O
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) reuniu-se em Brasília para
oficializar o nome do governador de São Paulo como presidente da sigla, pelo
próximo biênio.
No
discurso, o novo presidente reforçou amplo apoio às reformas política,
tributária e da previdência, dizendo que "Já passou a hora de tirar o peso desse estado ineficiente das costas
dos trabalhadores e dos empreendedores".
Em
outro trecho do discurso, o governador atacou o PT e o seu possível
concorrente, o ex-presidente da República petista, o candidato da esquerda, tendo
afirmado que está "superpreparado:
Vai ser um bom tira-teima. Nós os
derrotaremos nas urnas. Lula será condenado nas urnas pela maior recessão da
história.".
A
crítica ao PT teve o endosso do ex-presidente tucano, que admitiu o
desencantamento da população com os políticos tradicionais, dizendo que "Eles estão enojados e irritados com todos
nós".
O
ex-presidente argumentou, ainda, que o PSDB errou por omissão diante das crises
e que tem o dever de "ouvir o povo",
tendo afirmado, sobre o ex-presidente petista, que prefere não o ver na prisão:
"Eu venci o Lula
duas vezes. Prefiro combatê-lo na urna a vê-lo na cadeia".
Um
senador tucano disse que é preciso mudar a política de maneira geral, porque,
na sua ótica, "A população está
reprovando tudo que está aí e nós temos que mudar".
Não
há a menor dúvida de que o povo exige mudanças drásticas na política, que se
encontra falida nos seus princípios fundamentais, mas a verdade é que esse
sentimento de mudanças fica restrito às convenções e aos congressos dos
partidos, conquanto, na prática, ninguém se apresenta com propostas passíveis
de transformação em realidade, no sentido de atender aos anseios da sociedade,
que permanece em total distanciamento da discussão sobre os temas pertinentes
às pretendidas mudanças que levem à modernidade político-eleitoral.
É
preciso se atentar a degradante situação política tem origem, na sua essência,
no âmbito da classe política, que transformou as salutares atividades e os
princípios políticos em instrumentos em seu exclusivo benefício, em detrimento
do interesse do Estado e da população.
Por
seu turno, parece muito estranho e ridículo homem público preferir enfrentar,
nas urnas, alguém condenado à prisão, por crimes afrontosos aos princípios da administração
pública.
Enquanto
a sentença condenatória não for tornada inócua pela Justiça, evidenciando a
inculpabilidade do envolvido, é absolutamente inconcebível não se propugnar
pela prisão o quanto antes, porque não faz sentido que político condenado possa
sequer se apresentar como possível representante do povo, que, como foi dito, há
verdadeiro nojo, em razão da sujeira impregnada nos políticos que ainda
defendem a possibilidade de condenado à prisão puder se candidatar.
Trata-se
de cristalina inversão dos princípios republicanos, que exigem que o homem
público precisa mostrar idoneidade, conduta moral exemplar e muita dignidade,
em termos de compatibilização com o princípio da Ficha Limpa, para representar,
à altura, o povo, que não aceita mais que homens públicos maculados sequer por
suspeita da prática de atos irregulares, quanto mais ainda podendo se
candidatar antes de provar a sua inculpabilidade sobre as denúncias cuja
autoria dos fatos inquinados lhe é atribuída.
Que
país é esse que a velharia política ainda se mantém presa aos ranços das
políticas ultrapassadas, retrógradas, quando deveria ter bom senso e sensatez
para propugnar por mudanças capazes de contribuir para o aperfeiçoamento e a
modernização do já falido sistema político-eleitoral?
Convém
que haja a aprovação de mecanismos atualizados de moralização, especialmente no
sentido de que seja obrigado que ninguém terá direito de sequer imaginar em
representar a vontade do povo se tiver, no seu histórico político, a mínima suspeita
sobre a prática de irregularidade na vida pública e muito mais se já estiver
implicado com a Justiça, em termos de condenação e denúncias referentes à
prática de irregularidades, porque isso é absolutamente incompatível com os
princípios morais e de dignidade da República e da democracia representativa.
O
povo realmente tem nojo da classe política, principalmente dos homens públicos
que continuam concitando pessoa condenada à prisão puder concorrer a cargo
público eletivo, quando deveriam propugnar por que ela tivesse a dignidade de,
antes, provar a sua inocência, como forma primacial de prestação de contas à
sociedade com relação às suas atividades públicas, à vista da exigência que se impõe
sobre a observância das regras básicas de conduta pública, entre as quais a de que
é absolutamente impensável que alguém possa permanecer na vida pública enquanto
estiver sendo suspeito de envolvimento na prática de atos irregulares, ficando
liberado para tanto somente depois de ficar comprovada, pelos meios
juridicamente válidos, a sua inculpabilidade atestada pela Justiça. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de dezembro de 2017
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