O maior político brasileiro disse que o juiz
federal responsável pela Operação Lava-Jato, o Ministério Público Federal e a
Polícia Federal mentem e são "dignos
de pena".
Diante
de cartazes com protestos contra eventual prisão dele, o petista declarou que percebe
que as pessoas estavam sentindo "um
pouco de dó" dele.
Em
seguida, ele disse: "Olha, comecem a
ter dó do Moro, comecem a ter dó do Ministério Público Federal e comecem a ter
dó da Polícia Federal. Eu quero saber
como é que eles vão viver e passar para a história a mentira que eles
inventaram".
O
político participou de debate sobre educação, ciência e tecnologia promovido
pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo), na companhia de outros importantes petistas.
Na
ocasião, ele disse que não precisa provar sua inocência, porque "Eles que me acusaram, eles que provem minha
culpa. Eles têm até o dia 24 de janeiro para provar minha culpa. Têm que
mostrar um documento que o apartamento é meu".
Ainda
no citado evento, o político atribuiu mentiras à imprensa, ao afirmou que "A imprensa conta uma mentira. A Polícia
Federal pega essa mentira e faz um inquérito. O inquérito é mentiroso. Aí vai
pro Ministério Público, pega o inquérito mentiroso e faz uma denúncia mentirosa".
O
discurso do petista precisou ser interrompido por várias vezes, em razão dos
aplausos, por meio de palmas e gritos de apoio às palavras proferidas por ele,
que está convencido de que o juiz federal de Curitiba poderia rejeitar as
denúncias, mas não o fez, porque "Ele
reconhece que o apartamento não é meu".
O
Tribunal Federal Regional da 4ª Região marcou, para o dia 24 de janeiro
vindouro, o julgamento do político, com relação ao caso do tríplex, onde ele
foi condenado à prisão, por nove anos e seis meses, sob o enquadramento nos
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em razão dos benefícios
recebidos da empreiteira OAS, em troca de influência política.
Depois
da referida decisão, o político afirmou que lutará "até as últimas consequências" para voltar ao Palácio do
Planalto e que, "sendo candidato ou
não, eles vão ter que nos engolir em 2018".
O
tribunal de segunda instância, que fica em Porto Alegre (RS), é responsável por
confirmar, alterar ou reverter a aludida sentença proferida pela primeira
instância.
Se
a condenação for ratificada pelo tribunal de apelação, o político será
enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que implica a impossibilidade de ele disputar
as eleições presidenciais, embora já se vislumbra a cogitação de múltiplos
recursos, com vistas a se permitir que a sua candidatura não sofra solução de
continuidade.
Outra
possibilidade palpável, diante das circunstâncias, é a imediata prisão do
político, eis que podem ser esgotadas as chances de recurso, em liberdade, contra
eventual decisão desfavorável da corte de apelação.
A
defesa do político estranhou a celeridade na tramitação da ação em causa, tendo
afirmado que agora também é preciso debater o caso "sob a perspectiva da violação da isonomia de tratamento, que é uma
garantia fundamental de qualquer cidadão. Esperamos que a explicação para essa tramitação recorde seja a
facilidade de constatar a nulidade do processo e a inocência de Lula".
Não
obstante, o próprio interessado disse que não podia "reclamar de pressa", porque sempre criticou a lentidão da
Justiça, embora isso não passe da boca para fora, porque a presidente do PT
afirmou que o político teria cobrado tratamento isonômico do Judiciário.
Quanto
ao mérito, a defesa nega, de forma veemente, que o político tenha cometido
crimes.
Ainda
bem que esse imbróglio do tríplex se encaminha rapidamente para desfecho, com o
possível pronunciamento do tribunal de apelação, caso um dos desembargadores
não peça vista dos autos, o que empurraria a decisão para mais distante e isso é
tudo que a sociedade não aceita mais, diante da extrema necessidade de se saber
se o petista mente, ao afirmar que é o mais inocente dos mortais.
Na
tentativa de se passar por o suprassumo da pureza moral, o petista incita a
militância petista a ter dó dos integrantes da Lava-Jato, porque eles são
mentirosos e dignos de pena, por terem concluído pela culpabilidade dele,
somente porque não foi possível provar que o apartamento em questão não está
registrado em nome dele, quando não é preciso que o imóvel esteja em nome de
alguém para se provar a culpa pela prática de crimes, eis que existe a figura jurídica
de ocultação de patrimônio.
Isso
significa exatamente forma obtusa de não mostrar a existência de bens
adquiridos por meios escusos, que não podem parecer que eles são seus, de direito,
mas os são de fato, que pode ser o caso em comento, ante as evidências levantadas
pelas investigações, à vista das delações, das testemunhas, das planilhas, dos
demonstrativos, e das demais provas juridicamente válidas, inclusive da
declaração explícita do ex-proprietário da OAS, que disse que o tríplex sempre pertenceu
ao petista, não deixando dúvida quanto à propriedade do imóvel.
Diante
disso, parece não passar de ingenuidade que o petista exija a apresentação de um
documento provando que o tríplex é dele, porque existem montanhas de provas de
que as reformas realizadas no imóvel têm as características das exigências dele
e da sua família, não deixando a menor dúvida de que o dono do imóvel tem muito
bom gosto e somente o seu poder e a sua influência seriam capazes de convencer
o então dono da OAS a gastar tanto dinheiro, desviado de contratos com a Petrobras,
para a efetivação de requintadas reformas.
Como
não precisa provar a sua inocência, se o acusado de ter recebido benefícios por
meio de propinas é o petista, que não conseguiu contestar os fatos objeto da
denúncia, tendo sido, por causa disso, condenado à prisão, dando a entender, ao
contrário, que ele é vítima e os culpados pelas irregularidades apontadas são
os integrantes da Operação Lava-Jato, em total demonstração de inversão dos
fatos, por que na tentativa de iludir aqueles que ainda acreditam nessa farsa,
que não se sustenta diante das evidências?
A
sociedade anseia por que o processo referente ao questionado tríplex seja
julgado e o seu resultado reflita exatamente a realidade sobre os fatos
levantados pela Operação Lava-Jato, que tem sido exemplo de imparcialidade,
seriedade, competência e eficiência, mostrando que a corrupção precisa ser
atacada pela raiz, não importando a relevância dos envolvidos, e a impunidade
dos criminosos de colarinho branco seja exterminada para sempre, como forma da consecução
da tão sonhada moralização da administração do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de dezembro de 2017
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