sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Degradação humanitária

Segundo reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo, a Venezuela se encontra mergulhada em terríveis dificuldades administrativas, de dimensão alarmante, por abranger vários segmentos vitais e importantes do país, conforme os tópicos a seguir comentados.
Uma médica do Estado de Vargas, no norte da Venezuela, denunciou que “Nos últimos quatro meses, 24 pacientes diabéticos morreram em razão da falta de insulina e amputamos cinco pessoas em um mês. Alguns tipos de insulina até chegam às farmácias particulares, mas custam muito caro. No hospital, não temos como tratar os pacientes e estamos fazendo vaquinha para comprar alguns produtos básicos.”.
Diante da escassez de remédios, a Organização Mundial de Saúde concluiu pela existência de crise humanitária no país, tendo sido constatado que, desde 2014, faltam pelo menos 100 remédios essenciais, conforme denunciou a Federação Farmacêutica da Venezuela, ao afirmar que 85% dos medicamentos necessários à população sumiram das farmácias, mas, quando se trata de doenças crônicas, como diabetes e câncer, a escassez chega a 95%. 
Várias doenças reapareceram, como a difteria, que havia sido erradicada há 24 anos, assim como a tuberculose e o sarampo.
A Venezuela enfrenta epidemia de malária, com a constatação de 200 mil casos até outubro, o que representa a metade dos casos de todo o continente americano.
Outro fator preocupante é a desnutrição em crianças menores de cinco anos, que teve aumento de 54%, em abril, para 68% em agosto.
Estudo realizado pela ONG Cáritas da Venezuela, vinculada à Igreja Católica, indicam que 35,5% das crianças pobres do país, com idade de 0 a 5 anos, estão desnutridas, e que a mortalidade infantil na Venezuela aumentou 30,12% no ano passado, em relação a 2015, com 11.466 mortes de crianças de 0 a 1 ano. 
A par do desaparecimento dos alimentos e remédios, a escassez de métodos contraceptivos e de camisinhas causou aumento alarmante da quantidade de doenças sexualmente transmissíveis, a exemplo da gonorreia, sífilis e herpes, além da epidemia de abortos caseiros – o aborto na Venezuela é proibido, a não ser em casos de risco de vida para a mãe. Segundo ONGs, em 2015, houve 2.366 atendimentos médicos em decorrência de abortos improvisados, mas, em 2016, o número aumentou para 3.430.  
Os médicos garantem que a escassez de métodos contraceptivos é a causa do aumento de casos de aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como gonorreia, sífilis e herpes. Este ano, mais de 6,5 mil pessoas contraíram o HIV na Venezuela.
Outra situação preocupante diz respeito aos apagões nas cidades e eles têm sido cada vez mais frequentes, principalmente em Caracas, nos horários de pico, com a interrupção das linhas de metrô por queda de energia, com duração de até duas horas.
O caos na Venezuela já começa a afetar também questões relacionadas com o fornecimento de gasolina à energia elétrica, que já está tendo reflexo nas estações de metrô de Caracas, com o fechamento de algumas, por falta de luz.
          Mesmo tendo as maiores reservas de petróleo do mundo, em várias regiões do país, a gasolina está no fim em 17 dos 23 Estados, que enfrentam escassez de combustível, fato este que contribuiu para a redução da circulação de táxis e ônibus e vem causando transtornos no transporte público, em várias cidades.
Como reflexo da situação caótica do país, a linha aérea venezuelana está proibida de voar para a União Europeia, como forma de boicote político adotado pelo Velho Mundo àquele país, que não concorda com os métodos truculentos e desumanos impostos à sociedade pelo seu desgoverno.
          Em que pesem a desgraça e o horror predominantes na Venezuela, o vice-presidente da República acaba de anunciar que o presidente ditatorial do país é candidato à reeleição, o que se pode esperar que o caos terá as melhores condições e chances de se multiplicar e se consolidar, caso ele seja realmente confirmado do poder, o que não será nenhuma novidade, a considerar que o sistema eleitoral adotado ali tem o mesmo padrão de perenidade já caducada em Cuba, onde o ditador-tirano morrer no trono.
