Em se imaginando que o principal político possa superar
os enormes obstáculos judiciais, a possibilitar a sua candidatura ao Palácio do
Planalto, ele dificilmente terá, se eleito, condições de repetir o que fez na
sua gestão de oito anos atrás, porque certamente o cenário é completamente diferente,
quando os ambientes político e econômico facilitaram o desempenho de seu
governo e contribuíram para que, ao final, ele conseguisse passar para a
história com absoluta aprovação social.
Os tempos mudaram e a história cuidou de criar
novos obstáculos que certamente dificultarão o cumprimento das mesmas promessas
daquela época, que foram implementadas com a ajuda das condições que agora são
outras totalmente diferentes.
A começar, o político não poderá contar com quatro importantes
fatores que contribuíram para o êxito de seu primeiro mandato, a saber, conforme
destaca a imprensa: “o efeito retardado
das reformas do governo tucano, cujos ganhos de produtividade permitiram a
ampliação do potencial de crescimento da economia; a bonança decorrente da
emergência da China, como potência econômica, que a transformou no maior
parceiro comercial do Brasil; o ciclo favorável de preços das commodities,
que gerou ganhos de comércio para o Brasil, equivalentes a expressivo ganho de
produtividade; e o recrutamento de nomes de prestígio para a equipe
ministerial, além de conhecidos talentos para servir em várias posições da área
econômica.”.
Ao assumir o governo, o novo presidente precisa
atentar para o estágio da economia, que passa por lenta recuperação e qualquer
medida precipitada e brusca poderá fazer desandar os ajustes fiscal e econômico
realizados pelo atual governo, que conseguiu reverte a grave recessão, o
crescimento do desemprego, a diminuição drástica da inflação e dos juros, além
de ter conseguido a retomada da produção e do consumo, embora muito ainda seja necessário
para restaurar o ambiente do início do governo petista, em 2003, que tinha amplas
possibilidades de propiciar gerador do espaço para a expansão de gastos sociais,
a exemplo da generosidade com os programas assistenciais, que se tornaram modelo
seguido pelos governos petistas.
No momento, o político imagina que precisa se
reinventar e voltar aos tempos do radicalismo político, já tendo prometido, se
eleito, a realização de plebiscito para a revogação da reforma trabalhista, do
teto de gastos públicos e da reforma da Previdência, se ela for aprovada.
É evidente que a mudança de pensamento pode
assustar os mercados, que eles já se adaptaram às políticas do atual presidente,
à vista dos ganhos oferecidos pela Balsa de Valores, em 2017, que ascenderam a
26% e foram os melhores investimentos do ano.
Outro aspecto importante é que a piora do ambiente
político poderá provocar consequências desastrosas para os mercados, como fuga
de capitais, alta do dólar, elevação dos juros futuros e fortes pressões
inflacionárias, o que seria verdadeiro desastre, no início de governo que não
pode falhar, quanto mais na estreia.
Com vistas a se evitar alvoroço nos mercados, o
político poderia reinventar algo como a Carta ao Povo Brasileiro de 2002, embora
o ambiente é diferente e dificilmente suas intenções poderiam ter credibilidade
para conquistar o apoio empresarial e dos mercados.
Alguns especialistas entendem que o político até poderia
reverter parte da desconfiança, mas nada comparável ao que ocorreu de positivo nos
idos do seu primeiro mandato, quando as condições eram outras e visivelmente
favoráveis à implementação de promessas políticas.
Por seu turno, cientistas políticos entendem que a
confiança no novo governo do petista somente seria possível se ele se comprometesse
com a manutenção das reformas e ajustes do atual presidente e com o aprofundamento
das mudanças estruturais, numa linha voltada para o liberal, que parece que ele
não está nada disposto a topá-la, porque o seu eleitorado só pensa na
radicalização e não na satisfação do interesse nacional.
Certamente que o político poderá, se for candidato,
cometer o crime de estelionato eleitoral semelhante ao praticado por sua
sucessora, quando, dando de esperta, adotou medidas opostas às prometidas
durante a campanha eleitoral, cujos reflexos foram as imediatas e rápidas perda
de popularidade e dificuldades para a condução do governo, que foi abreviado
com o seu impeachment.
O certo mesmo é que a insistência na revogação dos
ajustes e das reformas, em conjuminância com a ampliação dos gastos públicos para
facilitar a conquista do apoio social, como é da sua pragmática ideologia,
certamente seria a saída direta para o desastre político.
À toda evidência, o país poderá ser obrigado a enfrentar
grave crise caso o político, se eleito, resolver adotar como linha de governo o
programa mais de cunho liberal ou tentar a preservação do surrado populismo que
tem adotado recentemente, porque isso satisfaz o seu pensamento político de
conquistar o poder e dominar as classes política e social.
A
melhor coisa para o Brasil seria pensar em mudanças radicais, com a
possibilidade de haver reformas das estruturas do Estado, o que significa que
não tem nada a ver com a velharia política ultrapassada, que tem a mentalidade
voltada para apenas manejar seus sentimentos populistas de ser, sem qualquer
espírito de mudança do status quo,
porque é somente dessa forma que se pode satisfazer os objetivos pessoais e
partidários, em cenário que não tem vez para a modernidade e o aperfeiçoamento
das estruturas do Estado.
Por
certo, o Brasil não pode se submeter a tais sentimentos de estagnação e de
imobilismo, porque já houve perdas irreparáveis para a implementação das
prementes reformas, em que pese o dinamismo das atividades política e social, que
precisam passar por permanente processo de atualização, como forma de se
acompanhar a evolução da humanidade.
É
lamentável que os pré-candidatos que já despontaram para a corrida à Presidência
da República não acenaram senão para a reafirmação somente do seu pensamento
ideológico, não vislumbrando para a possibilidade da tão sonhada revolução a
ser promovida por meio de urgentes reformas modernizadoras do Estado, dando a
entender que a manutenção do status quo melhor
satisfaz seus projetos políticos de conquista do poder. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de dezembro de 2017
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