quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Honra ao mérito e à efetividade

O juiz responsável pela Operação Lava-Jato, em Curitiba, esteve presente, pelo segundo ano consecutivo, na solenidade de premiação “Brasileiros do Ano”, patrocinada pela revista IstoÉ, realizada em São Paulo.
Desta feita, o magistrado compareceu ao evento por sido eleito “Brasileiro do Ano 2017”, graças à sua obra na liderança da aludida operação.
O juiz, que foi ovacionado pela plateia, iniciou seu discurso agradecendo a sua esposa, nestes termos: “Desde 1992, meu trabalho não foi muito fácil, tive grandes casos envolvendo criminosos, traficantes e sempre pude contar com a minha esposa, por isso faço um agradecimento a ela, Rosângela Wolff Moro”.
Ele destacou a relevância do trabalho em conjunto com a Polícia Federal e demais integrantes da Lava-Jato, dizendo que “Meu trabalho não é um trabalho individual, é um trabalho em conjunto com a PF e com órgãos que estão diretamente envolvidos. Mais que os números, a Lava-Jato possibilitou acreditar na Justiça, que executivos e políticos incondenáveis podem ir para prisão. Esses casos nos dão esperanças”.
O juiz ressaltou a importância na escolha dos votos nas eleições do próximo ano, dessa forma: “Em 2018, devemos rever em quem vamos votar. Isso será um ponto decisivo na mudança do nosso país”.
O magistrado acenou para a necessidade de medidas com vistas ao efetivo fim à corrupção sistêmica no Brasil, tendo defendido que condenados em segunda instância precisam ser presos, ressaltando: “Mas eu diria que mais que uma questão de justiça, é questão de política de Estado. Eu queria dizer para o presidente Temer utilizar o seu poder para influenciar que esse precedente jurídico não seja alterado”.
O juiz reforçou a premência da extinção do foro privilegiado de políticos e juízes, por haver regalias indevidas para pessoas poderosas, conquanto “Todas as pessoas devem ser tratadas perante a lei. Não se justifica o privilégio, não quero isso para mim”.
A revista IstoÉ apresentou síntese da atuação do juiz à frente da 13ª Vara Federal, em Curitiba (PR), tendo afirmado que “Moro ganhou destaque no Brasil ao comandar a Operação Lava-Jato, a maior investigação de corrupção do país. Em 2017, o magistrado foi responsável pelas prisões do ex-governador Sergio Cabral, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha e os ex-ministros do PT José Dirceu e Antonio Palocci. Em julho deste ano, foi responsável por uma das sentenças de maior repercussão do Brasil: a do ex-presidente Lula, que foi condenado a nove anos e meio de prisão. O juiz já condenou 114 pessoas, sobretudo políticos importantes, ex-diretores da Petrobras e os mais conhecidos empreiteiros brasileiros, sentenciados a penas que somam mais de 2000 anos de cadeia.”.
O prêmio de "Brasileiro do Ano", concedido pela conceituada revista IstoÉ, ao juiz responsável pela Operação Lava-Jato apenas sacramenta a grandeza de seu trabalho, que tem a marca da integridade, dignidade, do espírito público e do amor ao Brasil, ressaltada com extrema competência e eficiência, própria dos homens públicos que fazem jus que seu legado seja perpetuado em registro nos anais da história brasileira, com a marca indelével dos grandes brasileiros que souberam valorizar as atribuições a eles confiadas, por força do seu ofício.
Trata-se de magistrado que conseguiu mostrar ao Brasil e ao mundo os verdadeiros sentido e significado da missão institucional do Poder Judiciário, que passou a ser vista sob dois importantes prismas: o antes da Operação Lava-Jato, que era conhecido como o poder inoperante, omisso e cúmplice com a impunidade, e o depois dessa operação, com o dinamismo, a coragem, o ímpeto do dinamismo próprio de quem conseguiu simplesmente revolucionar esse poder, que passou a ser valorizado e respeitado e impor as suas força e autoridade quanto à eficácia de dezenas ou centena de julgamentos de criminosos da maior relevância dos mundos político, empresarial e da nata dos brasileiros, que jamais tinham sido incomodados com tanto vigor pela Justiça.
Eles sempre acreditavam que as demandas na via judicial não prosperavam e seriam fadadas ao arquivo, diante da poderosa influência desses marginais de colarinho branco, que tinham o domínio e o controle de tudo sob seus pés para manobrar com invulgar competência nos bastidores dos órgãos responsáveis pelas investigações e pelos julgamentos, cujos resultados, tutelados pelo suborno das propinas, sempre os beneficiavam.
O homem do ano de 2017 faz jus sim ao merecido título, por seu trabalho mais do que exemplar, por mostrar que o servidor público competente dispõe de instrumentos capazes de revolucionar o trabalho a ele confiado, em nome do Estado, basta ter a têmpera da coragem, boa vontade, inteligência e acima de tudo disposição para o convencimento, por meio de exemplos edificantes, das pessoas para liderar a transformação do Brasil, dominado pela corrupção sistêmica, em país que precisa e pode ser mudado.
Cabe aos brasileiros a conscientização, sob a ótica do seu dever cívico e patriótico, de que cada um tem obrigação de empunhar a bandeira verde-amarela e cerrar fila em prol da moralização da administração pública, que foi completamente destruída pela ganância de homens públicos inescrupulosos e de mentes apodrecidas pela ideologia populista e caudilhista, em prol de causas pessoais e partidárias, em evidente detrimento dos reais interesses nacionais e dos brasileiros, a exemplo dos escândalos que implodiram as finanças da Petrobras, sob o comando de quadrilhas organizadas dentro da própria administração pública, conforme mostram as investigações recheadas da materialização das provas da indignidade humana.
O título de “Brasileiro do Ano”, conferido com mérito ao juiz símbolo de coragem, firmeza de atitude, competência e eficiência, tem o condão de servir de modelo não somente para o Poder Judiciário - antes bastante criticado por sua pouca efetividade -, mas para os servidores públicos e os brasileiros honrados e dignos, pelo reconhecimento de trabalho profícuo e benéfico aos essenciais princípios da moralização da administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 7 de dezembro de 2017

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