O
presidente da Venezuela anunciou a criação do "Petro", uma moeda
virtual apoiada na riqueza petroleira do país, tendo por finalidade o que ele
chamou de enfrentamento ao "bloqueio
financeiro" imposto pelos Estados Unidos da América às tirânicas
trapalhadas protagonizadas pelo governo daquele país.
O
mandatário bolivariano disse que "Quero
anunciar que a Venezuela vai implementar um novo sistema de criptomoeda a
partir das reservas de petróleo. A Venezuela vai criar uma criptomoeda, o
Petro, para avançar em termos de soberania monetária, para fazer suas
transações financeiras e vencer o bloqueio financeiro".
Na
opinião dele, além do petróleo, a nova moeda estará vinculada à riqueza de gás
e à existência de ouro e diamante, tendo afirmado que "Isto vai nos permitir avançar em direção a novas
formas de financiamento internacional para o desenvolvimento econômico e social
do país".
O
referido anúncio é feito em tenebroso momento em que a Venezuela enfrenta
sérios problemas de financiamento, mais precisamente depois que grupo de
detentores de bônus e agências de classificação de risco declarou o país em default parcial, junto com sua
petroleira PDVSA, devido ao atraso em pagamentos de capital e juros de títulos
da dívida.
O
presidente venezuelano, não reconhecendo a sua incompetência, pelos descomunais
descontroles, entre outros, das políticas econômicas, atribui as graves dificuldades
do país às sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos àquele país, em
agosto passado, tendo por base a proibição de cidadãos e empresas venezuelanos negociarem
novas dívidas emitidas pelo governo e pela PDVSA.
Em
meio à grave crise que se abate sobre o país, diante da violenta queda dos
preços e da produção de petróleo, a moeda venezuelana, o bolívar, sofreu gigantesca
desvalorização de 95,5% ante o "dólar
negro" no último ano, tendo como brutal consequência o sumiço de
recursos para satisfazer as carências econômicas do país, fato que compromete,
de forma preocupante, a situação socioeconômica da nação.
É
inacreditável como o presidente ditador ignora que os não venezuelanos sejam
diferentes, ao imaginar que eles também são idiotas, ingênuos e alienados, que
vão acreditar piamente na validade e credibilidade de moeda virtual, quando a origem
e o próprio nome já suscitam enorme desconfiança e incerteza.
Não
há dúvida de que a desconfiança gera
incerta e a tal criptomoeda já possa nascer com a cara de quem a prematuridade
prenuncia o insucesso e simplesmente esteja fadada ao estrondoso fracasso,
exatamente porque o governo não tem a mínima credibilidade, depois que arrasou
as estruturas do país, com destaque para as finanças públicas, que estão submetidas
à gestão temerária e caótica, passando por extrema escassez de recursos e não
apresentam mínimas condições de recuperação, pelo menos a médio prazo.
Ninguém
melhor do que a população para confirmar tal assertiva, que atravessa os piores
infernos na luta pela sobrevivência, diante da grave crise de desabastecimento
de alimentos e remédios, bastante afetada pela aguda escassez de recursos, que
dificilmente será conseguido com a criação dessa fantasiosa moeda, ante a falta
de lastro para a garantia dos investidores, que precisam avaliar o sério risco
em investimento prematuro, sem lastro, de retorno incerto e sem a mínima
garantia.
O
simples fato de a Venezuela ter deixado de pagar seus credores, exatamente em
razão da sua falência econômico-financeira, parece fácil se intuir sobre as
gigantescas dificuldades para o aparecimento de corajosos investidores naquele
país, diante do altíssimo risco oferecido pela insegurança quanto à garantia do
capital aplicado, principalmente sobre a modalidade de moeda virtual, que tende
ainda a aumentar a desconfiança de retorno dos investimentos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 9 de dezembro de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário