sábado, 9 de dezembro de 2017

Altíssimo risco

O presidente da Venezuela anunciou a criação do "Petro", uma moeda virtual apoiada na riqueza petroleira do país, tendo por finalidade o que ele chamou de enfrentamento ao "bloqueio financeiro" imposto pelos Estados Unidos da América às tirânicas trapalhadas protagonizadas pelo governo daquele país.
O mandatário bolivariano disse que "Quero anunciar que a Venezuela vai implementar um novo sistema de criptomoeda a partir das reservas de petróleo. A Venezuela vai criar uma criptomoeda, o Petro, para avançar em termos de soberania monetária, para fazer suas transações financeiras e vencer o bloqueio financeiro".
Na opinião dele, além do petróleo, a nova moeda estará vinculada à riqueza de gás e à existência de ouro e diamante, tendo afirmado que "Isto vai nos permitir avançar em direção a novas formas de financiamento internacional para o desenvolvimento econômico e social do país".
O referido anúncio é feito em tenebroso momento em que a Venezuela enfrenta sérios problemas de financiamento, mais precisamente depois que grupo de detentores de bônus e agências de classificação de risco declarou o país em default parcial, junto com sua petroleira PDVSA, devido ao atraso em pagamentos de capital e juros de títulos da dívida.
O presidente venezuelano, não reconhecendo a sua incompetência, pelos descomunais descontroles, entre outros, das políticas econômicas, atribui as graves dificuldades do país às sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos àquele país, em agosto passado, tendo por base a proibição de cidadãos e empresas venezuelanos negociarem novas dívidas emitidas pelo governo e pela PDVSA.
Em meio à grave crise que se abate sobre o país, diante da violenta queda dos preços e da produção de petróleo, a moeda venezuelana, o bolívar, sofreu gigantesca desvalorização de 95,5% ante o "dólar negro" no último ano, tendo como brutal consequência o sumiço de recursos para satisfazer as carências econômicas do país, fato que compromete, de forma preocupante, a situação socioeconômica da nação.
          É inacreditável como o presidente ditador ignora que os não venezuelanos sejam diferentes, ao imaginar que eles também são idiotas, ingênuos e alienados, que vão acreditar piamente na validade e credibilidade de moeda virtual, quando a origem e o próprio nome já suscitam enorme desconfiança e incerteza.
Não há dúvida de           que a desconfiança gera incerta e a tal criptomoeda já possa nascer com a cara de quem a prematuridade prenuncia o insucesso e simplesmente esteja fadada ao estrondoso fracasso, exatamente porque o governo não tem a mínima credibilidade, depois que arrasou as estruturas do país, com destaque para as finanças públicas, que estão submetidas à gestão temerária e caótica, passando por extrema escassez de recursos e não apresentam mínimas condições de recuperação, pelo menos a médio prazo.
Ninguém melhor do que a população para confirmar tal assertiva, que atravessa os piores infernos na luta pela sobrevivência, diante da grave crise de desabastecimento de alimentos e remédios, bastante afetada pela aguda escassez de recursos, que dificilmente será conseguido com a criação dessa fantasiosa moeda, ante a falta de lastro para a garantia dos investidores, que precisam avaliar o sério risco em investimento prematuro, sem lastro, de retorno incerto e sem a mínima garantia.
O simples fato de a Venezuela ter deixado de pagar seus credores, exatamente em razão da sua falência econômico-financeira, parece fácil se intuir sobre as gigantescas dificuldades para o aparecimento de corajosos investidores naquele país, diante do altíssimo risco oferecido pela insegurança quanto à garantia do capital aplicado, principalmente sobre a modalidade de moeda virtual, que tende ainda a aumentar a desconfiança de retorno dos investimentos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 9 de dezembro de 2017

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