Defesa da
Democracia e do petista, conforme anúncio já decretado, com a criação de
comissão de mobilização e calendário de manifestações que começam de imediato,
com aula aberta de advogados na frente do TRF-4, em Porto Alegre, além de grandes
atos em São Paulo e Porto Alegre.
Além da declarada defesa do líder, o partido convoca
a sua militância a enfrentar o que ele chama de “agressividade da extrema direita”, a par de que “Alertamos que as arbitrariedades do sistema
judicial e as mentiras do oligopólio da mídia podem conduzir à desobediência
civil”.
O partido compara a possível proibição da
candidatura do seu líder-mor, pela Justiça, ao impeachment da ex-presidente, ao
afirmar que “A caçada judicial ao presidente
Lula tem o objetivo de impedir o povo de elegê-lo mais uma vez. Lula foi
condenado sem provas, num processo em que sequer existe um crime, da mesma
forma como ocorreu no golpe do impeachment da presidente legítima Dilma
Rousseff. A inédita celeridade com que o TRF-4 marcou o julgamento é mais um
casuísmo imposto ao presidente Lula por setores do sistema judicial. Se ousarem
condenar Lula, estarão comprovando a natureza política de todo o processo”.
Conforme consta do processo a ser julgado pelo
tribunal de apelação, o petista foi condenado pelo juiz da Lava-Jato a nove
anos e seis meses de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, com relação ao caso do tríplex do Guarujá.
Se o TRF-4 rejeitar o recurso dos advogados do
político e manter a aludida condenação, o ex-presidente se enquadra nas regras
da Lei da Ficha Limpa e passa a ser proibido de disputar eleições para cargos
públicos eletivos.
Não obstante, mesmo em caso de condenação no TRF-4,
o político pode recorrer às instâncias superiores da Justiça, cuja situação
eleitoral dele poderá ser avaliada pelo Tribunal Superior Eleitoral, a partir de
15 de agosto de 2018, quando se encerra o prazo para o registro de
candidaturas.
Não
há a menor dúvida de que organização com a índole do PT pode se dispor a
ameaçar as autoridades constituídas e as instituições da Republica, em clara
demonstração de espírito antidemocrático, por não aceitar a realidade dos fatos
e discordar da verdade, procurando instigar a sua militância para a rebeldia
popular e a insubordinação civil, evidentemente com o uso da violência, que tem
sido a sua marca de atuação, por meio das organizações civis e entidades de
classe, como o MST, a CUT, o MSTU e outras instituições congêneres que são treinadas
para o uso de mecanismos próprios da violência, barbárie e destruição.
Mas
há quem defenda que a insubordinação civil e a rebeldia popular poderão
acontecer também se o candidato, mesmo inocentado nesse caso do tríplex, mas
recheado de outras acusações sobre possíveis práticas de irregularidades,
insista em afrontar os salutares princípios republicanos da moralidade,
dignidade, honestidade, idoneidade, entre outros que são condizentes com os
homens públicos realmente imaculados, pudentes.
No
momento atual, quando o país passa por estágio de enorme esforço para a
moralização das atividades político-administrativas, por meio do gigantesco
empenho empreendido pela Operação Lava-Jato nessa liderança, esperava-se que
houvesse por parte dos políticos e partidos o entendimento de cooperação nessa
cruzada de grande importância para a credibilidade e moralidade, no sentido de
reafirmação sobre a necessidade de contribuição para a limpeza ética e moral.
Convém
que seja dito à sociedade que é preciso ter a humildade de aceitar a realidade
e se comprometer a prestar contas sobre os atos na vida pública, uma vez que as
investigações, consideradas sérias, eficientes e competentes mostram o mar de
lama e a podridão de atos de extrema degradação dos princípios republicano e
democrático, em que os envolvidos precisam provar a sua inocência e não ficar
formulando infundadas e perigosas ameaças, que podem levar ao revide e à convulsão
social, em nome de político e partido desmoralizados e desacreditados diante
dos fatos robustamente mostrados à saciedade.
Chega a ser risível se acusar o Judiciário da
prática de arbitrariedade, quando ele apenas vem atuando em estrita consonância
com o ordenamento jurídico pátrio e com base nos elementos constantes dos autos,
a partir das denúncias sobre a prática de atos ilícitos, que competia ao
acusado demonstrar, por meio de provas juridicamente válidas, a inexistência
dos fatos inquinados de irregulares.
É
chegado o momento de serem sopesado e compreendido que parcela importante e significativa
da sociedade tem plena consciência sobre a roubalheira perpetrada na Petrobras
e em outras empresas estatais, que foram pilhadas em nome de projeto político
de dominação das classes política e social e de perenidade no poder, malgrado,
em boa hora, justamente diante do descaminho dado à ética, à moralidade, ao
decoro, à dignidade e, em especial, à ganância política, a qual se solidariza,
com o mais ardoroso patriotismo, com as medidas de combate à corrupção e à
impunidade, não aceitando candidatura que não comprove compatibilidade com os princípios
republicano e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de dezembro de 2017
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