O que se pode esperar da gestão econômica cuja inflação pode superar, este ano, os 2000%, segundo as previsões de economistas da oposição, embora o FMI tenha previsão mais civilizada, que pode ultrapassar os 700%, o que também não é nada animadora, porque não tem economia que resista em pé com níveis tão alarmantes do desgaste do poder de compra da população, que sente seu dinheiro sumir do seu bolso como rastilho de pólvora incendiado.
A terrível e massacrante situação vivida na Venezuela nada mais é que o retrato fiel e perfeito da exata e correta implementação dos princípios básicos do famigerado regime socialista/comunista, que normalmente tem sido aplaudido pela “inteligência” das esquerdas tupiniquins, que não se cansa de elogiar a forma modelar como aquele país vem sendo governado, muito embora nenhum socialista brasileiro queira se mudar e viver lá, para usufruir as “benesses” e as “maravilhas” proporcionadas aos venezuelanos, que estão fugindo do inferno e dos maus-tratos, quando podem e ainda têm condições de assim agir, para a salvação da própria pele.
É evidente que cada país tem suas peculiaridades, mas, como as eleições brasileiras estão se aproximando, convém que os partidos de esquerda, que defendem o regime socialista como forma de governo, tendo como princípio a igualdade social, mostrem para os brasileiros os resultados da gestão bolivariana da Venezuela, que antes do chavismo ser implantado o povo tinha dignidade e vivia como ser humano normal, usufruindo os ares dos direitos humanos e dos princípios democráticos, mas agora se fala em crise humanitária, miséria e verdadeiro inferno nos hospitais e também fora deles.
É preciso mostrar para os brasileiros a triste realidade da Venezuela, para que os eleitores tupiniquins possam fazer sua escolha para as liberdades e oportunidades individuais do Brasil ou para o verdadeiro inferno existente no socialismo bolivariano, onde o povo vem tendo tratamento desumano, sob o regime da miséria e da esculhambação, além de prevalecer a escassez generalizada e o governo é cada vez mais omisso e irresponsavelmente inexistente para cuidar das chagas abertas pelo desgraçado e desumano regime por ele imposto à população.
O pior de tudo isso é que o povo, por sua ingenuidade e infantilidade convalidou, pelo voto, os próprios infortúnio e sofrimento, conforme mostram as reportagens como esta do Estadão, que prestam expressiva contribuição não somente aos brasileiros, mas em especial à humanidade, que precisam conhecer as mazelas, maldades e atrocidades patrocinadas por desgoverno tirano, cruel, truculento, de extrema desumanidade, por nada fazer para, pelo menos, minimizar o sofrimento do povo, causado pela falta de alimentos e medicamentos.
Custa acreditar que, na Venezuela, em completo estado falimentar, conforme denuncia a corajosa e importante reportagem do Estadão, ainda existe gente completamente desmiolada e insensata para anunciar que o presidente será candidato à reeleição, no próximo ano, em clara demonstração de insanidade e, em especial, insensibilidade para a real situação de calamidade pública por que passa a nação, totalmente sem governo, diante do caos reinante no país, que até passou a dar calote aos credores, como o Brasil, que deixou de receber o pagamento referente à garantia de financiamento, o que vai contribuir para dificultar ainda mais as importações de alimentos e remédios.
Infelizmente, mesmo que isso seja paradoxo, o que está acontecendo de tão grave na Venezuela serve de importante e especial exemplo de alerta para os brasileiros, que não devem acreditar nas promessas “miraculosos” socialistas e muito menos apoiá-las, que apenas propiciam benesses para as lideranças e miséria para o povo, a exemplo do desastre e da crise humanitária - já reconhecida por organismo internacional -, que se abatem sobre os venezuelanos, que sentem na pele o sumiço de alimentos e gêneros de primeira necessidade e de medicamentos essenciais à vida, mas certamente o horror jamais atingirá a classe dominante, o topo do poder, que continua tendo o bom e o melhor, porque é exatamente assim o regime socialista: o povo que se exploda! Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 8 de dezembro de 2017

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